As cores de Ágatha Ruiz de la Prada
Em um dia em que o povo da moda só falou do minimalismo e sobriedade de Stella McCartney – além, é claro, da perda de Liz Taylor – eu sem querer fui parar no extremo oposto da discrição de Stella. Foi uma bobagem no trabalho que me fez fuçar coleções e mais coleções de cores e contrastes, mas eu acho que vale a pena compartilhar.
Ágatha Ruiz de la Prada é espanhola e não pertence à família de Miuccia Prada. Desde 1980 ela utiliza texturas, contrastes e formas para criar peças quase pueris de tão doces, mas sem grandes ingenuidades de rosinha bebê. O pueril, aqui, é sobre crianças geração Z.
Ela mistura explosões de vermelho com pink, vermelho com azul, laranja com verde, brinca com apliques e mistura o retrô com o futurista com a maior naturalidade. As criações são quase uma fotografia de filme do Almodóvar, só que com certa fofura.
Aliás, a semelhança do trabalho de Ágatha com os filmes de Pedro Almodóvar não é gratuita. Ambos vêm do movimento de contra-cultura Movida Madrileña, uma resposta dos jovens espanhóis ao franquismo e uma espécie de Punk espanhol, de acordo com o Time Out.
Mas as criações de Ágatha não param nas passarelas e araras de lojas. Ela também empresta suas cores para a cafeteira Nescafé Dolce Gusto, linhas de móveis, óculos, capacetes e para as fofas latinhas dos balms que levam o nome da artista.
Os balms não fazem milagre em lábios completamente ressecados e rachados (pra esses eu recomendo Bepantol na hora de dormir), mas protegem e dão uma cara de saúde naqueles dias de maquiagem básica. O namorado diz que tem gosto de sabão e a tampinha de vez em quando emperra e dá um trabalhão para abrir, mas a latinha é tão linda e colorida que eu continuo amando. Tem na Renner e custa R$19,90. Esses são os únicos produtos da Ágatha que eu já encontrei para vender no Brasil.