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A Solidão do Emo Preto: documentário evidencia o racismo no movimento

Tempo de leitura: 3 minutos

Para além da nostalgia e da autenticidade que a gente sempre remete ao emo, há questões pouco faladas dentro do movimento. O racismo é uma delas e virou tema de documentário. A Solidão do Emo Preto, com direção do cantor e produtor Vidaincerta, joga uma luz investigativa nas sombras de um movimento que se popularizou pelo estilo e estética particulares. Mas o que muitos não veem é um lado menos representado, especialmente marcado pelo racismo e pela exclusão.

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O rock como um todo, na realidade, também passou por um processo de embranquecimento desde a sua popularização, nos anos 1950. Ritmo nascido a partir das origens negras, virou commodity a partir do momento em que brancos se apoderaram dele. E isso aconteceu com seus movimentos culturais derivados. Esses subgêneros são tradicionalmente representados por indivíduos brancos, refletindo as dinâmicas de poder e exclusão que se manifestam em muitas áreas da sociedade.

E, com o emo, não foi diferente. A imagem mais comum que temos do estilo é de jovens brancos, com dinheiro para comprar roupas de marca e cabelos extremamente lisos.

Onde estão as vozes diversas do emo?

Este documentário procura quebrar essa monocromia ao trazer à tona as experiências de pessoas negras dentro desse universo musical, frequentemente invisíveis nos narrativas mainstream. Ao mostrar a participação de artistas negros da Baixada Santista na formação e evolução da cena emo, o ex-vocalista da banda Analisando Sara desafia o estereótipo e traz uma nova narrativa, enfatizando a diversidade que deveria ser celebrada na cultura emo.

“No rolê de pandemia, a gente acabou fazendo parte do início do revival que tava acontecendo. As festas online, que começaram a refletir em festas presenciais. E me incomodou muito esse revival não ser a pluralidade do que a gente é de verdade no rolê que sempre foi o emo”, conta o artista. 

Os relatos do filme destacam as dificuldades e preconceitos enfrentados por membros negros da comunidade emo, que, apesar de contribuírem para o desenvolvimento da cena, raramente recebem algum reconhecimento por isso.

Manifesto social

Este não é apenas um filme sobre música. A obra ajuda a entender como as intersecções de raça e cultura moldam as experiências individuais e coletivas dentro de espaços considerados alternativos.

Ao final do documentário, não restam apenas as lembranças da música e da moda características. Fica também um convite à reflexão sobre inclusão, representatividade e a verdadeira essência de movimentos culturais.

Até Lucas Silveira, da banda Fresno, recomendou a produção nas redes sociais.

A Solidão do Emo Preto está disponível no YouTube e conta com uma trilha sonora exclusiva que também está em todas as plataformas de áudio.

O álbum homônimo marca o retorno de Vidaincerta ao rock após alguns anos experimentando novas sonoridades.

O curta documental de 20 minutos conta com co-direção de Luiz Gustavo Negri, produção do coletivo TristezaMOB e recursos da Lei Paulo Gustavo via Secretaria de Cultura de Santos.

Assista ao curta A Solidão do Emo Preto

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