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VLT da Baixada Santista: obra promete conexão, mas não sai do papel

Sistema de transporte que integraria Santos, São Vicente, Guarujá e Praia Grande enfrenta atrasos, custos extras e busca por alternativas tecnológicas

Tempo de leitura: 5 minutos

A promessa de um sistema de transporte moderno e integrado que conectaria as principais cidades da Baixada Santista continua enfrentando obstáculos para se tornar realidade.

www.juicysantos.com.br - VLT da Baixada Santista Obra promete conectar as cidades da região mas tem dificuldades para sair do papel
Foto: Prefeitura de Santos/Francisco Arrais

O Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que já opera parcialmente em Santos, deveria ter sua segunda fase concluída ainda em 2023, mas os prazos seguem sendo adiados e os custos aumentando significativamente.

Atrasos custam caro para Santos

A nova linha do VLT santista, que ligará o Canal 3 ao Centro, acumula anos de atraso. O que deveria estar funcionando em 2023 agora tem previsão para dezembro de 2025, isso apenas se tudo correr como planejado. Em fevereiro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, chegou a prometer que o sistema estaria em operação em seis meses. Entretanto, até hoje, os santistas continuam sem este serviço.

Os problemas são diversos e interligados. Obras malfeitas exigiram refações constantes do asfalto, o que gerou insatisfação entre moradores e comerciantes. Além disso, a BR Mobilidade, responsável pelas obras, recebeu um investimento extra de R$ 395 milhões, anunciado em agosto de 2025. O valor será usado para finalizar a sinalização dos trilhos, um item que sequer havia sido planejado no projeto original.

Enquanto isso, a Prefeitura de Santos ainda executa ajustes de pavimentação e mudanças no trânsito. Paralelamente, os trens passam por testes noturnos para garantir segurança operacional. Mesmo assim, a licença ambiental da Cetesb, fundamental para o funcionamento, segue pendente porque a concessionária precisa entregar mais documentos.

Impacto direto na população

Os atrasos não afetam apenas o cronograma, mas também a vida cotidiana. No Centro de Santos, comerciantes relatam quedas expressivas nas vendas. Muitos clientes têm dificuldade de acesso, já que as obras reduziram as vagas de estacionamento. Como consequência, vários estabelecimentos fecharam as portas.

O trânsito também sofre. A região central enfrenta congestionamentos constantes, os ônibus circulam lotados e a mobilidade urbana se torna cada vez mais caótica. Além disso, a ausência de uma data definitiva para o início da operação do VLT alimenta a frustração da população.

Planos ambiciosos para integração regional

Apesar dos problemas, o VLT da Baixada Santista mantém objetivos ambiciosos. Os planos incluem a expansão da terceira linha em São Vicente, que está em fase de projeto.

Para o Guarujá, está prevista uma extensão que cruzará as faixas centrais do futuro túnel submerso. O trajeto seguirá até Vicente de Carvalho, com parada final na rodoviária da cidade. Caso se concretize, essa ligação representará um marco para a mobilidade regional.

Outro projeto é o de Praia Grande. O prefeito Alberto Mourão estima que a cidade contribuiria com 50 mil usuários diários, já que hoje depende de 16 linhas de ônibus municipais e intermunicipais. O percurso teria cerca de 25 quilômetros, indo da Ponte dos Barreiros, em São Vicente, até a divisa com Mongaguá.

Praia Grande explora alternativa tecnológica

Diante da demora, Praia Grande decidiu buscar outra saída. O município, com quase 400 mil habitantes e 69 mil passagens diárias no transporte público, estuda implantar o Aeromóvel.

Esse sistema funcionaria em uma via elevada exclusiva, a cerca de cinco metros de altura, sustentada por pilares de concreto. A propulsão ocorreria por ar comprimido, o que garantiria menor custo de implantação e operação mais sustentável em comparação ao VLT tradicional.

O traçado sugerido partiria do Terminal Tude Bastos e seguiria até o Terminal Tatico, no Bairro Mirim, com possível extensão até Mongaguá. O caminho margearia a Via Expressa Sul e se conectaria à Rodovia Padre Manoel da Nóbrega.

Segundo o prefeito Alberto Mourão:

“Praia Grande não vai desistir. Seguiremos trabalhando em busca dos nossos objetivos, neste caso, melhorar a mobilidade urbana.”

O futuro da mobilidade regional

O VLT da Baixada Santista representa muito mais que um novo modal de transporte. Trata-se de um projeto estruturante para uma região com mais de 1,7 milhão de habitantes. A integração entre as cidades poderia reduzir congestionamentos, melhorar a qualidade do ar e facilitar o acesso ao trabalho, à educação e ao lazer.

Entretanto, a execução tem se mostrado mais difícil que o planejamento. Entre obras malfeitas, custos crescentes, licenças pendentes e cronogramas frágeis, o projeto enfrenta problemas de gestão, fiscalização e coordenação entre diferentes esferas de governo. Não seria surpresa para ninguém ver um avanço nas obras somente em 2026, no período eleitoral.

Enquanto isso, a população da Baixada Santista continua dependendo de um transporte público sobrecarregado e de um trânsito cada vez mais congestionado. A dúvida que permanece é: quanto tempo ainda será necessário para que a promessa de um transporte moderno e integrado se torne realidade?

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