Uma final de Copa. Mas pode chamar de tributo ao futebol
Alguém apostou em algum bolão pelo mundo na final da Copa do Mundo da Rússia entre França e Croácia? Por mais que apareça alguém jurando de pés juntos dizendo que sim, essa pessoa será totalmente colocada em dúvida.
A presença da França na decisão era até algo possível. Afinal, a seleção integrava a lista das favoritas.
Já a Croácia, nem tanto. Poderia ser considerada uma das que até poderiam chegar nos mata-matas, mas sem chance de ir longe.
O bom deste confronto é que ele irá valorizar o bom futebol. São duas seleções que jogam e deixam jogar, embora o comportamento em uma final por vezes seja diferente e, assim, contradiga certos preceitos. Vide o encontro entre França e Bélgica na semifinal, uma decisão antecipada do Mundial pelo que ambas desempenharam.
Cansaço
Vale recordar que a Croácia chega mais cansada fisicamente. Enfrentou prorrogação em todas as fases posteriores a de grupos (oitavas, diante da Dinamarca, quartas, frente à Rússia, e semifinal, contra a Inglaterra). E ainda com direito a disputa de pênaltis nas duas primeiras. Já a França não precisou disso para bater Argentina, Uruguai e Bélgica.
Levando em conta estes ingredientes prévios, os franceses carregam o favoritismo, aliado à lembrança de uma data emblemática: as duas décadas de seu primeiro título mundial, no Stade de France, em sua casa, diante de um Brasil literalmente convulsionado pelo que aconteceu com Ronaldo Fenômeno horas antes do jogo. Naquela época, os croatas poderiam ter chegado à decisão. Pararam na semifinal – justamente para a França.
Erguer a taça para a Croácia não seria bom apenas para o novo país de 4 milhões de habitantes e menos de 30 anos de existência surgido da separação da Iugoslávia. A seleção mostra um estilo mais voltado para a técnica do que dedicado ao antijogo. Seria um componente para oxigenar o futebol e ampliar nossos próprios horizontes sobre o que é favoritismo.
*Ted Sartori é jornalista desde 2000 e trabalhou no jornal A Tribuna, de Santos. Escreveu o livro “‘100 anos da Vila Belmiro”, junto com Almir Rizzato. Também tem o blog Arquivos1000 e um canal do YouTube com o mesmo nome, assim como o Só Esportes. Os dois apresentam um registro incrível da TV brasileira e também das transmissões esportivas.