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Santos se destaca e coleciona medalhas no wrestling nacional

Mais que uma tradição milenar, o esporte carrega disciplina, técnica e superação

Tempo de leitura: 5 minutos

Enquanto o futebol e o vôlei dominam as manchetes esportivas, um esporte milenar vem conquistando espaço e resultados expressivos para Santos: o wrestling.

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Foto: Prefeitura de Santos

Pouco conhecido pelo grande público, a luta olímpica colocou a cidade no pódio das principais competições nacionais, com dezenas de medalhas apenas em 2025.

Tradição milenar, resultados modernos

O wrestling é uma das práticas esportivas mais antigas da humanidade. Ao lado da maratona, surgiu no período Micênico da Grécia Antiga, com registros de 2000 a.C. Estreou nos Jogos Olímpicos em 704 a.C. e continua presente até hoje, conectando o passado e o presente do esporte mundial.

Apesar de sua longa história e de ser popular em países como Cuba, Estados Unidos, Rússia, Irã e China, a modalidade ainda é pouco difundida no Brasil. No entanto, Santos está ajudando a mudar esse cenário.

Chuva de medalhas em 2025

A equipe Ades Equilibrium / Projeto Luta Baixada / Fupes tem sido a grande protagonista desse sucesso. Em julho, no Circuito Nacional Sul-Sudeste de Wrestling, realizado em Serra (ES), a delegação santista brilhou: foram 20 medalhas, sendo sete de ouro, nove de prata e quatro de bronze.

Com 31 atletas sob o comando do técnico Tharin Polheim Alves, a equipe fez sua maior participação em torneios nacionais.

“Eram mais de 300 atletas em um circuito de alto nível”, destacou o técnico, que também ressaltou o papel decisivo dos lutadores santistas para que São Paulo conquistasse o título geral da competição.

Os bons resultados continuaram. No Campeonato Sul-Americano de Wrestling, no Rio de Janeiro, Santos garantiu sete medalhas. A atleta Mayara Neper conquistou dois ouros nas categorias sub-17 e sub-20, representando a nova geração do wrestling santista. Ela disputou recentemente o Mundial Sub-17 em Atenas, na Grécia, ao lado da irmã Yasmin.

No Circuito Nacional Centro-Oeste, em Campo Grande (MS), a equipe voltou com três medalhas de ouro. Jhonathan Dechico Satiro, Maria Paula Dechico Satiro e Cauã Leonardo de Almeida C. Salles não apenas venceram suas lutas, como assumiram a liderança do ranking nacional em suas categorias.

Como funciona o wrestling olímpico

O wrestling é dividido em três estilos: livre masculino, greco-romano e feminino. No greco-romano, os atletas não podem atacar abaixo da cintura nem usar as pernas durante o combate.

O objetivo é imobilizar o adversário ou impedir sua reação. Os lutadores somam pontos com golpes, arremessos, quedas e reversões, quando retomam o controle da luta a partir de uma posição defensiva. As pontuações variam de 1 a 5, conforme a complexidade dos movimentos. Cada luta tem três rounds de dois minutos, com intervalos de trinta segundos.

Para preservar a integridade dos competidores, várias ações são proibidas: torcer braços, sufocar, golpear com joelhos, cotovelos ou cabeça, puxar cabelo ou pressionar a cabeça do oponente no chão. Golpes que ameacem o pescoço ou as costas também recebem penalidades.

Projeção internacional e calendário intenso

O wrestling santista também avança no cenário internacional. Mayara Neper e Calebe Correa Ferreira já disputaram campeonatos mundiais e se firmaram como dois dos principais nomes da equipe.

O calendário é extenso. Além dos circuitos regionais, os atletas participam do Campeonato Brasileiro em todas as categorias, do sub-15 ao sênior, dos Jogos Escolares do Estado de São Paulo (JEESP) e dos Jogos Abertos do Interior. Na categoria sênior, o Brasileiro garante vagas para o Pan-Americano nos Estados Unidos.

“Toda a equipe tem chances reais, e esperamos classificar pelo menos três atletas”, projeta o técnico Tharin, confiante no desempenho santista.

Wrestling brasileiro, uma história recente

O wrestling conquistou autonomia no Brasil apenas em 1988, com a criação da Confederação Brasileira de Lutas. Até então, a modalidade fazia parte da Confederação Brasileira de Pugilismo. Hoje, a Confederação Brasileira de Wrestling é a mais jovem entre as federações olímpicas de verão, com pouco mais de três décadas de existência.

A estreia brasileira nos Jogos Olímpicos também aconteceu em 1988, em Seul, com Floriano Spiess (greco-romano) e Roberto Leitão (livre). Leitão ainda representaria o país em Barcelona 1992, tornando-se o único atleta masculino nacional a disputar dois Jogos Olímpicos na modalidade.

Santos como referência nacional

Enquanto o wrestling busca mais visibilidade no Brasil, Santos já se consolida como uma das principais forças da modalidade. Com atletas no topo dos rankings nacionais, medalhistas sul-americanos e representantes em Mundiais, a cidade mostra que o talento e a dedicação dos santistas superam até as modalidades mais populares.

Os resultados de 2025 deixam claro: Santos é muito mais do que uma cidade de grandes times de futebol. É também uma potência em um dos esportes mais antigos e desafiadores da humanidade.

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