Quilombo do Jabaquara em Santos ganha revitalização à altura de sua história
Ressignificar espaços da cidade para contar histórias antes invisíveis é algo recente aqui em Santos. Depois da Travessa Anísio José da Costa ter seu nome alterado de um escravocrata para um sobrevivente da escravidão, no Centro Histórico, agora é a vez do Quilombo do Jabaquara receber as devidas homenagens.
Quem passar por ali a partir de agora vai reparar que o acesso ao antigo quilombo localizado na confluência entre as ruas Gastão Vidigal e Professor Celso da Cunha Alves está de cara nova.
Fotos: Francisco Arrais/PMS
Não foi só uma mudança de aparência. Arte urbana, paisagismo e destaque para personagens históricos agora convidam qualquer pessoa a pisar ali. Isso permite conhecer de perto mais uma página fundamental da memória santista.
A novidade faz parte do projeto Reviverde, entregue durante o Mês da Consciência Negra. A intenção é resgatar e fortalecer a história da população negra na cidade.
Vale dizer que esse local, por muito tempo, era ponto de descarte irregular de lixo e entulho. Agora, passa a ser referência de valorização da cultura quilombola. Assim, acolhe visitantes, moradores e estudantes que querem saber mais sobre esse período essencial da Baixada Santista.
Quilombo do Jabaquara: história viva em Santos
Muita gente só se dá conta da potência histórica do Quilombo do Jabaquara nessas datas comemorativas. No entanto, o território tem um passado de resistência que marcou não só a cidade, mas o movimento negro no Brasil inteiro.
Durante o século XIX, milhares de pessoas escravizadas fugidas encontraram naquele território um lar e um espaço de liberdade. De acordo com estudos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), estima-se que o quilombo chegou a reunir cerca de 10 mil pessoas em seu auge. Esse foi um dos principais polos abolicionistas do estado de São Paulo.
Não à toa, em 2022, a área do Jabaquara teve reconhecimento oficial como patrimônio histórico-cultural de Santos. Além disso, o fortalecimento das iniciativas de afroturismo por grupos locais vem ampliando, cada vez mais, o interesse em experiências que reflitam as narrativas históricas da população negra na cidade.
O que mudou nos arredores do quilombo
Levando a sério a ideia de colocar o bairro no mapa do passado, presente e futuro, a reforma do Reviverde trouxe novidades visíveis e simbólicas. Além da limpeza, o local ganhou calçada alargada e muro novo (pronto para receber grafite). Escadaria, corrimãos revitalizados, reforço na iluminação e muito verde: flores, paisagismo e mobiliário sustentável tomam conta do espaço.
O grande destaque fica para a arte urbana assinada pelo grafiteiro Carlos Roberto da Silva, o Catts.
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O mural presta homenagem a três líderes quilombolas: Quintino Lacerda (primeiro vereador negro de Santos e do Brasil), Anísio José da Costa (quilombola angolano e estivador) e Helena da Costa (filha de Anísio, falecida em 2025, referência da continuidade quilombola na cidade). O artista buscou conectar a arte diretamente às raízes africanas, inspirando-se em elementos tradicionais e, ao mesmo tempo, atualizando a paisagem urbana.
Outra sacada interessante é o QR Code instalado no local. Ao apontar o celular, qualquer pessoa pode acessar ali mesmo informações detalhadas sobre a história do Quilombo do Jabaquara, promovendo o resgate histórico de modo simples e acessível, principalmente para estudantes ou quem quer explorar mais sobre o tema.
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