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Quebra-Mar em Santos ganha observatório indígena

Este é um convite pra celebrar o encontro entre céus, terras e histórias e reconectar a cidade com suas origens

Tempo de leitura: 4 minutos

Já pensou em observar o céu a partir da perspectiva dos primeiros habitantes do Brasil à beira do mar de Santos? No domingo (23 de novembro), esse encontro entre céus, terras e histórias vai se tornar realidade com a inauguração do Observatório Indígena “Caminho do Céu”. 

O espaço marca o nascimento do Ponto de Cultura Indígena no tradicional cartão-postal santista. Mais do que uma instalação, o evento celebra saberes ancestrais com uma programação gratuita para quem quer mergulhar nesse universo.

A proposta é abrir um espaço de diálogo entre comunidades indígenas, população da Baixada Santista e qualquer pessoa interessada em conhecer melhor as culturas originárias e a relação desses povos com o meio ambiente.

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Observatório Caminho do Céu: o que é e como vai funcionar

O protagonista do evento é o Observatório Indígena Caminho do Céu, projeto idealizado pelo multiartista indígena Jandé Potyguara e pela produtora Estela Vajda. O projeto conta com o apoio do Instituto EcoFaxina.

Instalado no Quebra-mar com pedras vindas de diferentes regiões do Brasil, o espaço homenageia a forma como os povos indígenas liam o céu. Eles faziam isso para compreender os ciclos da natureza, identificar constelações e planejar atividades comunitárias.

Segundo Jandé, o observatório é uma espécie de “marcador do espaço-tempo”. É inspirado em pesquisas com lideranças indígenas e no resgate do passado ancestral da própria Santos, que já foi território de várias etnias.

Mais do que contemplar o céu, o Caminho do Céu será palco para encontros, debates, oficinas, manifestações artísticas e troca de saberes. Isto ocorrerá entre indígenas da região, convidados de outros estados e o público geral.

E não para por aí: a programação do dia de inauguração terá um mutirão ambiental, roda de conversa sobre culinária ancestral, apresentações de música, coral, dança e grafismo. Haverá também uma ação coletiva de plantio simbólico. Tudo isso pensando na integração entre cultura, identidade e natureza.

Programação

Se você se animou com a novidade, anote aí: o evento no domingo (23 de novembro) começa cedinho, às 9 horas. Haverá um mutirão de limpeza de praia coordenado pelo Instituto EcoFaxina e com participação de indígenas e voluntários.

A partir das 12h30, rola a roda de conversa “Sabores e Saberes Indígenas”, onde diferentes lideranças compartilham histórias, práticas e receitas que conectam o passado ao nosso cotidiano.

Durante a tarde, o palco é da cultura: manifestações artísticas reúnem coral da aldeia Paranapuã, música, dança contemporânea, grafismo e participação de representantes das aldeias Paranapuã, Tabaçu, Tapirema e Piaçaguera. O encerramento traz distribuição de mudas nativas junto com dicas de plantio, reforçando a proposta de renovar o laço da cidade com a natureza.

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O saber indígena em pauta: cosmovisão e meio ambiente

Ponto de Cultura Indígena: você já ouviu falar? Essa iniciativa faz parte de uma rede nacional apoiada pelo Ministério da Cultura que fortalece, reconhece e dá visibilidade a manifestações culturais de grupos e coletivos de todo o Brasil, incluindo comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas.

Só no estado de São Paulo, dados de 2022 estimam quase 190 mil indígenas na população, com presença marcante na Baixada Santista. Muitos desses grupos buscam manter tradições vivas mesmo diante dos desafios urbanos, o que reforça a importância de espaços culturais que acolham essa diversidade.

Os observatórios astronômicos indígenas são conhecidos por integrar ciência, história oral e espiritualidade. Por séculos, povos originários enxergam nas constelações uma ferramenta prática. Isso é útil para o plantio, caça e orientação em trilhas. Ao mesmo tempo, são fonte de rituais e celebrações ligadas à terra e ao tempo.

Não é à toa que há um ressurgimento desse tipo de projeto em todo o país, valorizando o olhar indígena sobre a astronomia e promovendo a educação ambiental para o público urbano.

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