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Projeto monitora tartarugas marinhas no Porto de Santos

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A vida no estuário do Porto de Santos tem mais movimento do que apenas navios gigantes e cargas chegando de todos os cantos do mundo. Quem costuma circular pela região talvez nem imagine, mas entre Santos e Guarujá, tartarugas marinhas fazem do canal aquaviário um de seus endereços prediletos.

E, para entender melhor como elas interagem com o ambiente portuário, um programa vem monitorando a presença desses animais e ajudando a orientar a conservação dessas espécies na Baixada Santista.

www.juicysantos.com.br - Projeto monitora tartarugas marinhas no Porto de Santos

A iniciativa, tocada pela Autoridade Portuária de Santos (APS), já coleciona mais de uma década de dados sobre as tartarugas que vivem (e visitam) a área. Esse trabalho interessa não só para quem cuida do porto, mas também para quem se preocupa com a biodiversidade local e os desafios de manter a natureza em meio a tanta movimentação comercial.

Espécies entre navios e dragagens

Os quelônios, como são chamadas as tartarugas marinhas, são velhos conhecidos do litoral brasileiro. No entanto, apesar de serem símbolo de praias preservadas, também aparecem com frequência em ambientes urbanizados, como o Porto de Santos. De acordo com pesquisadores, o canal aquaviário funciona como um espaço de alimentação, descanso e até passagem entre diferentes pontos do litoral paulista. Só no Brasil, são cinco espécies de tartarugas marinhas que aparecem em nossos mares, e três delas (ou mais) já foram registradas na Baixada Santista.

Segundo especialistas do Projeto TAMAR, essas tartarugas enfrentam desafios como redes de pesca, poluição e mudanças climáticas. Monitorar seus hábitos e quantidade é fundamental para evitar quedas populacionais e proteger as espécies, algumas já ameaçadas de extinção. O acompanhamento realizado por programas como o da APS ajuda a direcionar ações de conservação e políticas ambientais.

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O que o monitoramento mostra até agora

No Porto de Santos, quem está à frente da coleta desses dados é uma equipe técnica da Autoridade Portuária. O Subprograma de Monitoramento de Quelônios existe há onze anos e atende a exigências ambientais do Ibama para as operações do porto.

O trabalho é prático. Uma vez por semana, biólogos percorrem de lancha seis pontos de monitoramento, do canal da Ilha Barnabé, em Santos, até a Ilha das Palmas, em Guarujá, anotando tudo que veem.

Entre 2021 e 2025, foram mais de 540 registros de tartarugas, principalmente da espécie Chelonia mydas, conhecida como tartaruga-verde. Só em 2025, a contagem bateu em 222 avistamentos.

Os pontos campeões de encontros são a Ponta da Praia (com 141 registros) e a Ilha das Palmas (47). Outras espécies, como a tartaruga-de-pente, também apareceram, embora menos frequentemente.

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O legal é que, além de contar tartarugas, o pessoal do monitoramento aproveita a saída para checar outros indicadores ambientais – como a transparência da água, acidez, temperatura e profundidade. Essas informações vão para o histórico do programa e ajudam a entender se as atividades portuárias estão interferindo ou não no bem-estar das tartarugas.

Como o programa funciona na prática

Conhecendo melhor os hábitos das tartarugas, fica mais fácil também criar maneiras de protegê-las. Uma das ações adotadas pela APS está relacionada à dragagem (a limpeza do fundo do canal), que usa defletores e correntes flexíveis para afastar as tartarugas da área de operação – uma estratégia para evitar acidentes. Outra medida é o controle rigoroso da ativação das bombas de sucção das dragas, para dar tempo das tartarugas reagirem e se afastarem.

O monitoramento das tartarugas não é uma ação isolada. Faz parte de um conjunto de mais de 20 iniciativas ambientais coordenadas pela autoridade portuária. O objetivo é acompanhar não só os quelônios, mas também a saúde de plâncton, macrofauna bentônica, aves e até espécies exóticas que conseguem aparecer por aqui trazidas em cascos de navio.

O futuro das tartarugas marinhas na região

Com cada registro feito, o Programa da APS monitora presença e apoia conservação de tartarugas marinhas no Porto de Santos e contribui para que esses animais continuem sendo parte do cotidiano do estuário, coexistindo com as operações que fazem da região um dos maiores polos logísticos do país. O esforço em coletar, analisar e compartilhar essas informações ajuda a preservar uma pontinha importante da biodiversidade local e mostra que é possível aliar desenvolvimento e meio ambiente.

O monitoramento semanal e as ações de proteção são mais um convite para observar a vida marinha do canal com outros olhos. Além disso, nos lembra que as tartarugas, discretas e resilientes, fazem parte da nossa paisagem velada, ali na fronteira entre porto e mar.