Porto adota sistema criado em hackathon do Parque Tecnológico de Santos
Solução criada em hackathon vai ganhar um piloto no maior porto da América Latina.
Quando o Porto de Santos, maior da América Latina, abraça uma inovação pensada e desenvolvida aqui na própria cidade, dá até um orgulho de ser daqui. O motivo dessa vez vem do Parque Tecnológico de Santos. Um sistema inteligente para monitoramento de resíduos sólidos, criado durante um hackathon realizado no espaço, está prestes a ser testado em solo portuário.
Essa novidade pode mostrar o impacto real de soluções brasileiras – e made in Santos – para questões ambientais e logísticas.
O projeto tem nome: Vanguard. Ele combina câmeras e inteligência artificial para facilitar o trabalho de identificar, classificar e mapear resíduos, em tempo real, nos ambientes desafiadores e cheios de movimento do Porto.
E, olha só, a iniciativa ainda nasceu dentro de uma disputa criativa de tecnologia. Os hackathons estão cada vez mais presentes no ecossistema de inovação da região. E, agora, com projetos se tornando realidade.
Tecnologia e sustentabilidade portuária em pauta
Santos e sua relação com o porto vai muito além da economia. Questões ambientais também entram no debate – e com força. O Porto de Santos movimentou em 2023 mais de 160 milhões de toneladas em cargas, de acordo com a Autoridade Portuária de Santos. Claro, tudo isso gera também muito resíduo. Segundo dados da Organização Marítima Internacional, portos estão entre as áreas de maior desafio para gestão de resíduos sólidos, por conta do ritmo intenso de operações e do volume de materiais descartados diariamente.
Por isso, uma ajuda da tecnologia não é coisa de filme futurista, mas uma necessidade real e urgente.
A multiplicação de startups trabalhando com inteligência artificial voltada para questões ambientais está acontecendo. Fora dos grantes centros urbanos, cidades portuárias como Santos se destacam como espaços de testes e desenvolvimento dessas ideias.
Aliás, dados da Associação Brasileira de Startups mostram que, entre as áreas em ascensão por aqui, meio ambiente e logística aparecem no topo do ranking nacional, acompanhando a demanda de soluções sustentáveis para os portos.
Como funciona o sistema Vanguard no Porto de Santos
O Vanguard une dois universos quase inseparáveis hoje em dia: IA (inteligência artificial) e sustentabilidade. Por meio de câmeras posicionadas em pontos estratégicos, o sistema identifica diferentes tipos de resíduos, dos plásticos aos metais e materiais orgânicos, mesmo na correria e no vai-e-vem típico do porto. A tecnologia georreferencia cada item rastreado, alimentando um mapeamento de pontos críticos para que a resposta seja rápida, seja para limpeza emergencial ou para planejamento das equipes ambientais.
Esse projeto nasceu durante o ESG Challenge 2024, hackathon regional sediado no Parque Tecnológico de Santos. E foi desenvolvido pela equipe da Data Overseas. O próximo passo é integrar o sistema ao Sistema de Gestão Ambiental da Autoridade Portuária de Santos (APS), numa fase piloto para ajustar tudo em campo real. Só depois, caso funcione bem, pode até inspirar outros portos pelo Brasil.
O desenvolvimento contou ainda com uma bolsa de inovação no valor de R$ 36 mil e apoio de várias instituições, incluindo mentoria do Sebrae e período de incubação no próprio Parque. Quem apresentou as funcionalidades foi o professor Renato Marcio, um dos líderes da startup, mostrando como as maratonas tecnológicas podem gerar soluções com impacto concreto na rotina da cidade.
O Vanguard é também um exemplo prático do que programas de inovação aberta conseguem provocar em cidades onde o porto é parte central do cotidiano. Enquanto algumas ideias ficam no papel, outras atravessam a extensão dos galpões e pátios portuários para virar realidade. E o Parque Tecnológico de Santos vem se firmando como esse ponto de encontro entre poder público, empreendedores e desafios reais da Baixada Santista.
O sistema criado em evento do Parque Tecnológico de Santos será implantado no Porto já como uma resposta aos problemas de resíduos e como promessa de um cenário mais sustentável. Com iniciativas assim, a cidade reforça sua fama de polo de tecnologia e inovação, sem perder de vista as urgências ambientais e a necessidade de modernizar a logística do dia a dia. Se vai dar certo para além do piloto? Fica a expectativa. Mas já é um sinal de que boas ideias podem sair daqui e circular pelo mundo – literalmente, via porto.