Clique aqui e confira também nosso tema da semana

Pesquisadores confirmam nova espécie de raia-manta no litoral brasileiro

ONG sediada na Laje de Santos colaborou com a descoberta de uma nova espécie nos mares brasileiros

Tempo de leitura: 4 minutos

Novidades vindas do fundo do mar merecem destaque aqui. Pesquisadores da ONG Mantas do Brasil, que tem sede na Laje de Santos, participaram da confirmação da existência de uma terceira espécie de raia-manta no Brasil. E o litoral do estado de São Paulo, incluindo nossas praias, está no mapa desse achado.

Mas o que isso quer dizer?

www.juicysantos.com.br - Pesquisadores confirmam nova espécie de raia-manta no litoral brasileiro

Conhecer para preservar

As raias-manta sempre despertaram a atenção de pesquisadores e apaixonados pela vida marinha. Consideradas as maiores espécies de raia do planeta, podem chegar a até oito metros de envergadura.

Até pouco tempo atrás, só se reconheciam duas espécies de raias-manta no mundo: raiamanta-ocêanica (Mobula birostris) e raiamanta-recifal (Mobula alfredi). Mas agora o conhecimento avançou. E, graças ao trabalho de equipes brasileiras em conjunto com especialistas internacionais, confirmou-se uma terceira espécie, a Mobula yarae.

Esse registro ocorreu após análises genéticas e morfológicas de animais coletados em diferentes pontos do Atlântico Sul, incluindo áreas próximas ao nosso litoral.

Não é apenas por curiosidade científica que essas observações importam. A identificação de uma nova espécie tem impactos práticos: ela pode levar à revisão de políticas de conservação e proteger melhor esses animais, que muitas vezes estão ameaçados pela pesca predatória, poluição e pelo turismo desordenado. O litoral paulista, especialmente entre Santos, Guarujá e Ilha Bela, é um dos pontos mais visados por quem pratica mergulho de observação e isso pode ser ainda mais valorizado a partir desse achado.

Como foi a descoberta?

A pesquisa foi conduzida por um grupo de 15 cientistas de diferentes países, com amostras coletadas em Ilha Comprida (SP), Fernando de Noronha (PE),  Natal (RN), Quintana Roo (México) e Flórida (EUA).

“Observamos a presença desses espécimes em Fernando de Noronha. Com o início do programa Cidadão Cientista, recebemos fotografias de todo o Brasil. Notamos a ocorrência de um novo indivíduo, caracterizado por uma região ventral mais clara, com poucas manchas e menores em tamanho. Essa característica despertou nossa curiosidade”, afirma Paula Romano, coordenadora do Projeto Mantas do Brasil.

A partir das imagens recebidas por mergulhadores e colaboradores do Mantas do Brasil, uma rede de especialistas se mobilizou.

Nayara Bucair, pesquisadora pelo Instituto Oceanográfico da USP e responsável pelo estudo e catalogação, conduziu o processo de formalização científica da nova espécie.

“O Projeto Mantas do Brasil foi um grande colaborador deste trabalho. Eles se dedicam à coleta de dados e conservação da espécie muito antes de eu me envolver com esses animais, há cerca de 10 anos. Não teria sido possível sem o apoio deles”, afirma Nayara.

www.juicysantos.com.br - Pesquisadores confirmam nova espécie de raia-manta no litoral brasileiroFotos: divulgação/colaboradores de Mantas do Brasil

Uma terceira espécie nadando por aqui

Talvez você não saiba, mas ver raias-manta não é tão raro quanto parece em águas do sudeste brasileiro. E agora, com a confirmação da terceira espécie (provisoriamente batizada com nome científico, já que a comunidade científica ainda debate qual será o definitivo), os pesquisadores querem mapear qual delas aparece com mais frequência em pontos tradicionais do litoral paulista, como o Canal de Bertioga, o entorno do Parque Estadual da Ilha Anchieta e, mais recentemente, entre a Baía de Santos e a Laje de Santos, que já é um reduto conhecido para a prática do mergulho amador e profissional.

A principal diferença dessa terceira espécie, segundo os cientistas, está em características do formato do corpo, marcações na pele e, claro, no DNA, que só foi possível identificar com as tecnologias mais modernas.

Para quem gosta de observar ou mesmo fotografar a vida marinha, a recomendação é sempre respeitar a distância e prestar atenção a qualquer comportamento incomum, já que cada espécie pode ter reações próprias à presença de humanos e embarcações. O registro dessas espécies também serve para ampliar a base de dados que auxilia na proteção delas em nosso litoral.

Outro detalhe importante é que o aparecimento dessas raias pode estar relacionado a mudanças nas correntes marítimas, temperatura da água e abundância de alimento, como plânctons e pequenos peixes. Pesquisadores da Mantas do Brasil sugerem que moradores, pescadores e mergulhadores locais colaborem com fotos, vídeos e relatos, que podem ser enviados a projetos como o Mantas do Brasil. Assim, a Baixada Santista entra, literalmente, no radar das pesquisas globais sobre esses animais.

Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), todas as espécies de mobulídeos estão incluídas na Lista Vermelha de espécies ameaçadas.

Avatar
Texto por

Contato