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Pela primeira vez, tem mulheres na Estiva do OGMO/Santos

Depois de uma seleção rigorosa e 8 meses de treinamento, 13 mulheres rompem as barreiras e reforçam o time de trabalhadores avulsos do Porto de Santos na categoria Estiva.

Tempo de leitura: 5 minutos

Novos ventos sopram no Porto de Santos. E as mulheres, agora, começam a fazer parte das mudanças. Em junho de 2025, mais especificamente no dia 18, pela primeira vez 13 mulheres receberam diplomação como trabalhadoras avulsas da categoria Estiva do OGMO/Santos

Se você não entendeu o que isso quer dizer, a gente explica. 

www.juicysantos.com.br - trabalhadoras do ogmo primeira vez mulheres na estivaFoto: Divulgação/OGMO-Santos

Seleção rigorosa

Em 2025, 300 novos trabalhadores conquistaram o certificado da categoria Estiva do OGMO/Santos. Essa turma, que passou por 8 meses de seleção conduzida pelo IDCAP e formação do CENEP, agora reforça o time dos famosos “estivadores”. Eles são profissionais essenciais para o funcionamento do Porto de Santos. Vale lembrar: o porto é o principal motor econômico da região e o maior do Hemisfério Sul. 

Além de marcar a entrada dos novos profissionais, o evento também se tornou um marco da inclusão. Pela primeira vez, 13 mulheres podem atuar na função de trabalhadoras portuárias avulsas na Estiva.

Esse é um passo importante para a presença feminina em um segmento tradicionalmente masculino. E uma realidade que começa a mudar aqui na Baixada Santista. 

Nós falamos muito disso nas duas primeiras temporadas de Lendárias & Portuárias, o podcast que conecta gênero e porto. Pois é, ainda há muitos espaços para elas ocuparem. A estiva é só mais um deles. 

Por que os trabalhadores avulsos portuários são tão importantes?

O Porto de Santos é considerado o maior complexo portuário do Hemisfério Sul, e o trabalho avulso da Estiva está diretamente ligado à movimentação e carga e descarga de mercadorias. Segundo pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), publicada em 2023, o setor portuário responde por mais de 95% do comércio exterior brasileiro em volume.

O levantamento lembra que, nos portos públicos, cerca de 40% das operações são executadas por profissionais com contratação avulsa. Portanto, que não têm vínculo empregatício fixo, mas atuam conforme a demanda operacional. 

Esses dados servem para destacar a importância de processos seletivos criteriosos e a constante atualização na qualificação desses trabalhadores, já que eles estão na linha de frente da cadeia logística nacional.

A ampliação recente em vagas para a categoria Estiva em Santos reflete não apenas demandas do mercado, mas também o esforço por manter equipes capacitadas, que atendam às exigências de segurança e eficiência exigidas pelos maiores portos do mundo. E as mulheres fazem parte disso.

Como foi o processo seletivo para a Estiva no Porto de Santos

O caminho até a diplomação dos 300 novos trabalhadores foi exigente. Segundo informações do OGMO/Santos, o processo teve início há cerca de 8 meses e contou com mais de 6 mil inscritos. A cada etapa – prova objetiva, avaliação de títulos, testes físico e psicológico, além da comprovação documental e exame médico –, o funil afunilou até chegar a essa turma atual.

O curso preparatório final, a cargo do Centro de Excelência Portuária de Santos (CENEP), buscou preparar os candidatos para os desafios do cotidiano das operações de carga e descarga no cais.

Vale lembrar que todo o processo foi autorizado pela convenção coletiva entre o Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (SOPESP) e o Sindicato dos Estivadores de Santos, São Vicente, Guarujá e Cubatão (SINDESTIVA).

A renovação da mão de obra é uma necessidade em razão da alta rotatividade e da demanda crescente de exportação no Porto de Santos.

E contar com mulheres é mais uma evidência do movimento de adaptação do quadro da Estiva às exigências do setor portuário, tanto tecnológicas quanto relacionadas à segurança do trabalho.

Novas vagas e demandas futuras

Nos últimos três anos, o OGMO/Santos vem ampliando o quadro de categorias de trabalhadores avulsos. Em 2023, a diplomação foi voltada para Consertadores. Já em 2024, para a categoria Bloco. Agora, a expectativa da administração do órgão é a homologação de mais 200 novos profissionais para a Capatazia-Sindogeesp, prevista para agosto de 2025.

Esse panorama sinaliza que, apesar de o Porto de Santos contar com alta tecnologia, o fator humano segue fundamental para garantir que as operações continuem passando pelas mãos (e pela força) de trabalhadores que sabem o que estão fazendo. É também uma readequação à realidade do maior porto do Brasil, que permanece em ritmo acelerado de exportação e importação.

Para os moradores da Baixada Santista, acompanhar a diplomação dos novos trabalhadores da Estiva do OGMO/Santos significa observar de perto o fluxo de renovação e inclusão de quem faz o porto girar, movimentando a economia local – e o dia a dia das cidades que se conectam diretamente ao cais.