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Pedágio eletrônico: sistema free flow começa nas rodovias da Baixada Santista

O futuro, ao que parece, chegou — e custa R$ 6,95 por sentido

Tempo de leitura: 6 minutos

Adeus, filas intermináveis nas cancelas. Tchau, aquele estresse de ter que parar no pedágio justamente quando você está com pressa. 

Desde sábado (1º de novembro), o pedágio eletrônico chegou oficialmente à Baixada Santista. E a promessa é simples: você passa, uma câmera te vê, e pronto – a cobrança acontece automaticamente. 

Pois é, o sistema Siga Fácil promete substituir as tradicionais praças de pedágio por pórticos eletrônicos inteligentes.

Foto: Reprodução Concessionária Novo Litoral

A Concessionária Novo Litoral (CNL) assumiu a operação de três rodovias estratégicas da região: Mogi-Bertioga, Rio-Santos e Padre Manoel da Nóbrega. 

São 212 quilômetros sob concessão e um investimento previsto de R$ 4,3 bilhões ao longo do contrato. 

Sistema free flow

O pedágio free flow representa exatamente aquele conceito de “futuro chegou” que a gente costuma ver nos filmes há décadas. Nesse modelo, basta passar por baixo de um pórtico eletrônico para que câmeras e sensores identifiquem a placa do veículo e realizem automaticamente a cobrança.

Além disso, o pagamento pode ser feito em até 30 dias após a passagem, o que traz certa flexibilidade para o motorista. No entanto, passado esse prazo, a situação muda de figura: o condutor passa a ser considerado evasor de pedágio, conforme o Código de Trânsito. E aí a história já não é tão simpática assim.

Para evitar dores de cabeça, é possível consultar débitos e efetuar o pagamento de três maneiras: pelo site da concessionária, pelo aplicativo CNL Novo Litoral ou, ainda, nos totens disponíveis nas bases do Serviço de Atendimento ao Usuário (SAU).

Quanto vai doer no bolso?

Além disso, a cobrança de pedágio automático varia conforme o trecho, e acontece nos dois sentidos:

  • Mogi-Bertioga (trecho Bertioga): R$ 6,95 por sentido
  • Rio-Santos (área continental de Santos): R$ 5,80 por sentido
  • Padre Manoel da Nóbrega (trecho Miracatu): R$ 5,59 por sentido
  • Mogi-Bertioga (trecho Santos): R$ 5,80 por sentido

Ah, e tem dois pórticos na Padre Manoel da Nóbrega (km 389 e km 369) que são exclusivos para monitoramento. Esses não cobram nada – são apenas Big Brothers das rodovias te observando passar.

Pedágio gamificado

Tem até um sistema de recompensas para quem usa a tag eletrônica.

  • Tag eletrônica: 5% de desconto automático
  • Desconto de Usuário Frequente (DUF): A partir da 11ª passagem no mês com tag, você ganha 10% de desconto. A partir da 21ª passagem, o desconto sobe para 20%
  • Motociclistas: isentos de pagamento (finalmente uma boa notícia para quem enfrenta chuva na serra)

Os descontos não são cumulativos – o sistema sempre aplica o maior benefício disponível. Traduzindo: se você tem direito a 5% da tag e 20% do usuário frequente, vai ganhar os 20%, não 25%.

Quem não paga?

Aqui a coisa fica interessante. Algumas comunidades conseguiram isenção total e não é pouca coisa:

  • Moradores de Mogi das Cruzes: Não pagam quando os deslocamentos são dentro do próprio município. — o que faz sentido, ninguém merece pagar pedágio para ir ao mercado do bairro.
  • Moradores da área continental de Santos: Quem mora nos bairros Caruara, Iriri, Monte Cabrão e Cabuçu tem isenção ao passar pelo pórtico P4, nos dois sentidos. O cadastro foi feito pela prefeitura e já contempla cerca de 600 moradores.
  • Vale do Ribeira: Moradores de Itariri, Pedro de Toledo e Peruíbe também estão isentos. Porque deslocar-se pela própria região não deveria custar o olho da cara.

Pedágio inteligente ou só mais uma cobrança?

O governo de São Paulo vende o Siga Fácil como uma revolução. Segundo a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), o sistema busca eliminar filas e reduzir acidentes. E olha, não dá para negar: as estatísticas mostram que as antigas praças de pedágio eram pontos críticos de congestionamento e colisões traseiras.

A CNL promete que o pedágio inteligente não é só sobre cobrar dinheiro. São 89 km de duplicações previstas, 18 km de faixas adicionais, 90 km de marginais, 18 novas passarelas, 45 dispositivos de retorno, 73 km de ciclovias e 50 pontos de ônibus. 

Além disso, haverá monitoramento 100% por câmeras – porque privacidade é coisa do passado mesmo.

Serviços 24 horas

Uma das exigências do contrato são os serviços 24 horas nas rodovias. A CNL terá que manter UTIs móveis, remoção de veículos, inspeção viária, combate a incêndios e oito postos de atendimento ao usuário (SAU) espalhados pelos 212 quilômetros.

Pagamento

Você tem 30 dias de prazo para quitar o débito. As formas de pagamento variam conforme o canal:

  • Canais online (site ou app): Pix ou cartão de crédito.
  • SAU (presencial): Pix, cartão de crédito ou débito.
  • Tag eletrônica: O prazo e forma de pagamento seguem as regras da empresa que você contratou (ConectCar, Sem Parar, Veloe, etc).

A plataforma se integra com as principais operadoras de tag do mercado, então não precisa contratar nada novo se você já tem uma.

Vale a pena ter tag?

Matematicamente? Sim. Afinal, se você passa com frequência, os 5% de desconto base já fazem diferença. E, à medida que o uso aumenta, o benefício cresce também: quem realiza mais de 11 passagens por mês (o que não é difícil para quem trabalha na região) aproveita um desconto de usuário frequente que realmente compensa.

Além disso, ter tag torna tudo muito mais prático. O pagamento é automático, o desconto é aplicado de forma imediata e você não precisa se preocupar em acessar o site todos os meses. Por outro lado, para quem utiliza as rodovias apenas de vez em quando, pagar pelo site ou app ainda é suficiente — mas, para os motoristas habituais, a tag se torna praticamente indispensável.

O futuro (caro) das estradas

A Baixada Santista agora se junta ao grupo de regiões que adotaram o sistema de pedágio eletrônico. Trata-se do novo modelo que o estado de São Paulo vem implementando em todas as concessões firmadas desde 2024.

No entanto, mais do que modernizar a cobrança, o verdadeiro desafio é garantir que o dinheiro arrecadado volte em forma de melhorias reais. Duplicações, ciclovias, passarelas e serviços de emergência, por exemplo, estão previstos em contrato. Portanto, precisam ser cobrados pela população. Afinal, pagar pedágio todos pagam; o difícil é ver o retorno na prática.

Por isso, da próxima vez que você cruzar um dos pórticos eletrônicos na Mogi-Bertioga, já pode preparar o coração (e a carteira).

Saiba mais sobre o Sistema Siga Fácil no site da ARTESP.

Vitor Fagundes
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