Projeto monitora paisagem sonora subaquática da Bacia de Santos
Existe um enorme projeto científico no Brasil para monitorar os sons debaixo d’água na Bacia de Santos, no estado de São Paulo. Em palavras mais complexas, é o Projeto de Monitoramento da Paisagem Acústica Subaquática da Bacia de Santos, daí a sigla PMPAS-BS.
O objetivo principal é caracterizar a paisagem sonora subaquática para monitorar tendências de ruído associadas às atividades humanas (“antrópicas”) de exploração e produção (E&P) na Bacia de Santos.
A 1ª fase (também chamada de “1º ciclo”) da pesquisa durou 6 anos. Ocorreu de nov.2015 a dez.2021, com 11 pesquisadores diretamente envolvidos. A publicação na revista científica Frontiers é recente: 17.jun.2024.
O programa incluiu gravações acústicas em várias profundidades e diferentes locais para capturar dados de ruído ambiental e sons de mamíferos marinhos numa área de aproximadamente 251.000 km².
A iniciativa foi criada a partir de um pedido do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), como condição ambiental para instalar sistemas de produção de petróleo e gás offshore em águas profundas.
Por que isso importa?
A partir desse programa, é possível ter dados fundamentais para modelagem acústica, estudos de impacto ambiental das atividades humanas e orientação de políticas públicas.
O projeto vai ajudar os órgãos ambientais a entender e regular muitas atividades com foco na conversação, além de permitir identificar possíveis impactos relacionados às mudanças climáticas.
Sabe-se que entender os sons e seus impactos é essencial para conservar e proteger os oceanos, que cobrem cerca de 70% do planeta, regulam o clima e fornecem alimento, energia e outros recursos (como aqueles de valor biofarmacêutico).
Nesse contexto, o Monitoramento Acústico Passivo (PAM, na sigla em inglês) é considerado pela ciência uma abordagem promissora e inovadora para avaliar a saúde do ambiente marinho.
É um método não invasivo que permite monitoramento quase contínuo em grandes escalas e análises da biofonia (sons biológicos), geofonia (sons ambientais) e antropofonia (sons humanos).
No caso da Bacia de Santos, a região já era ruidosa por causa do intenso tráfego de navios comerciais, militares, pesqueiros e recreativos. Com exploração de petróleo e gás, fica ainda mais barulhenta, inclusive debaixo d’água.
Para que serve o monitoramento acústico marinho?
Eis algumas aplicações do monitoramento de paisagens sonoras subaquáticas:
Lista de feitos promovidos pelo monitoramento acústico na Bacia de Santos
Em bullet points, listamos abaixo alguns feitos e avanços do 1º ciclo da pesquisa de monitoramento acústico na Bacia de Santos:
Esta reportagem foi originalmente publicada por Maurício Ferro no Correio Sabiá, membro da Associação de Jornalismo Digital (AJOR), assim como o Juicy Santos. Agradecemos à equipe do veículo por autorizar o compartilhamento deste conteúdo com a nossa audiência.