Mota-Engil: esta empresa vai construir o túnel Santos-Guarujá
A tão esperada conexão seca entre Santos e Guarujá parece finalmente ter data para sair do papel. Nesta sexta-feira (5 de setembro), a Mota-Engil foi a vencedora do leilão para construir o túnel submerso ligando as duas cidades. Projetada há décadas e considerada um antigo sonho dos moradores, a obra promete transformar a mobilidade da Baixada Santista, impactando diretamente quem depende diariamente da travessia de balsa.
A novidade mexeu com as conversas em grupos do Whatsapp e rodas de amigos. Será que agora o túnel finalmente sai? E, mais importante, como essa construção vai mudar a rotina de quem vive, trabalha ou estuda em Santos, Guarujá e cidades vizinhas? Se você também se faz essas perguntas, este texto é para você.

Afinal, como chegamos até aqui?
A ideia de conectar Santos e Guarujá sem depender das balsas acompanha a história das cidades desde o início do século 20. O projeto de um túnel começou a ganhar forma mesmo há cerca de 15 anos, sob chefia do então governador Geraldo Alckmin. Desde então, passou por idas e vindas, sempre esbarrando em questões ambientais, de investimento e debates sobre o melhor modelo de ligação: pontes, túneis, ferrys… Só quem vive por aqui sabe quanto o tema já rendeu discussões. Agora, com a vitória da Mota-Engil no leilão promovido pela Autoridade Portuária de Santos (APS) e Governo de SP, o plano ganha respaldo financeiro e institucional para finalmente seguir adiante.
De acordo com estimativas do IBGE, só entre Santos e Guarujá há cerca de 900 mil habitantes. Se considerarmos toda a Baixada Santista, esse número ultrapassa 1,8 milhão. Diariamente, aproximadamente 80 mil pessoas desafiam o trânsito nas balsas para ir e voltar entre as duas cidades. A travessia, inclusive, é considerada a mais movimentada do mundo, com 27 mil veículos passando pelo canal todos os dias. E além do vai e vem de carros de passeio, milhares de caminhões precisam rodar até 40 quilômetros para contornar o canal, resultando em congestionamentos e emissão extra de poluentes na região.
O que foi acertado no leilão – e como será o túnel Santos-Guarujá
No leilão que aconteceu na sede da B3, em São Paulo, a Mota-Engil Latam Portugal venceu a disputa e ficará responsável pela construção e manutenção do túnel Santos-Guarujá pelos próximos 30 anos, sob uma Parceria Público-Privada (PPP). O investimento previsto é de R$ 6,8 bilhões. E o projeto contará com apoio da Autoridade Portuária de Santos. Depois do prazo de concessão, toda infraestrutura volta para controle da União.
A companhia é dona da Empresa Construtora Brasileira (ECB). No país, já está fazendo projetos como o VLT de Salvador (BA) e a ampliação da Rodovia Castello Branco, em São Paulo. Criada em 1946, a Mota-Engil atua em 21 países e três continentes. Em 2012, comprou metade da ECB. Um ano mais tarde, após adquirir a totalidade das ações da empresa, passou a atender por Mota-Engil Brasil.
Mudanças para quem vive (ou passa) pela Baixada Santista
A promessa da construção é ambiciosa.
O túnel será do tipo imerso (quando partes pré-moldadas são afundadas e unidas sob a água), conectando as duas margens do Porto de Santos por cerca de 960 metros. A obra não envolve apenas mobilidade para quem viaja de carro ou ônibus: ela terá vias para pedestres e ciclistas, ampliando possibilidades de deslocamento sustentável na região. Além disso, o traçado foi pensado para, conforme informado pela APS, reduzir impactos no trânsito das cidades e do Porto.
Com o túnel Santos-Guarujá, a travessia que antes poderia levar até 40 minutos com balsas e desvios passa a ser realizada em apenas um minuto por automóveis e veículos de carga. Isso deve beneficiar especialmente quem depende da ponte para trabalhar ou estudar em municípios vizinhos. Caminhoneiros que precisam transportar cargas pelo Porto devem economizar tempo, combustível e quilometragem, uma vez que o percurso total cai de cerca de 45 quilômetros para menos de 1 km.
Outro impacto esperado é ambiental. Estima-se uma redução de até 70 mil toneladas de CO₂ por ano, principalmente devido ao encurtamento da rota usada pelos 5 mil caminhões que atravessam a região diariamente. O Porto de Santos, por sua vez, terá operações portuárias mais seguras, já que balsas e navios não dividirão mais o mesmo canal, facilitando inclusive a expansão do terminal de contêineres.
