Monitoramento de microlixo na areia em Santos revela mais de 18 mil fragmentos
Sons do mar, areia nos pés e… fragmentos de microlixo? Quem frequenta a praia de Santos pode até não reparar. Entre um banho de mar e outro, há um visitante indesejado se espalhando pela orla: resíduos microscópicos que passam despercebidos pelo olhar. Contudo, eles chamam a atenção de quem se dedica a cuidar do nosso litoral.
Um estudo do Instituto Mar Azul (IMA), concluído após a realização do 4º Mutirão de Limpeza de Praia, entre os meses de setembro e dezembro de 2025, identificou mais de 18 mil fragmentos de microlixo nas areias de Santos.

O levantamento jogou luz em um tema importante: nem todo lixo deixado na praia é visível.
Pequenos itens como pedaços de plástico e bitucas de cigarro vêm formando verdadeiros tapetes invisíveis. Eles mostram que o cuidado com o nosso cartão-postal precisa ser diário. Nesta matéria, a gente vai explicar o que foi encontrado e por que isso importa. Além disso, veremos como iniciativas como essa podem inspirar mudanças na rotina de quem ama o litoral.
Microlixo: pequeno no tamanho, grande no impacto
Embora as ações de limpeza em praias sejam cada vez mais frequentes, o chamado microlixo tem sido um desafio crescente em todo o mundo. Santos está longe de ser exceção. De acordo com o Observatório do Lixo Marinho, a maior parte dos resíduos encontrados no litoral brasileiro (cerca de 85%) é composta justamente por fragmentos pequenos demais para serem recolhidos em mutirões comuns.
Além de prejudicar a paisagem e a saúde dos frequentadores da praia, esse tipo de poluição representa uma ameaça ao ecossistema local. Animais marinhos como tartarugas e aves costumam confundir pequenos pedaços de plástico e outros materiais com alimento. Isso pode trazer consequências sérias para a fauna da nossa região. Esses fragmentos, mesmo quase invisíveis, podem interferir em toda a cadeia alimentar do oceano.
Mais de 18 mil fragmentos em um único monitoramento
O monitoramento que identificou mais de 18 mil fragmentos de microlixo na Praia de Santos teve à frente uma equipe especializada. Ela percorreu trechos da faixa de areia durante um dia de coleta entre os canais 1 e 6. Nessa “varredura”, que adotou metodologias científicas de monitoramento ambiental, encontraram resíduos como bitucas de cigarro, lacres de latinhas, tampinhas plásticas, embalagens de doces e até pedaços minúsculos de isopor. Todos são considerados microlixo.
Os dados retratam como hábitos aparentemente inocentes podem se acumular e, aos poucos, prejudicar o nosso bem mais valioso.

Cada bituca descartada, cada pedaço de plástico esquecido, se multiplica junto ao fluxo de pessoas na alta temporada. Muitas vezes, nem os percebemos. O resultado: em um único dia, a equipe conseguiu contar mais de 18 mil fragmentos espalhados pela orla santista. Isso coloca Santos no mapa das cidades que precisam repensar a relação cotidiana com o lixo na praia.
Pequenas atitudes, grandes mudanças
Apesar do cenário desafiador, o monitoramento identificado serve de ponto de partida para estimular discussão e pequenas mudanças. Ações simples como recolher o próprio lixo e incentivar amigos e familiares a fazer o mesmo já fazem diferença. Além disso, o estudo revelou que boa parte desse microlixo vem de itens descartáveis do dia a dia. Isso deve estar no radar de quem frequenta a praia regularmente.
E vale lembrar: uma notícia como esta não serve só para chamar atenção de quem lê, mas para reforçar que iniciativas como essa podem (e devem) estar em nossas próprias pequenas ações diárias. Afinal, a praia é de todos nós – e, quanto mais a gente cuida, melhor fica para os próximos passeios.