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Juicy Design Meetup: conheça os talentosos artistas da Feira Oba Oba

Tempo de leitura: 13 minutos

De volta ao Juicyhub! Após o sucesso da primeira edição, o Juicy Design Meetup voltou com tudo para a sua segunda edição. No último dia 30 de agosto, o espaço se transformou com a chegada da Feira Oba Oba, que ocupou a famosa varanda no Gonzaga. Trazida pelo Plural Latino, a feira gráfica focada em impressos e publicações foi o palco perfeito para artistas de todo o país exibirem seus trabalhos.

A segunda edição do evento reafirmou o poder da arte independente, reunindo um público apaixonado por publicações, zines e pequenos objetos. Conversamos com os criadores por trás de cada obra para entender suas trajetórias e inspirações e contamos aqui.

Os artistas que vieram ao Juicy Design Meetup

Alexandre Bar

Diretamente de Santos, conheça Alexandre Bar (59), um veterano da ilustração e dos quadrinhos. Sua jornada artística começou em 1987, e desde 1995 compartilha seu conhecimento como professor, defendendo a importância do trabalho manual e orgânico. Para ele, a prática é fundamental e ajuda a aprimorar até mesmo a produção digital. Sua carreira é diversificada: já foi assistente de direção de arte, diagramador de jornal e produtor visual para grandes veículos.

Além de dar aulas, Alexandre também organiza o evento Steampunk Santos, um evento para amantes de ficção científica, história e fantasia. O que mais o motiva? O início da criação e, claro, ver a reação das pessoas ao se conectarem com a sua arte.

Anansi Lab

Com um projeto que une arte e educação, Pedro Anansi (29), de Campinas, iniciou sua jornada com uma editora independente. Após três anos, o projeto evoluiu para um laboratório transmídia de letramento racial, com gráfica e ateliê próprios.

Seu principal produto é a revista Sikudhani, que já está em sua 25ª edição, uma publicação de divulgação científica e antirracista. A sua formação em pedagogia e a experimentação o ajudaram a aprender a criar seus próprios livros-objetos, expandindo seu trabalho de editora para um projeto educativo.

Artista-educador

Rodrigo Ferreira (33), artista-educador, entende a arte como uma ferramenta de transformação. Carioca em São Paulo, desde 2010 desenvolve uma pesquisa e prática de imagem e palavra relacionadas ao cotidiano de trabalhadores que saem dos subúrbios em direção aos centros.

O artista cria a partir de elementos gráficos e narrativos do cotidiano, provocando uma aproximação imediata de sua arte. As madeiras bases das pinturas são coletadas das ruas, dando um novo propósito ao material. Desde 2020 em feiras, Rodrigo mostra como a arte pode estar em todos os lugares (e o seu grande potencial educador).

Breno dos Anjos

Nascido na Bahia, Breno dos Anjos (41) é um tropicalista por essência. Há 15 anos morando em São Paulo, busca sempre trazer a riqueza da sua regionalidade para o trabalho. Formado em design pela Universidade Federal da Bahia, onde a formação cidadã é valorizada tanto quanto a profissional, Breno iniciou sua marca há seis anos.

Sua jornada o levou do trabalho manual para o digital, uma migração pela qual ele se apaixonou. A dedicação e o talento de Breno podem ser vistos em cada uma de suas criações, que misturam referências e técnicas de forma única.

Caos Analógico

De São Paulo, Carolina Carmini (38), formada em história da arte, encontrou na fotografia analógica uma nova direção após uma experiência de burnout. Seu projeto, Caos Analógico, baseia-se nos processos alternativos de fotografia do século XIX, como a cianotipia, a antotipia e a fotogravura.

Seu trabalho, que se destaca pela exclusividade, explora a relação entre pessoas e cidades, destacando elementos como a arquitetura e os espaços botânicos. Carolina experimenta dentro desses ambientes urbanos, transformando sua paixão pela história da arte em obras visuais únicas.

Cris Harry – Picollobooks

A dupla de Santos, Cris e Kelly, compõe a marca Picollobooks, um grande e belo mix de trabalhos das duas artes – são artes em colagem digital, analógicas, desenhos e ilustrações.

Além disso, a marca também traz outros produtos como livros infantis e bordados, que apresentam em diversas feiras pela região.

Dyego Ogeyd

Direto de São Vicente, conheça Dyego Ogeyd (29), um artista visual e poeta cuja obra investiga o corpo, o afeto e o desejo. Sua arte tem um forte foco em narrativas de pessoas pretas e LGBTQIAPN+.

Com sua primeira publicação em 2016, Dyego alcançou um novo patamar em 2023, quando obteve o apoio da Lei Paulo Gustavo. Esse reconhecimento resultou em dois projetos incríveis: o lançamento do livro “Mangue Urbano” e a criação do “Propágulo Literário” em 2024, que oferece oficinas de poesia e produção de zines em São Vicente e Santos. Para Dyego, que desenha e pinta desde a infância, sua arte é uma forma de expressão pessoal, confessional e de forte crítica social.

Edone

Nascido em São Paulo, Edone (35) carrega a arte urbana na veia. Ele começou no grafite aos 13 anos, atuando na Zona Norte da capital, e se apaixonou pela tatuagem aos 16. Aos 21, já tatuava profissionalmente, influenciado pela cultura hip hop, pela arte tradicional e pela estética mexicana.

Desde que se mudou para Santos, em 2020, Edone continua a produzir arte, trabalhando também com xilogravura e pinturas. Apesar de sentir que a cidade ainda não valoriza tanto seu estilo quanto a capital, ele segue em frente, compartilhando sua paixão em seu estúdio de tatuagem, onde também oferece oficinas de desenho.

Inner Visuals

Em vez de códigos e sistemas, Matheus Feijó (30), de Santos, encontrou no design sua verdadeira paixão. Formado em Sistemas de Informação, sua jornada criativa começou com um curso de Photoshop, que o levou a criar a Inner Visuals.

Sua marca se destacou no Instagram com trabalhos que misturam fortes referências da cultura eletrônica, japonesa e religiosa – sempre carregando uma mística, “um alguém perdido que busca se encontrar”. Ligado ao universo digital desde sempre, Matheus transformou sua paixão em trabalho, começando pelos flyers de festas até chegar aos prints, serigrafias e demais obras que refletem seu estilo único.

João Amorim

Diretamente de São Paulo, a jornada artística de João Amorim e Gabriel Balbino com as gravuras começou cedo, quando ainda tinham 6 anos de idade. A dupla fez parte do Coletivo Xiloceasa e, a partir de 2022, passou a atuar de forma independente em feiras gráficas, levando suas obras para exposições em espaços renomados como o Sesc.

João dedica seu tempo como professor de artes, enquanto Gabriel atua como técnico de cinegrafia, mostrando que a arte e a educação caminham juntas para eles.

Lab Migaloo

Criada entre 2019 e 2020, a Lab Migaloo é uma editora santista fundada por Lucas Busto e Ana Novi. A marca foca em publicações independentes com uma pegada autoral e experimental, dedicando-se a contar histórias e desenvolver personagens inspirados no universo praiano e marítimo.

Seu principal produto são os zines, valorizando a acessibilidade e o estilo DIY (Do It Yourself). Além disso, a editora expande seu catálogo com produtos temáticos como selos, adesivos e serigrafias, utilizando a participação em feiras para divulgar o trabalho e fazer contatos com outros artistas.

Laura Gageti

Criada em Praia Grande, a artista Laura Gageti (24) é uma mistura de talentos: além de estudar Biologia, ela explora o mundo das artes com uma sensibilidade única. Sua jornada artística começou em 2019, quando foi para São Paulo fazer um curso de arte e começou a vender suas obras em espaços da cidade como a famosa Avenida Paulista.

Este ano, Laura retornou com tudo ao circuito de feiras, mostrando sua paixão pela aquarela e também produzindo zines autorais.

 

Leonardo – Noelodran

Em sua arte, Leonardo, também conhecido como Noelodran (30), usa a criatividade para transformar o inesperado em algo único. Morando em Santos, mas com raízes em Cubatão, começou a desenhar em 2019 usando bobinas de notas fiscais que sobravam de seu trabalho como caixa.

Seu trabalho, que busca atingir todos os públicos, é repleto de personagens lúdicos. Um dos destaques de sua participação nas feiras é o “clubinho gráfico”, onde ele personaliza bottons na hora – o cliente pode desenhar a estampa e ver sua criação ser impressa na hora. Para Leonardo, sua arte é um meio de afetar e trazer carinho a quem a consome.

Luis Buscapé

Do Morro da Penha, Luis Buscapé (25) começou sua jornada com a fotografia aos 16 anos, filmando manobras de skate na adolescência. Mais tarde, enquanto trabalhava como assistente de pedreiro, passou a experimentar fotografando sua rotina com uma câmera cybershot – ali, o hobby se tornou uma paixão.

O “estalo” para a fotografia profissional aconteceu em um dia de enchente no seu bairro, quando Luis usou a ato de fotografar para acalmar a sua ansiedade. Desde então, transforma os momentos capturados em arte.

Maria Chiang

Morando em Campinas há 9 meses, Maria Chiang (34) traz na bagagem uma paixão pela arte que começou antes mesmo de sua graduação em Artes Visuais pela UFMT.

Dominando diversas técnicas gráficas, Maria tem uma preferência especial por gravura e encadernação. Sua marca registrada é a produção totalmente manual, onde cada detalhe é feito à mão, resultando em cadernos e outras artes que carregam a essência e a dedicação de seu processo criativo.

Mário Rodrigues

Morador de São Vicente, o santista Mário Rodrigues (43) transforma a arquitetura local em arte. Guia de turismo com formação em história e turismo, tem duas páginas no Instagram dedicadas aos prédios e casas de Santos e São Vicente, investigando o processo de verticalização das cidades.

O artista utiliza publicidades antigas como referência para as estampas de suas ecobags, e planeja expandir sua linha para camisetas. Um dos seus próximos objetivos é unir arte e turismo, realizando tours pela cidade cujo ingresso seria a compra de suas ecobags, incentivando as pessoas a olharem para a beleza da arquitetura local.

Mateus Vitti – Neurozine

De Santos, Mateus Vitti, da Neurozine (27), começou sua jornada artística com fanzines. Hoje, ele encontra sua principal forma de expressão nas colagens.

Após uma experiência de burnout em 2023, Mateus descobriu na colagem uma ferramenta terapêutica: era através dela que conseguia materializar os seus sentimentos e até apresentá-los para a sua terapeuta. Mais tarde, trouxe também temas mais simbólicos e abstratos. Sua arte agora aborda questões políticas e se expande, integrando a música em seus trabalhos.

Matheus Vasco

Direto da Vila Esperança, em Cubatão, Matheus Vasco (26) se inspira na fauna e flora de seu próprio quintal. Autodidata, ele aprimorou suas técnicas de aquarela a partir de 2018 e se aventurou com esculturas em biscuit entre 2020 e 2021, transformando sua paixão pela natureza em arte.

Observando e anotando detalhes de animais e pássaros, ele constrói seu próprio ecossistema artístico. Matheus compartilha seu conhecimento em oficinas de desenho e aquarela, incentivando outros a também enxergarem a beleza no mundo ao seu redor.

Thiago Barletta

Thiago Barletta (29) é um artista plástico carioca da Zona Norte do Rio (Madureira) que tem uma missão: narrar as histórias de sua origem.

Apesar de ser artista autoral há apenas dois anos, sua vida inteira foi ligada à arte. Formado em Comunicação pela UFRJ, ele conta que aprendeu e se desenvolveu muito através da experimentação.

Vevss Barba

Com dois anos de história em Santos, Vevss Barba (35) construiu uma nova vida dedicada à arte. Sua jornada começou em São Paulo, em 2016, como grafiteira, onde pintava garrafas recicladas.

Após um burnout, ela se mudou para a cidade com seus dois filhos pequenos e encontrou na comunidade artística local um novo começo. Vevss agora vive integralmente de sua arte, uma paixão que a acompanha desde a infância.

Victor Honda

Da Zona Norte de São Paulo, Victor Honda (28) encontrou nas gravuras sua paixão. Formado em Artes Visuais, ele se dedica a essa técnica desde a pandemia.

Com inspirações que vêm de artistas brasileiros e japoneses, Victor mescla o biológico com o japonês em sua temática. Ele, que desenhava desde criança e chegou a estudar Biologia por um ano, é também produtor e coordenador cultural em um CEU (Centros Educacionais Unificados).

Vinnyer Souza

Com sua câmera em punho, Vinnyer Souza (28), de Cubatão e residente em Santos, transformou a fotografia em sua vida desde 2017. Ex-administrador, ele se dedica a mostrar o social e o invisível, fotografando intensamente em locais historicamente negligenciados como a Zona Noroeste e o Dique da Vila Gilda.

Além de trabalhar com teatro, Vinnyer também é documentarista. Seu próximo trabalho, que será lançado em breve, é um documentário sobre os 50 anos da União Imperial.

VIOLA

O santista Thiago Viola (34), natural de São Paulo, desenha desde pequeno, influenciado pela arte oriental, como o mangá – o que fica claro em seu trabalho pelo uso do contraste em preto e branco.

Formado em arquitetura, área que o ajudou a desenvolver sua percepção, e também UX designer, Thiago começou a organizar e a divulgar seu trabalho autoral há cerca de três anos. Esta é a sua terceira feira, um passo importante para mostrar a sua arte.

82dazai

Em um trabalho que resgata a memória, o artista paulista Paulo San’tana (38) se dedica a colagens analógicas. Com um acervo de  mais de 5 mil fotos antigas, coletadas ao longo dos últimos sete anos, o artista dá vida a pessoas esquecidas através do seu trabalho.

Além das colagens, Paulo também cria obras em serigrafia, fazendo a maior parte de sua produção por conta própria – o que ele considera a verdadeira essência de ser artista. Com mais de 15 anos de experiência em design gráfico, esta é a sua 28ª feira apenas em 2025!

Plural Latino

Andressa e Renato são os artistas plásticos e visuais por trás do Plural Latino, curadores da Feira Oba Oba e co-curadores do Juicy Design Meetup. A iniciativa nasceu de uma “dor”: a falta de feiras gráficas em Santos, o que os levou a abrir um ateliê no Centro Histórico em 2022 e a realizar a primeira edição da feira no mesmo ano. Essa é a sexta edição da feira, pela primeira vez no Juicyhub.

O Plural Latino foca na interação e conexão entre artistas, incentivando especialmente os iniciantes e conectando-os com nomes mais experientes de São Paulo e região. Mais do que um ponto de vendas, o projeto é um ponto de encontro. O artistas contam que seu objetivo atual é de ocupar espaços inéditos para artistas emergentes e fomentar a ideia de que é possível viver de arte.

O Juicy Design Meetup foi viabilizado pela Adobe e com a co-curadoria da Agenda Design BR e Plural Latino.