IPC-Cará: novo índice vai mostrar como está o custo de vida em Santos
O preço do quilo do pão de cará vai indicar, todos os meses, quanto custa morar em Santos.
Imagine um indicador econômico desenhado com a cara – e o cará – de Santos. A cidade acaba de ganhar uma ferramenta criada para medir o custo de vida dos seus moradores de um jeito super regional: o IPC-Cará. A proposta é simples e, ao mesmo tempo, curiosa. Ela consiste em acompanhar o valor de alimentos tradicionais do cotidiano santista, como o famoso pão de cará.
O novo índice, batizado oficialmente de IPC-Cará, entrou em vigor nesta semana pela Prefeitura de Santos. A ideia é dar uma visão mais próxima da realidade de quem faz feira, compra pão e escolhe os ingredientes do dia a dia na região. E, claro, serve para levantar um assunto fundamental: como anda o custo de vida em Santos?
Se você quer entender porque esse índice pode ser útil para quem vive, trabalha ou visita a Baixada Santista — além de conhecer as raízes do nome — vem com a gente.
O contexto por trás do novo índice
Não é de hoje que indicadores de preços chamam a atenção no Brasil. Basta lembrar do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ambos usados pelo IBGE para medir como muda o valor das compras dos brasileiros. Mas esses índices têm foco nacional e usam uma cesta padrão. Muitas vezes, isso está bem distante dos costumes regionais. Isso abre espaço para que cidades criem suas próprias formas. Elas precisam acompanhar o aumento (ou queda) dos preços de acordo com o que realmente impacta no dia a dia local.
Talvez você já tenha ouvido falar no Índice Big Mac
A ideia é a quase a mesma: ajudar a entender o valor das moedas em diferentes países pelo preço de um símbolo global da alimentação: o sanduíche Big Mac, do McDonald’s. Criado em 1986 pela revista britânica The Economist, o índice surgiu como uma ferramenta lúdica para explicar um conceito econômico complexo. Esse conceito é chamado Paridade do Poder de Compra (PPC).
A teoria da PPC afirma que, a longo prazo, o valor das moedas deve se ajustar. Essa ideia é para que uma mesma cesta de bens tenha preço semelhante em diferentes países. O Big Mac, com ingredientes padronizados e presença em mais de 100 países, se tornou uma “mercearia universal” ideal para essa comparação. Se o preço do hambúrguer, convertido para uma moeda comum (geralmente o dólar americano), é mais baixo em um país, a moeda local está subvalorizada em relação ao dólar. Se for mais caro, a moeda está valorizada. Isso ajuda a explicar a dinâmica dos câmbios de uma forma prática e acessível ao grande público.
O índice é divulgado semestralmente pela The Economist, que coleta os preços do Big Mac em vários países e converte para dólar. Ele não é uma medida absoluta, pois não captura diferenças locais de custo, impostos ou políticas de preços. No entanto, ele traz uma visão clara e divertida do poder de compra e da valorização das moedas.
Assim, o Índice Big Mac virou referência global não só para quem entende de economia, mas também para quem quer um parâmetro simples sobre o valor de seu dinheiro.
Aqui em Santos, temos um protagonista do cotidiano: o cará. Muito presente na mesa dos santistas, o pão de cará se tornou a estrela das padarias da cidade. E, claro, virou patrimônio histórico e imaterial.
Como funciona o IPC-Cará, novo índice de preços inspirado em patrimônio cultural de Santos?
A lógica é parecida com outros índices de inflação, mas com um tempero tipicamente santista. O IPC-Cará utiliza o preço do quilo do pão de cará como referência.
O acompanhamento será mensal e pretende mostrar de forma didática como anda a variação nos preços dos alimentos e itens básicos para uma família santista comum. Segundo a Prefeitura de Santos, com o IPC-Cará, a população poderá comparar a oscilação dos preços. Isso acontecerá de forma mais próxima da sua realidade.
O primeiro boletim já está disponível e com cotação média de R$ 22,82 o quilo do pão de cará (levantamento entre os dias 13 e 19 de agosto de 2025). A pesquisa é diária e acontece em 23 mercados e padarias. Estes são distribuídos pelas cinco regiões da Cidade: Centro, Morros, Orla, Zona Intermediária e Zona Noroeste.
Além de informar consumidores, feirantes, comerciantes de bairro e quem faz o orçamento doméstico, o IPC-Cará pode ser uma ferramenta para estudiosos e curiosos. Ele ajuda a entender melhor as transformações dos hábitos alimentares locais ao longo do tempo. E tem tudo para se tornar uma referência em dados regionais, mostrando, por exemplo, os desafios de tentar manter hábitos de uma população durante uma alta de preços.