Boas práticas na ciclovia: um guia para pedalar com segurança em Santos e região
Com as recentes polêmicas de corredores versus ciclistas nas ciclovias de Santos, a questão do uso consciente e seguro das ciclovias de Santos vem gerando um debate acalorado nas redes sociais. Nós falamos disso aqui em uma matéria em setembro de 2024. E o lance é o seguinte: corredores frequentemente utilizam as ciclovias por não haver uma pista exclusiva para a corrida, o que gera riscos e desconforto para ambos os usuários, já que ciclistas precisam de espaço livre para se deslocar com segurança e alta velocidade, enquanto pedestres e corredores circulam em ritmo diferente e com movimentos imprevisíveis.
E isso acontece porque as ciclovias foram projetadas prioritariamente para bicicletas. Via de regra, a presença de corredores pode causar acidentes e atrapalhar o fluxo dos ciclistas, que dependem de uma via livre para evitar colisões. E mais: imagina um engavetamento de bicicletas, o atropelamento de um corredor ou um pedestre na calçada se machucando de forma colateral. Por outro lado, os corredores reivindicam um espaço próprio para suas atividades. Isso porque a falta de uma pista exclusiva os força a dividir o espaço com bicicletas, o que não é ideal para a segurança e conforto de ambos.
E qual é a solução?
Ainda não existe. Por isso, as respectivas comunidades de ciclistas e corredores precisam conviver harmoniosamente respeitando as regras. Recentemente, a Prefeitura de Santos vem se posicionando no sentido de organizar e reforçar as regras de uso das ciclovias para evitar esses conflitos.
Em operações recentes, agentes municipais orientaram os usuários sobre as normas de trânsito vigentes, inclusive as bicicletas elétricas, que também podem causar acidentes, a depender da velocidade. Agora, também há sinalização na ciclovia para coibir corredores na pista para bikes.
O importante deve ser sempre garantir segurança e conforto para todos. Por isso, criamos este guia de boas práticas para a ciclovia de Santos. E ele vale para outras cidades do litoral de São Paulo. Porque, como você já sabe, a conurbação (uma cidade juntinha à outra) faz com que as pessoas se desloquem entre municípios no seu cotidiano.
As ciclovias de Santos e região
Paisagens incríveis, clima favorável o ano todo e ciclovias em constante crescimento fazem da Baixada Santista um lugar ideal para quem curte ou precisa se locomover de bike. Mas nem só de pedal vive o ciclista: circular com segurança e respeito nas ciclovias exige conhecimento das regras de trânsito, das sinalizações e, claro, um pouco de empatia com quem divide os espaços.
E não estamos falando só de quem pedala. Com a popularização dos patinetes elétricos, bicicletas motorizadas e outros modais, as ciclovias também viraram palco de confusões — muitas vezes causadas por falta de informação.
Aqui, reunimos as boas práticas mais importantes para circular nas ciclovias da região, com destaque para Santos e Praia Grande, que lideram em estrutura e ações educativas.
Antes de tudo: ciclovia não é calçada
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) trata a bicicleta como veículo. Ou seja, ao pedalar você não é um “convidado” no trânsito, mas um agente com direitos e deveres. O que o CTB determina:
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Bicicleta deve circular no mesmo sentido dos carros. Nunca na contramão.
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Quando não houver ciclovia, o ciclista deve circular no canto direito da via.
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Calçadas são proibidas, salvo sinalização específica liberando o uso.
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A bicicleta precisa ter:
Campainha;
Espelho retrovisor do lado esquerdo;
Sinalização noturna (dianteira, traseira, nos pedais ou nas rodas); -
O ciclista deve dar preferência aos pedestres, sempre.
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Motoristas devem manter 1,5 metro de distância lateral ao ultrapassar uma bike.
Essas regras valem em todo o Brasil, inclusive na Baixada Santista.
Santos
Em Santos, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Santos) e a Guarda Civil Municipal têm intensificado a “Operação Ciclovia Segura”, que, de três vezes por semana, passou a ser diária na orla, em maio de 2025. O foco inicial é educativo, com agentes orientando os usuários sobre as regras antes de aplicar multas.
Entre os pontos de atenção, estão os equipamentos elétricos, que também têm regras próprias:
Patinetes elétricos e equipamentos de mobilidade individual:
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Podem circular nas ciclovias, mas com limite de velocidade: máximo de 20 km/h.
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Em áreas de pedestres, o limite cai para 6 km/h.
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Devem ter campainha, luzes noturnas e indicador de velocidade.
Bicicletas elétricas (ou motorizadas):
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Permitidas apenas no modelo “pedal assistido” (sem acelerador).
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Motor com potência de até 1.000 watts (ou 350 watts, segundo outra leitura da lei municipal).
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Velocidade máxima: 25 km/h.
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É obrigatório:
Velocímetro
Luzes dianteiras e traseiras
Espelhos retrovisores dos dois lados
Pneus em boas condições
Uso de capacete
Veículos que não se enquadram nessas regras, como ciclomotores, bikes com acelerador ou que ultrapassem o limite de potência, não podem circular nas ciclovias de Santos.
Outro ponto de atenção em Santos é o uso indevido das ciclovias por pedestres. A prefeitura reforçou a sinalização na orla, com pictogramas indicando que corrida e caminhada não são permitidas na faixa vermelha. A ideia é simples: cada um no seu espaço.
Ah, e pra quem quisesse aprender desde cedo: durante o mês de maio, em alusão ao Maio Amarelo, a cidade promoveu ações educativas na “Minicidade do Trânsito”, um espaço montado na Praça Belmiro Ribeiro onde crianças simularam situações reais de trânsito e aprenderam a agir com segurança como pedestres, ciclistas e passageiros.
Praia Grande: a maior malha cicloviária da região
Se você acha que Santos é referência, dá só uma olhada em Praia Grande. A cidade tem a maior malha cicloviária da Baixada Santista e uma legislação municipal que leva a sério o uso consciente das vias.
A Lei nº 1145, de 2001, imposta na cidade, define:
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Bicicletas não podem circular em vias ou calçadas onde há ciclovia.
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Bicicletas infantis, com aro até 14, são permitidas em calçadas de baixo fluxo apenas quando não houver ciclovia.
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Em caso de infração, o veículo pode ser apreendido e levado ao Pátio Municipal.
Mas tem uma alternativa bem interessante: o ciclista pode optar por fazer um curso educativo gratuito, de pelo menos uma hora, sobre regras de circulação. Assim, evita o pagamento das taxas de remoção e diárias do pátio. Esse benefício pode ser usado uma vez a cada seis meses.
A lógica aqui é promover mudança de comportamento, não só punição. E esse exemplo poderia ser seguido por outras cidades da região.
Infraestrutura e sinalização: tem padrão, sim
A estrutura cicloviária da Baixada segue padrões definidos por órgãos como a SENATRAN e a CET-SP. Então, se você pedala de uma cidade pra outra, já percebeu que a lógica visual tem similaridades:
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Ciclovia: faixa separada fisicamente do trânsito de veículos.
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Ciclofaixa: pintada diretamente na pista (sem separação física).
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Ciclorrota: rota compartilhada com veículos, mas com sinalização indicativa.
A cor vermelha é a mais comum para sinalização horizontal das ciclovias, além de placas verticais que indicam a proibição de entrada de carros ou pedestres.
Esses elementos ajudam a manter a organização e facilitam a vida de quem pedala, especialmente para quem está começando.
E no fim das contas todo mundo tem seu lugar
A convivência nas ciclovias depende de um esforço coletivo. Pedestres, ciclistas, motoristas, patineteiros… Cada um tem responsabilidades:
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Ciclistas devem usar equipamentos obrigatórios, respeitar limites de velocidade e sinalizar manobras.
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Pedestres devem caminhar na calçada e evitar invadir ciclovias.
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Motoristas precisam dar passagem, manter distância e reduzir a velocidade em vias com compartilhamento.
Se todo mundo fizer a sua parte, dá pra pedalar com segurança, curtir a cidade e ainda contribuir com uma mobilidade mais limpa e saudável.
Então, da próxima vez que for de bike, lembre: respeito e informação pedalam juntos.