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Estilistas da Baixada Santista transbordam talento e criatividade no design de moda

Conheça a profissão que vai muito além das passarelas

Tempo de leitura: 6 minutos

No dia 5 de novembro, o Brasil celebra o Dia do Designer de Moda, data que homenageia os profissionais que transformam ideias em coleções, tendências em realidade e tecidos em obras de arte vestíveis.

Elas e eles são responsáveis por uma das indústrias mais poderosas do planeta, que movimenta trilhões de dólares e emprega milhões de pessoas ao redor do mundo.

O que faz um designer de moda?

Engana-se quem pensa que designer de moda passa o dia desenhando vestidos glamurosos para desfiles.

www.juicysantos.com.br - camila chinua acessóriosA estilista Camila Araújo está à frente da Chinua Acessórios

 A profissão vai muito além das passarelas e envolve pesquisa de tendências, estudo de materiais, desenvolvimento de modelagem, análise de público-alvo, gestão de produção e até mesmo sustentabilidade. É arte misturada com negócio, criatividade temperada com matemática.

O estilista precisa entender desde a escolha do tecido ideal até como aquela peça vai se comportar no corpo de diferentes tipos físicos. Precisa saber costurar? Nem sempre, mas precisa entender profundamente o processo de confecção. Precisa desenhar bem? Ajuda, mas o fundamental é ter visão espacial, compreensão de volumes e sensibilidade para cores e texturas.

Moda ao longo do tempo

A história da moda é, sem dúvida, tão antiga quanto a própria humanidade. Desde seus primórdios, o vestir sempre esteve ligado à cultura, ao status e à expressão individual. No entanto, no século XIX, tudo ainda era bastante engessado — literalmente. Nessa época, as mulheres usavam corsets que comprimiam até os órgãos internos em nome da silhueta perfeita.

Somente no século XX, contudo, o cenário começou a mudar. Foi então que nomes como Coco Chanel revolucionaram a moda, introduzindo conforto e praticidade no guarda-roupa feminino e rompendo com padrões até então intocáveis.

Em seguida, vieram as décadas de 1960 e 1970, marcadas por uma verdadeira explosão de criatividade. O movimento punk, por exemplo, desafiou todas as normas estabelecidas e transformou a moda em uma poderosa ferramenta de expressão política e social. Jovens rasgavam roupas de propósito, usavam alfinetes de segurança como acessórios e, assim, criaram uma estética que continua influente até os dias atuais.

Foi justamente nesse período que a moda autoral ganhou força, mostrando de forma definitiva que roupas podem, sim, ser manifestos.

Além do Carnaval

No Brasil, a indústria da moda possui uma trajetória rica, diversa e cheia de significado. Ao longo das décadas, estilistas como Ronaldo Fraga, Alexandre Herchcovitch e Glória Coelho ajudaram a colocar o país no mapa fashion internacional, mostrando ao mundo a força da criatividade brasileira.

Mais do que criar roupas bonitas, esses profissionais construíram narrativas, resgataram tradições e, consequentemente, provaram que a moda nacional vai muito além de biquínis e plumas de Carnaval.

Além disso, o mercado de moda brasileiro movimenta bilhões de reais todos os anos e gera empregos em diferentes níveis da cadeia produtiva — desde costureiras artesanais até grandes conglomerados industriais.

Paralelamente, a chamada moda de autor — aquela produzida por pequenos estilistas independentes — vem conquistando cada vez mais espaço e reconhecimento. Esses criadores se distanciam da lógica da produção em massa e, em vez disso, apostam em peças únicas, cheias de história, identidade e propósito.

Talento local

A moda na Baixada Santista tem uma identidade própria, influenciada pelo lifestyle praiano e pela cultura caiçara. Santos, especialmente, concentra profissionais talentosos que trabalham desde a criação de joias até moda praia, passando por streetwear e slow fashion. 

  • Beatriz Santos (LANAI): Estilista santista que criou a marca LANAI em 2017, focada em slow fashion com conceito “coastwear”. Suas peças são pensadas para mulheres reais que acolhem as mudanças de seus corpos, sendo versáteis e modulares. Beatriz busca ressaltar a identidade da leveza e força das mulheres do litoral Sul de São Paulo.
  • Sandra Ceolin: Designer de moda por formação, Sandra se transformou em joalheira há mais de uma década. Carioca que adotou Santos como sua cidade, ela criou a icônica coleção das muretas de Santos em joias. Seu ateliê fica em Santos, onde atende uma clientela selecionada e tem vitrine no Museu do Café. Trabalhou para grandes empresas no Rio e estudou com renomados joalheiros.
  • Camila Araújo (Chinua Acessórios): Parte do Coletivo Afrotu, Camila criou a marca Chinua há mais de 6 anos. Sinônimo de autoafirmação e amor por arte manual feita por mãos negras, a marca produz acessórios e peças de vestuário com tecidos africanos. O foco é fortalecer a autoestima feminina através de produtos que unem praticidade, conforto, alegria e versatilidade.
  • Kelly Aguiar (Kelluma Store): À frente da Kelluma, uma loja de moda feminina na Vila Mathias em Santos, Kelly trabalha com curadoria de peças que unem beleza, identidade e autenticidade. Seu foco é moda versátil com estilo e personalidade, pensando no desenvolvimento de peças que façam sentido para diferentes perfis de mulheres.
  • Drika Lucena: Professora universitária na ESAMC Santos nas áreas de História da Arte, Estética, Tendências em Moda e Criatividade. Publicitária e artista plástica, Drika é especialista em Criação Visual e Multimídia e coordena o Esamc Fashion Trend, maior evento universitário de moda da Baixada Santista. Estudiosa da cultura brasileira, ministra palestras e workshops sobre criação e inovação. 

Celebre quem veste nossas histórias

O Dia do Designer de Moda é, antes de tudo, um momento para reconhecer que, por trás de cada roupa que você veste, existe um profissional que pensou em você. Alguém estudou o caimento ideal, escolheu com cuidado a cor perfeita, desenhou o bolso no lugar exato e se preocupou para que aquela peça fizesse você se sentir bem.

Além disso, moda não é sinônimo de superficialidade. Pelo contrário: é história, cultura e identidade. É a forma como nos apresentamos ao mundo e, ao mesmo tempo, como nos sentimos em nossa própria pele. Os estilistas, por sua vez, são os tradutores dessa linguagem silenciosa, mas poderosa, que todos nós falamos diariamente ao escolher o que vestir.

Por isso, no dia 5 de novembro — ou, na verdade, em qualquer outro dia — vale a pena valorizar o trabalho de quem cria moda. Isso pode ser feito de várias maneiras: comprando de uma marca local, acompanhando o trabalho de um estilista independente nas redes sociais ou, simplesmente, reconhecendo que aquela peça incrível que você ama não apareceu do nada — ela foi criada com talento, técnica e muita dedicação.

Vitor Fagundes
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