Documentário resgata tradição caiçara em extinção
4 mulheres mantêm vivo o saber ancestral da pesca artesanal do marisco bico de ouro.
Marisqueiras da Ilha Diana viram protagonistas de um documentário caiçara que promete emocionar. O curta-metragem “Marisqueiras da Ilha Diana: Tradição e Resistência Caiçara” dá voz às mulheres que, com as próprias mãos, preservam um saber ancestral às margens do estuário santista.
A produção, realizada pela ONG Vida Caiçara em parceria com a Malagueta Produções, traz um alerta urgente: hoje, apenas quatro mulheres mantêm viva a tradição da pesca do marisco bico de ouro na Ilha Diana.
Elas têm entre 37 e 74 anos. E se essas histórias não forem contadas agora, corremos o risco de perdê-las para sempre no contexto cultural caiçara.
Um patrimônio vivo que resiste ao tempo
Localizada no estuário de Santos, a Ilha Diana é uma comunidade caiçara reconhecida por manter práticas e tradições locais. Entre elas, destaca-se a coleta artesanal do marisco bico de ouro, um conhecimento transmitido de mãe para filha ao longo de gerações.
As pescadoras artesanais não são apenas responsáveis pela coleta e preparo do marisco. Elas preservam um modo de vida profundamente ligado ao território, ao mangue e ao ritmo das marés — sempre em relação direta e respeitosa com o ambiente, conforme destacado no documentário caiçara.
Contudo, essa tradição resiste em mãos cada vez mais raras. O número de mulheres que praticam o ofício, que já chegou a dois dígitos, atualmente se resume a apenas quatro pessoas.
Mudanças que ameaçam o saber tradicional
As mudanças ambientais, a modernização da pesca e o avanço urbano no entorno portuário têm afastado as gerações mais jovens do ofício. Além disso, a chegada de novas profissões na região contribui para que essa prática milenar corra o risco de desaparecer, o que o documentário caiçara busca evidenciar.
“Se essas histórias não forem contadas agora, corremos o risco de perdê-las para sempre. Cada marisqueira que para é um pouco da tradição que se apaga. Este filme é um compromisso com a memória e também com o futuro da Ilha Diana”, explica Alexandre Lima, presidente da ONG Vida Caiçara.
Protagonismo feminino
A direção do documentário caiçara fica por conta de Sirley Franco, cineasta santista que traz um olhar sensível sobre as mulheres da comunidade caiçara. O filme valoriza as vozes, memórias e gestos dessas pescadoras que sustentam cultura, alimento e identidade.
“Sou de Santos e morei muitos anos fora. Desde que retornei à cidade, cada vez mais me comprometo a contar histórias que fazem parte da minha própria terra. As marisqueiras são um patrimônio vivo: um aprendizado que se transmite no corpo, no tempo e na convivência”, revela a diretora.
A abordagem documental busca ampliar o reconhecimento social da atividade pesqueira artesanal e fortalecer a cultura caiçara como patrimônio imaterial da região.
Estreia prevista para 2026
As filmagens já estão em andamento. O lançamento do curta-metragem está previsto para janeiro de 2026, com exibições públicas e atividades educativas junto à comunidade. Antes disso, o documentário caiçara deve circular em festivais de cinema.
O projeto conta com patrocínio da DP World, por meio do Programa Municipal de Incentivo Fiscal de Apoio à Cultura PROMICULT – “Alcides Mesquita”, da Prefeitura Municipal de Santos.
Sobre a Ilha Diana
A Ilha Diana fica no continente de Santos, na confluência do Rio Diana com o Canal de Bertioga. De acesso exclusivamente por barco, o território é um refúgio natural onde a vida simples, a pesca artesanal e a culinária caiçara permanecem como pilares da identidade local.
A travessia parte do centro de Santos, próximo à Alfândega. O lugar é reconhecido por sua tranquilidade e forte senso comunitário, preservando tradições que remontam aos povos originários da região.
Registrando a história
A história das marisqueiras da Ilha Diana é mais do que preservar uma técnica de pesca. É reconhecer a força dessas mulheres que, durante décadas, sustentaram famílias e mantiveram viva a identidade caiçara na região.
Cada gesto, cada ida ao mangue, cada marisco coletado carrega tempo de conhecimento sobre o território, as marés e o ecossistema. Perder essa tradição significa perder um pedaço da nossa própria história como santistas.
O documentário caiçara chega em momento oportuno para provocar reflexões: como podemos valorizar e apoiar as práticas tradicionais em meio às transformações urbanas? De que forma as novas gerações podem se reconectar com essas raízes?
Documentário: Marisqueiras da Ilha Diana: Tradição e Resistência Caiçara Lançamento: Janeiro de 2026 Realização: Vida Caiçara e Malagueta Produções Mais informações: @vidacaicara_oficial