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Crise climática: por que a Baixada Santista precisa falar sobre isso?

A crise climática está mudando a forma como discutimos o meio ambiente no nosso dia a dia

Tempo de leitura: 5 minutos

Se você tem acompanhado as notícias sobre o meio ambiente, provavelmente notou uma mudança na forma como falamos do assunto. O termo “mudanças climáticas” tem sido substituído por “crise climática” ou “emergência climática”. Mas por que essa mudança é tão importante e como afeta diretamente a Baixada Santista?

O que é a crise climática

A crise climática, ou emergência climática, é o aumento acelerado e sem precedentes da temperatura média global da Terra. O principal responsável por isso é a intensa emissão de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera. Em outras palavras, esses gases, como o dióxido de carbono (CO2​) e o metano, agem como um cobertor, aprisionando o calor e elevando a temperatura do planeta.

Esse fenômeno é um resultado direto da atividade humana, especialmente a queima de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural) e o desmatamento em larga escala. E o aumento da temperatura do planeta não causa só o aumento do calor, mas também desestabiliza todo o sistema climático da Terra, gerando eventos extremos e imprevisíveis.

Morador de Guarujá durante as fortes chuvas que atingiram a Baixada Santista em 2020. Foto: Amanda Perobelli (Reuters)

Por que não usamos mais “mudanças climáticas”?

A principal razão para a mudança de terminologia é a urgência e a gravidade da situação.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o termo “mudanças climáticas” define as alterações nas temperaturas e padrões climáticos, principalmente causadas pela ação humana desde o século XIX. E, de fato, o termo pode soar como algo gradual e distante, um processo natural que acontece lentamente ao longo do tempo.

Já “emergência climática” se refere aos efeitos atuais e futuros dessas mudanças, que se manifestam em eventos climáticos extremos, degradação ambiental, insegurança alimentar e hídrica, e crises econômicas e sociais. Ao usar “crise” ou “emergência”, estamos comunicando a seriedade e a iminência de uma ameaça que já está presente.

A ONU, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e várias organizações científicas e ambientais já adotaram esses novos termos para alertar sobre a necessidade de ações imediatas. Não estamos mais falando de algo que vai acontecer no futuro, mas de uma realidade que já afeta a vida de milhões de pessoas.

Rua de Santos alagada durante tempestade, logo após onda de calor extremo (2025). Foto: Reprodução Redes Sociais

Os efeitos da crise climática na Baixada Santista

Cidades como Santos são especialmente vulneráveis aos efeitos da crise climática. A Baixada Santista, por ser uma região costeira, enfrenta ameaças únicas e imediatas.

Um dos efeitos mais preocupantes é o aumento do nível do mar. À medida que a temperatura global sobe, as geleiras e calotas polares derretem, adicionando mais água aos oceanos. Ou seja, esse aumento representa uma ameaça séria de inundações em áreas baixas e à beira-mar, como toda a orla e a Zona Noroeste da cidade. Isso gera diversos danos à infraestrutura, além de forçar o deslocamento de moradores e afetar o comércio local.

Outro ponto de atenção são os eventos climáticos extremos. A crise climática intensifica fenômenos como ressacas, chuvas torrenciais e ventos fortes. Já temos visto, nos últimos anos, o aumento na frequência e intensidade de ressacas em Santos, que causam erosão da orla, inundações e destruição de estruturas de contenção. As chuvas intensas também podem sobrecarregar o sistema de drenagem da cidade, resultando em enchentes e deslizamentos de terra, colocando em risco a vida de pessoas que vivem em morros e áreas de risco.

Além disso, o aumento da temperatura do mar prejudica a vida marinha, afetando a pesca e o ecossistema local. Isso tem um impacto direto na economia da região, que depende muito das atividades portuárias e da pesca.

Orla da praia de Santos devastada após 16 horas de chuva em 2023. Foto: Arminda Augusto

Não dá mais pra esperar

A crise climática não é um problema distante, é uma realidade que já bate à nossa porta. Por isso, o próximo passo é a ação.

Comece hoje a exigir dos seus representantes e das empresas da nossa região compromissos reais com a sustentabilidade. Participe de iniciativas locais, informe-se sobre as políticas públicas de Santos e da Baixada Santista e, principalmente, compartilhe esta informação. Esse é o primeiro e mais importante passo para construir um futuro seguro e sustentável para a nossa geração e para as futuras.