2º Festival CHAI de Vida e Carreira: vem ver a cobertura completa
Tudo o que rolou nesse encontro incrível sobre trabalho e autoconhecimento
Liderança, pensamento analítico e inovação, resiliência, tolerância ao estresse, persuasão e negociação e inteligência emocional foram o centro dos debates do Festival CHAI de Vida e Carreira deste ano.
Se você queria se aprimorar, fazer uma transição de carreira, entender as novas dinâmicas do trabalho ou ainda sente que precisa redefinir sua relação com a vida profissional mas não conseguiu participar, esse resumo é para você!

O CHAI, que é o festival de carreiras que traz aos participantes Conhecimento, Habilidade, Atitude e Inovação, reuniu profissionais, gestores, líderes, estudantes e empreendedores no Juicyhub para ouvir e trocar experiências em um ambiente inclusivo e interativo.
Na abertura, a CEO do Juicyhub, Ludmilla Rossi, deu as boas-vindas aos participantes e agradeceu ao patrocinador master desta edição, São Judas Unimonte.
A CEO ressaltou:
“Santos é o melhor lugar do país para uma transição carreira, mesmo que o mercado seja difícil para quem está começando. Por isso o CHAI está aqui, para desafiar certezas, encontrar algumas saídas e pensar como equilibrar vida e carreira”.
Durante a abertura, Ludmilla chamou a vice-diretora da São Judas Unimonte, Thiciane Lins, para uma palavrinha
“Me encantei pela proposta. O evento é uma necessidade estratégica. Temos uma necessidade de estar aqui para pensar no futuro, precisamos abrir nossas mentes e se adaptar, com inovação”.
“Não se faz inovação sem ensino”, completou Ludmilla.
Outra presença no palco foi Nathalie Monteiro, representando a Prefeitura de Santos:
“Impactamos mais de 6.000 empreendedores, que estão envolvidos nas feiras de economia criativa. Estamos aqui com alguns deles no festival CHAI realizando sonhos”.
O evento conta com o apoio da Leroy Merlin, ACS Jovem, Prefeitura de Santos, Nita Alimentos, Cursino e Teodoro da Silva Advogados Associados, SB7 Som e Luz, Umbu, Mkt Virtual, Minimal Design, VMB Eventos, Programa JB, Motoradio e Marieta Comunicações.
Confira tudo o que rolou no Festival CHAI 2025
Desenhando a Vida e a Carreira – com Amyris Fernandez, phD
Amyris Fernandez é consultora, mentora e professora. No Festival CHAI, ela trouxe uma provocação importante: muitas vezes nos deparamos com os resultados das nossas escolhas e não gostamos do que vemos. Mas por que tomamos certas decisões? Quais medos ou crenças nos levam a seguir caminhos que não nos fazem felizes?
Pensando nessas questões, Amyris desenvolveu uma metodologia voltada a ajudar pessoas a projetarem uma vida mais próspera, leve e feliz — em qualquer fase da vida.
As ferramentas do Design Your Life & Work Life utilizam o mesmo pensamento de design responsável por criar tecnologias, produtos e espaços incríveis. Essa abordagem pode — e deve — ser usada também para desenhar e construir uma carreira e uma vida com propósito. O resultado é uma trajetória de realização, alegria e criatividade constante, sempre aberta a novas possibilidades.
“Meu longo currículo é um dos meus lados, mas é sobre as narrativas que eu quero conversar”, afirmou.
Desde os tempos das cavernas, a humanidade conta histórias. Na época, desenhávamos nas paredes para registrar o que vivíamos. Hoje, continuamos moldando o mundo por meio das narrativas que escolhemos contar.
Amyris iniciou sua palestra com um vídeo em que um homem branco falava sobre escravidão, levantando a pergunta: o que há de errado nessa cena?
“Toda a história é contada pelos vencedores”, destacou.
Ela explicou que os mapas que conhecemos são exemplos claros disso. Foram criados a partir de uma lógica colonialista, que privilegia as potências do chamado “primeiro mundo”.
“O colonialismo veio para apagar o conhecimento dos povos originários e trocar pelo que chamamos de ‘progresso’, mesmo que isso significasse a destruição da natureza”, disse.

Segundo Amyris, a ideia de progresso também serviu como ferramenta para silenciar as mulheres. Ao longo da história, mulheres fortes e determinadas foram rotuladas como loucas, bruxas ou más.
“O sistema é perverso e sempre trabalha a favor dos homens. A própria dinâmica de poder dentro das empresas reduz a confiança da mulher em si mesma.”
Durante a palestra, ela exibiu algumas das frases machistas mais comuns no ambiente profissional — entre elas, “não tente aparecer”.
“Quando uma mulher recebe reconhecimento, dizem que é porque fez algo em troca, não porque é competente”, ressaltou.
Para Amyris, essas narrativas alimentam a competição entre mulheres, reforçando as estruturas do sistema machista. Romper esse ciclo, segundo ela, é um dos primeiros passos para redesenhar não só a vida profissional, mas também a forma como enxergamos o mundo
Durante uma experiência em que se desafiou a subir um monte, Amyris Fernandez percebeu o quanto as narrativas impostas ao longo da vida haviam tirado sua paz.
“Quem impõe um limite para nós do lado de fora está, na verdade, nos contando uma enganação”, afirmou.
Para ela, o primeiro passo para sair dessa armadilha é reconhecer as narrativas e compreender o quanto estão enraizadas no sistema. Só assim é possível romper com elas e trilhar um caminho mais autêntico.
Amyris compartilhou sua trajetória profissional, marcada por reinvenções. Iniciou sua carreira no marketing tradicional, responsável por market fit, produto, precificação, equipe de vendas e comunicação com o mercado. Em 1996, fez a transição para o universo digital — um movimento pioneiro para a época.
Com 43 anos de experiência, Amyris é mestre em Comércio Eletrônico pelo Rochester Institute of Technology e graduada em Comunicação Social pela Universidade Metodista, com foco em games. Fez parte de seu mestrado no Information Technology University, em Copenhague, na Dinamarca. Além disso, possui certificações em Biomimética, Desenvolvimento Sustentável, ESG Management e Finanças para o 3º Milênio.
Desde 2020, dedica-se a seu propósito atual: ajudar pessoas e empresas a encontrarem novos caminhos para crescer de forma sustentável – gerando lucro, mas também impacto positivo no entorno.
“Meu trabalho é, além de me descobrir, ajudar as pessoas a descobrirem quem elas são”.

Um novo networking – com Rodrigo Simonsen
Rodrigo Simonsen, editor e diretor de conteúdo, participou do CHAI com uma proposta provocadora: repensar a conexão em tempos de desconexão. Ele parte da constatação de que vivemos uma crise de solidão, que afeta tanto a vida pessoal quanto as relações profissionais, e propõe um olhar mais humano e profundo sobre os vínculos que formamos, indo além do clichê do networking.
“Quando ouvimos a palavra networking, pensamos em algo predatório ou utilitário. Mas eu quero falar sobre um networking positivo”, explicou.
Rodrigo iniciou sua fala relembrando os primórdios da humanidade. Nossos ancestrais perceberam que, quanto mais fortes fossem os laços com seus filhotes, maiores seriam as chances de sobrevivência. A formação de vínculos salvou a espécie, pois os humanos, frágeis individualmente, descobriram na socialização seu maior poder.
A partir desses vínculos, aprenderam a distinguir amigos de inimigos, antecipar ações, evitar predadores, desenvolver a linguagem e criar sociedades. Ao recontar a trajetória evolutiva da espécie, da disputa entre neandertais e homo sapiens, Rodrigo destacou que a capacidade de conexão foi o que impulsionou o avanço humano até os dias atuais.
“Nunca estivemos tão conectados e, ao mesmo tempo, nunca estivemos tão sozinhos”, observou.
Com o avanço da tecnologia e das novas dinâmicas sociais, a sensação de isolamento aumentou. A solidão, tema amplamente estudado nos últimos anos, especialmente após a pandemia, tem efeitos profundos sobre o corpo e a mente.
“A solidão crônica tem impacto fisiológico. Ela está associada ao aumento de doenças e ao risco de morte prematura. Estar sozinho pode fazer tão mal quanto fumar 15 cigarros por dia”, alertou.
Estudos indicam que a solidão aumenta o risco de doenças cardiovasculares, demência, ansiedade, depressão e outros problemas de saúde.
Inspirando-se em pensadores como Martin Buber, que diferenciava as relações Eu-Tu (autênticas e recíprocas) das Eu-Isso (instrumentais e utilitárias), Rodrigo defendeu que o verdadeiro networking não nasce da estratégia, mas da presença genuína.
Em vez de tratar pessoas como meios, é preciso reconhecê-las como fins em si mesmas. Para ele, os eventos são espaços privilegiados para que esses encontros verdadeiros aconteçam.
“Minha proposta é conectar pessoas a pessoas, pessoas a oportunidades, pessoas a possibilidades de sucesso”.
Rodrigo comparou o processo a um ciclo natural: primeiro é preciso preparar o solo, depois lançar a semente e, por fim, cuidar da planta que nasce com atenção e constância.
Ele também fez uma provocação sobre o uso excessivo da tecnologia.
“Hoje, muita gente está dependente do ChatGPT e, com isso, deixa de desenvolver personalidade e repertório, duas coisas fundamentais para um bom networking”.
Para ele, cultivar conexões autênticas exige bagagem cultural. Ler, assistir, ouvir e se interessar por diferentes expressões culturais é um investimento diário que amplia o olhar e aprofunda o diálogo com o mundo.
Ao desenvolver repertório, as pessoas se tornam verdadeiramente curiosas. São aquelas que fazem perguntas inteligentes e conseguem enxergar caminhos onde outros só veem barreiras.
Rodrigo também falou sobre a importância da expressão pessoal, inclusive na maneira de se vestir.
“Vista-se como alguém que você gostaria de conhecer. A roupa deve expressar quem você é e ajudar a construir sua personalidade.”
Durante a palestra, ele mostrou na prática como fazer um bom networking, de forma envolvente e natural, sem parecer forçado.
“Uma boa pergunta sempre é: o que te trouxe até aqui?”
Para encerrar, Rodrigo reforçou o valor de cultivar os relacionamentos e manter as conexões vivas no dia a dia.
“Pense no poder que tem a frase: lembrei de você.”
Num mundo de gurus, a educação formal AINDA muda o jogo? – Com Thiciane Lins, Flávia Saad e Ludmilla Rossi
Na era dos gurus digitais, em que promessas de sucesso instantâneo e fórmulas milagrosas estão a um clique, a educação formal é constantemente colocada à prova.

Diante da agilidade e do marketing intenso de influenciadores que vendem atalhos para o topo, o ensino tradicional, com seu rigor e ciclos de aprendizado mais longos, pode parecer um caminho lento e fora do ritmo do mundo atual.
O debate mergulhou fundo nessa tensão dos tempos modernos para responder a uma questão essencial: o peso social e a credibilidade de um diploma ainda são os verdadeiros motores da mobilidade social, ou a universidade perdeu o papel de agente transformador?
Segundo Flávia, setenta e cinco por cento dos jovens brasileiros sonham em ser influenciadores, mesmo em um cenário em que há cada vez mais pessoas com diploma.
“Passamos por um período em que a educação buscava democratizar o acesso à informação, mas hoje temos plataformas que oferecem isso de graça. Será uma ilusão de conhecimento ou temos dois caminhos diferentes para aprender e nos formar?”, questiona.
Para a vice-diretora da São Judas Unimonte, esse novo cenário amplia possibilidades, mas exige atualização. É preciso mudar a ideia de que o professor é o único detentor do saber e o aluno apenas um receptor. Hoje, o aprendizado é uma troca constante.
Ludmilla compartilhou sua trajetória: aos dezenove anos, deixou a faculdade para empreender, mas, dez anos depois, decidiu voltar aos estudos.
“Uma das coisas mais valiosas que a universidade oferece é a rede. O trabalho em grupo e o convívio com pessoas diferentes ensinam muito.”
Thiciane complementou afirmando que a experiência universitária vai além do conhecimento técnico.
“É importante estar aberto às possibilidades, ampliar a cabeça e buscar outros cursos.”
Para as três, são essas vivências que criam as oportunidades reais.
Flávia levantou um ponto crucial: o mercado é instável para quem está começando. O que a universidade pode fazer para preparar melhor esses jovens?
Thiciane respondeu: “A universidade vai além da formação para o mercado de trabalho. Precisamos pensar no tipo de profissional que queremos formar. O currículo deve estimular múltiplas habilidades e não apenas a técnica.”
As instituições de ensino também buscam se reinventar diante da influência dos chamados gurus digitais.
Na visão de Ludmilla, o problema não é a educação, mas a falta de inovação.
“Grande parte dos desafios do ensino pode ser resolvida se houver investimento em inovação.”
O debate abordou ainda a relação entre os setores público e privado, conhecida como tríplice hélice — universidade, indústria e governo. Ludmilla destacou a importância de aproximar startups e o poder público das universidades para promover inovação e impacto real.
Thiciane exemplificou com um caso local:
“Santos enfrentava um grave problema de lixo. Professores e alunos de engenharia desenvolveram, em parceria com a prefeitura, um projeto que transformou o lixo em pisos sustentáveis. Isso é entregar à sociedade um produto acadêmico com propósito.”
“Não é o que o mercado está precisando, e sim a sociedade. Isso que a universidade deve ver”, completa.
A educação se apresenta como uma poderosa ferramenta de transformação social, capaz de devolver à sociedade soluções concretas enquanto forma novos profissionais preparados para atuar com consciência e propósito.
“Para acompanhar as novas demandas, reformulamos diversas grades curriculares. Não buscamos apenas formar profissionais técnicos. Hoje, o aluno aprende em muitos lugares, inclusive fora da sala de aula. Cabe à universidade estimular o pensamento crítico”, destacou.
É compreensível que muitos jovens se sintam atraídos por cursos rápidos que prometem enriquecer em poucos dias. No entanto, a universidade se assemelha a uma maratona: um percurso de desenvolvimento, preparo e aprendizado constante, que exige dedicação, mas oferece recompensas mais sólidas e duradouras no futuro.
Escassez de talentos: a geração Z é o problema ou a solução? – Com Erick Sales – Fundador da CriaZ
A busca por profissionais qualificados tornou-se um dos maiores desafios das empresas atualmente. Nesse cenário, a chegada da Geração Z ao mundo corporativo levanta uma pergunta crucial: eles seriam a causa da escassez de talentos ou, na verdade, a chave para a solução?
Para responder, Erick Sales, fundador da CriaZ, consultoria especializada em gestão e comunicação com foco nas novas gerações, trouxe uma análise profunda e provocativa. Ele explorou os desafios, os anseios e o potencial de uma geração que redefine carreira e sucesso, oferecendo novas perspectivas sobre como atrair, reter e potencializar talentos que moldam o futuro do trabalho.
Erick convidou o público a participar ativamente, transformando a palestra em um bate-papo informal.
“É engraçado falar que a Geração Z é um problema”, disse, provocando reflexão.
Jornalista hiperativo e questionador por natureza, Erick fundou a CriaZ, plataforma pioneira em educação corporativa voltada para treinar líderes a conduzir profissionais da Geração Z. Ao longo de sua carreira, coordenou desde campanhas políticas até estratégias de marketing em grandes corporações, fintechs e startups. Essa trajetória permitiu observar, com olhar jornalístico, onde surgem gargalos entre operação e liderança, muitas vezes causados por choques geracionais.
Hoje, como palestrante e empreendedor, Erick desenvolveu um programa que já ajudou dezenas de líderes a engajar e gerar resultados com seus times da Geração Z. Além disso, atua como consultor de marca pessoal e B2B creator, com parcerias e conteúdos produzidos para empresas como Sesame HR, RH Summit, Editora Sextante, Oracle Sistemas e Sistema FVS.
A CriaZ foca em treinar líderes para lidar com uma geração marcada por alta rotatividade e falta de engajamento.
“Não adianta dizer a um jovem que ele não é produtivo. Isso não resolve nada”, afirmou. Segundo ele, falar da Geração Z muitas vezes se resume a críticas superficiais.
Para contextualizar, Erick apresentou dados sobre o mercado de trabalho. O Brasil vive realidades contraditórias: ao mesmo tempo em que a taxa de desemprego é a menor da história, 81% dos recrutadores relatam escassez de mão de obra. O mesmo ocorre em áreas como tecnologia da informação e marketing, onde há profissionais, mas ainda assim há falta de talentos qualificados.
“Temos muitos profissionais iniciantes, mas eles não estão evoluindo para posições sêniores”, explicou Erick.
Ele destacou que a Geração Z troca de emprego com frequência e muitas vezes não consegue se desenvolver internamente. Isso gera um ciclo de rotatividade que dificulta a seniorização.
Além disso, os requisitos excessivos para cargos de entrada acabam desmotivando jovens talentos.
“Não faz sentido pedir anos de experiência para um júnior. Isso só faz com que eles busquem oportunidades fora da empresa”, explicou.
A rotatividade é um problema real: a Geração Z não costuma permanecer mais de nove meses na mesma empresa, representando cerca de um terço do mercado. Esse movimento constante gera custos altos e exige das empresas estratégias mais inteligentes para atrair e reter talentos.
Se a juventude não for devidamente desenvolvida, o problema persiste. Muitas empresas ainda não enxergam a Geração Z como potenciais profissionais plenos.
Erick começou destacando a proximidade entre os millennials e a Geração Z, mostrando o quanto compartilham experiências e referências culturais.
“A Geração Z já está chegando aos 30 anos, e ainda assim as empresas os tratam como crianças. Eles não são adolescentes, são adultos”, ressaltou.
Outro problema relevante foi a pandemia, que tirou da Geração Z a transição entre adolescência e vida adulta, o que gera ruídos no mercado de trabalho.
“Quando me perguntam se a Gen Z é um problema ou solução, a resposta é: solução. Se 30% do trabalho for um problema, nosso futuro não tem esperança”.
Quem não se mostra, não é lembrado: marketing pessoal e networking para crescer – com Julia Carrilo, empresária e jornalista
Em um mundo cada vez mais conectado e competitivo, destacar-se vai muito além da competência técnica. É preciso saber se posicionar, comunicar com propósito e construir conexões estratégicas. Foi com essa proposta que Julia Carrilo conduziu sua palestra, mostrando como o marketing pessoal, da postura à vestimenta, do jeito de falar à forma de se relacionar, pode abrir portas em qualquer fase da carreira.
“Antes de falar sobre marketing pessoal, gosto de contar como entrei nesse caminho”, introduziu Julia.
Estrategista digital e empreendedora, Julia é apaixonada por conectar pessoas e gerar oportunidades. Ela ajuda profissionais e empresas a se destacarem por meio do marketing pessoal, do networking e de estratégias inteligentes de comunicação. Atualmente, coordena a ACS Jovem, núcleo da Associação Comercial de Santos que tem o foco em estimular o empreendedorismo na região.
“Minha paixão por estratégia veio do xadrez”, contou.
Essa paixão foi o ponto de partida para sua trajetória no marketing, área na qual acredita ter o poder de transformar vidas e fortalecer marcas pessoais. Inspirada pela mãe, Julia sempre buscou ser a melhor no que fazia, e essa mentalidade se tornou um diferencial quando entrou no mercado de trabalho.
“Nada pode parar a gente quando a gente quer, mas também precisamos das pessoas o tempo todo”, afirmou.
Para ela, o marketing pessoal é o uso estratégico da própria imagem e das habilidades profissionais. Não se trata de criar uma persona falsa, mas de saber valorizar as qualidades e destacar o que torna cada um único.
“Você deixa rastro ou deixa pegadas? Vocês deixam sua marca por onde passam?”, provocou Julia.
Segundo a palestrante, o marketing pessoal se constrói em três etapas. A primeira é definir como você quer ser percebido. A segunda é estabelecer quais valores deseja que associem ao seu nome. E a terceira é identificar o que o torna singular.
A postura, a imagem, a forma de se vestir e de se comunicar fazem parte dessa construção. Julia relembrou um episódio marcante:
“Eu ia de calça rasgada, Vans e camisa xadrez pedir para cuidar das redes sociais de restaurantes. Até que percebi que algumas pessoas esperavam uma imagem mais formal”.
Com o tempo, ela aprendeu a equilibrar autenticidade e adequação, sem abrir mão da própria essência.
O comportamento nas redes sociais também é determinante. É preciso refletir sobre a imagem que se quer transmitir.
“Aprendi ao longo do tempo o poder do networking estratégico. Participar de eventos, estar em palestras e conhecer pessoas diferentes faz muita diferença”, destacou.
Julia reforçou ainda a importância do LinkedIn como vitrine profissional. A plataforma permite construir pontes e ampliar oportunidades, desde que usada com autenticidade, compartilhando aprendizados, reflexões e experiências reais.
“Ser autêntico é o que o mercado mais cobra hoje”, concluiu.
O storytelling também tem um papel essencial na construção da imagem profissional.
“Quando quiser se apresentar, pense na estrutura: o antes, que é o contexto; os desafios enfrentados; as ações realizadas e os resultados alcançados”.
Essa forma de narrativa ajuda a valorizar conquistas e destacar o que há de único em cada trajetória.
Além das histórias que contamos, os comportamentos também constroem a percepção que os outros têm de nós. Pontualidade, proatividade, comunicação clara, escuta atenta e participação respeitosa são atitudes que fortalecem a reputação profissional.
“A cada reunião, reflita sobre como sua presença é percebida pelas outras pessoas”.
Ao final da palestra, Julia deixou um recado:
“Só é loucura até vocês realizarem. Vão atrás do sonho de vocês”.
Toda sombra é uma semente de luz – com Joana Madia, comunicadora, palestrante e autora
Em uma palestra com tom íntimo e sensível, Joana compartilhou uma história de dor, resistência e renascimento, mostrando que mesmo nos momentos mais sombrios é possível reencontrar a luz dentro de si.
A proposta foi um convite à reflexão sobre cair e levantar, quebrar e reconstruir, encarar a morte de perto e, finalmente, voltar a viver de verdade.
“Talvez eu me emocione em alguns momentos, conto com a pausa de vocês para respirar. É a primeira vez que torno pública uma história que aconteceu na minha vida”, disse ao iniciar.
Joana contou que conheceu a morte de perto e, por isso, escolheu trazer esse tema ao CHAI.
“Estamos nos tornando máquinas de desempenho, escravos de uma liberdade que exige produtividade constante”, recitou.
Ela abordou como a sociedade corporativa atual está adoecendo emocionalmente, presa a uma busca incessante por produtividade.
“Já atendi muitos executivos em burnout. Tomar remédio virou algo normal”.
Além da pressão profissional, Joana refletiu sobre o momento geopolítico turbulento e a polarização social, destacando sua missão de construir pontes em meio aos extremos.
“Todos os dias vejo pessoas sangrando por dentro. Um dia eu também sangrei, mas, assim como sangrei, hoje sou uma mulher muito feliz e realizada”.
Mãe de Vivi e Gabi, Joana trabalhou por mais de uma década em multinacionais, atuando em marketing e contribuindo para o crescimento de grandes empresas. Até que decidiu deixar o mundo corporativo, buscando um novo sentido para sua vida.
Fundou então uma joalheria boutique, onde cada peça nasce da essência e da história de quem a procura. Mas, mesmo nesse novo caminho, percebeu que os padrões de exaustão e cobrança se repetiam.
Foi assim que iniciou mais uma transição de carreira, agora voltada ao desenvolvimento humano. Hoje, atua com coaching, mentoria de alta liderança, mediação de conflitos e palestras, sempre guiada pelo propósito de tocar corações e inspirar transformação.
“Hoje sou feliz, mas nem sempre foi assim”, revelou antes de narrar a parte mais dolorosa de sua trajetória.
Joana contou que foi violentada sexualmente aos sete anos de idade.
“Os abusos deixaram de ser físicos e se tornaram morais e emocionais. Foram mais sete anos de convivência com aquele inferno, até o dia em que tive coragem de contar. A única certeza que eu tinha era a de que nunca mais passaria por isso”.
Aos dezoito anos, foi novamente vítima de violência, dessa vez por um estranho na rua.
“Durante um tempo, eu não vivi. Meio morri, meio sobrevivi. Era um ser meio morto-vivo tentando caminhar”.
A partir desse ponto, iniciou uma jornada profunda de reconstrução.
“Um dia, minha mãe me disse: ‘não sei o que fazer para te ajudar, vamos para a terapia?’”
Foi o início da escalada de Joana, do seu Everest pessoal.
“Da mesma forma que larguei o mundo corporativo para abrir meu negócio, estava pronta para escalar a maior montanha dentro de mim”.
Ela relatou que a cura física é muito mais simples que a emocional. Enfrentou o descrédito das pessoas e o peso da culpa injusta, mas aos poucos reconstruiu sua vida, dia após dia.
Foram seis meses de espera por um exame que confirmaria se tinha HIV. Quando recebeu o resultado negativo, sentiu-se finalmente livre para viver.
“Meu maior objetivo é minha evolução, não a comparação com os outros”.
Para Joana, cada pessoa tem o seu Everest. E o que um dia foi dor, com o tempo pode se transformar em força e alegria.
“É difícil, mas é uma escolha, uma escolha por nós mesmos”.
Encerrando, Joana afirmou que sua história, com todos os altos e baixos, é motivo de gratidão.
“Minha história é linda e maravilhosa, mesmo com os desafios. Se eu não tivesse passado por eles, não estaria onde estou hoje. Eu saí do inferno e sei que, quando os desafios aparecem, posso enfrentá-los”.
Quem segura sua bicicleta? O segredo das jornadas extraordinárias – com Brunna Farizel e Lucas Moreira
Brunna Farizel e Lucas Moreira são casados e fundadores da SPLASH Bebidas Urbanas, uma franquia que hoje conta com lojas em diversos estados do Brasil e também em Portugal.
O casal capixaba começou a empreender junto ainda nos primeiros seis meses de namoro. Desde então, viveu fases intensas no mundo dos negócios, algumas marcadas por fracassos, outras por aprendizados que fortaleceram a parceria e a confiança entre eles. Com o passar do tempo, recalcularam caminhos, aprenderam na prática e, com a chegada da primeira filha, decidiram novamente enfrentar o desafio de criar algo próprio. Vieram ao CHAI para compartilhar uma história de coragem, resiliência e amor.
“Eu seguro a bicicleta do Lucas e ele segura a minha. Isso nos ajudou nos momentos mais difíceis”, contou Brunna.
Os dois se conheceram na faculdade em Vila Velha (UVV), durante festas universitárias.
“Em uma semana já estávamos namorando. Depois de seis meses decidimos abrir uma empresa”, relembrou.
A primeira tentativa nasceu em 2008, em um evento chamado Sabor no Empreendedor, mesmo sem experiência anterior.
“Tudo que a gente podia fazer de errado, a gente fez”, contou Lucas, sorrindo.
O casal alugou um escritório e montou toda a estrutura, mas ainda não tinha clientes. Lucas, que recebia ajuda financeira dos pais para estudar, decidiu deixar tudo para se dedicar ao negócio e acabou assumindo todas as despesas.
“Minha energia foi cortada algumas vezes, então eu dormia no escritório”, lembrou.
Sem desistir, abriram uma nova empresa: uma loja de roupas femininas com peças compradas no Brás, em São Paulo. A loja funcionava dentro do próprio escritório e permaneceu ativa por dois anos e meio, até que perceberam que haviam acumulado uma dívida de 13 mil reais.
“Choramos muito e decidimos tomar uma atitude”, contou Brunna.
Em vez de desistirem, resolveram mudar para São Paulo em busca de oportunidades que lhes permitissem quitar as dívidas.
“Entregávamos currículos em todos os shoppings, de porta em porta na Avenida Paulista. Queríamos trabalhar com vendas”, disse Lucas.
Mesmo diante das dificuldades, o casal mantinha a esperança. “Chegamos sem nada e tivemos que pedir dinheiro a um tio para pagar o aluguel.”
Com uma estratégia clara, decidiram buscar vagas em empresas sólidas ou próximas de pessoas influentes.
“A estratégia é fundamental para chegar ao próximo nível”, destacou Lucas.
Brunna conseguiu uma vaga em uma consultoria voltada para salões de beleza e, logo depois, foi contratada por uma empresa de móveis. Em apenas três meses, tornou-se uma das melhores vendedoras e recebeu uma premiação. Sua performance chamou atenção e ela construiu uma carreira de 11 anos na empresa, passando por várias funções.
Enquanto isso, Lucas começou a trabalhar em uma empresa de uma das apresentadoras do programa O Aprendiz. Pouco tempo depois, passou a atuar em uma loja de ternos, algo temporário até surgir uma nova chance.
“Estava andando pela Avenida Paulista e vi o nome de uma das empresas do Shark Tank. Enviei um e-mail para José Carlos Semenzato. Para minha surpresa, ele respondeu e me chamou para uma reunião”, contou Lucas.
Sem dinheiro e desempregado, ele foi ao encontro acreditando que teria a chance de apresentar um projeto ou conseguir uma vaga. Ao chegar, descobriu que se tratava de um coffee break voltado à venda de franquias. Mesmo assim, aproveitou a ocasião e fez uma contraproposta ousada, que lhe rendeu uma vaga como gerente de expansão.
Mais tarde, passou por grandes empresas, entre elas a Cacau Show.
“Saí da faculdade antes de me formar e fui reprovado em um processo seletivo por não ter diploma. Enviei um e-mail diretamente ao dono da empresa e o encontrei em um evento, dizendo que não fazia sentido ser eliminado apenas por isso”, relatou.
Algum tempo depois, foi contratado pela mesma companhia, já com o diploma em mãos, uma prova de que persistência e atitude abrem portas que a experiência formal ainda não reconhece.
Mais tarde, recebeu o convite para ser dono de uma franquia chamada Brigaderia.
Com o conhecimento acumulado e inspirados pela chegada dos filhos, Brunna e Lucas começaram a desenhar um novo modelo de negócio. A ideia da SPLASH surgiu após participarem de um curso chamado Liderança 360º, que transformou a jornada do casal e marcou o início de uma nova fase em suas vidas.
A ideia de empreender veio como tentativa de poder ter mais tempo com a filha que estava chegando. Para eles o sucesso nasce do incômodo, ou o problema, que leva ao esforço para criar algo que leva ao sucesso, como sua história sempre exemplificou.
Hoje, o casal é dono de uma franquia que conta com lojas até em Portugal. O único jeito de chegar nesse resultado foi segurando a bicicleta um do outro.
Quando a IA sabe tudo, o que fica pra gente? – com Rodrigo Vergara, Amanda Corral e Renato Wenes
Grandes líderes da área de Recursos Humanos se reuniram para discutir o que vai mudar o jogo das contratações e promoções nos próximos anos. O painel propôs uma reflexão sobre o que empresas e profissionais precisam começar a desenvolver hoje para impulsionar a prosperidade dos negócios e das pessoas.
“A gente está falando de inteligência artificial, um universo que se desenvolve muito rapidamente, mas no qual ainda é impossível ter certezas ou afirmar qualquer coisa categoricamente. Mesmo assim, vamos tentar entender como isso impactará o futuro”, iniciou Rodrigo.
O debate foi guiado pelas percepções e experiências de Amanda e Renato, ambos com ampla atuação em RH.
A inteligência artificial vem transformando muitos processos do setor, especialmente nas tarefas repetitivas e na análise de grandes volumes de dados. No recrutamento, por exemplo, algoritmos podem filtrar currículos, identificar padrões de sucesso, sugerir candidatos com base em desempenho e otimizar o tempo das equipes. No desenvolvimento de pessoas, a IA pode apontar lacunas de competências e propor trilhas personalizadas de capacitação, atuando como uma espécie de “copiloto” para consultores e colaboradores.
Segundo o ChatGPT, essas tecnologias podem trazer eficiência e inovação, mas também levantam dilemas éticos e desafios relacionados à transparência, ao viés dos algoritmos e à percepção de justiça dentro das empresas.
Amanda reforçou que a IA deve ser vista como uma aliada, mas não como substituta da sensibilidade humana:
“Não dá para não usar a IA, especialmente na área de gestão de pessoas. Ela é essencial para lidar com o grande volume de dados, mas há coisas que ela não substitui. A IA agrega a partir de padrões, mas o que foge do padrão ainda depende da nossa capacidade humana. Precisamos saber fazer boas perguntas”.
Ela destacou que a escolha de um profissional vai além dos dados:
“Selecionar alguém para um cargo envolve aspiração, potencial, desejo de crescer. Não podemos nos basear apenas nas informações que a IA nos entrega. Existem percepções subjetivas que precisam ser consideradas”.
Renato concordou com a colega e relembrou o contexto da pandemia, quando muitas empresas recorreram à tecnologia para aumentar a produtividade:
“Desde a pandemia sentimos a necessidade de tornar nossos processos mais ágeis. Passamos a usar ferramentas de IA focadas em recrutamento e seleção, mas percebemos que precisávamos de um filtro humano mais apurado. Não dá para depender só da tecnologia”.
Amanda acrescentou outro ponto importante: os currículos criados por ferramentas de IA.
“Muitos candidatos nos enviam currículos feitos pelo ChatGPT. Mas a verdade ainda prevalece no processo seletivo — e essa prática pode acabar excluindo pessoas, já que o conteúdo gerado nem sempre reflete a realidade do candidato”.
Renato concluiu reforçando o papel ativo do profissional diante da tecnologia:
“A IA potencializa o que a gente já pensa e ajuda na solução de problemas. Mas é preciso saber fazer as perguntas certas e ter repertório próprio. Se não cuidarmos da nossa capacidade de aprender e de nos manter atualizados, corremos o risco de ser direcionados pela IA para caminhos errados”.
Vender sem medo: um novo olhar para conquistar sucesso na carreira e na vida – com Lorelay Carvalho
Nascida e criada na Zona Leste de Santos, sem rede de contatos herdada ou privilégios de berço, Lorelay Carvalho construiu uma trajetória que parece roteiro de cinema: da demissão inesperada aos escritórios do Facebook (hoje Meta) e do Yahoo!, passando por eventos em toda a América Latina e na Espanha.
Mas a grande revelação de sua palestra não foi sobre sorte nem sobre timing perfeito. Foi sobre algo muito mais concreto: a arte de negociar, se posicionar e construir relacionamentos genuínos.
“Vender, gente, é influenciar. É gerar valor. É despertar uma visão na pessoa que ela nem imaginava”, afirmou logo no início, desconstruindo a imagem negativa que muitos ainda têm das habilidades comerciais.
Para Lorelay, negociar não é empurrar produtos nem manipular pessoas — é exercer empatia, comunicar com clareza e criar valor para ambos os lados. E essa habilidade, segundo sua própria história, foi o que a levou da Baixada Santista ao coração do Vale do Silício.
Um dos momentos mais marcantes da palestra foi o relato de uma entrevista que mudou sua vida. Recém-chegada de um curso na Califórnia, ela foi indicada por um contato de networking para uma vaga que descreveu com humor como “marketing, eventos e gays”.
“Percebi que a estratégia da humildade não ia funcionar. Eu precisava me vender”, contou.
Em vez de recitar seu currículo, ela fez perguntas, ouviu atentamente e procurou entender o que o entrevistador realmente precisava. Quando percebeu que poderia ajudar, abandonou o roteiro mental e apresentou uma solução sincera para o problema que tinha acabado de identificar.
O resultado? Conseguiu o emprego que a levaria a organizar eventos por toda a América Latina e na Espanha, tornando-se trilíngue no processo. Anos depois, essa mesma entrevista seria usada como exemplo de negociação eficaz.
Uma das metáforas mais poderosas da palestra foi a da “nascente do rio”. Lorelay explicou que a maioria das pessoas busca oportunidades onde o rio já está cheio — onde há competição intensa e o ambiente está saturado. Mas quem constrói relacionamentos de qualidade e se posiciona como fonte de valor está na nascente, onde a água é limpa e as oportunidades aparecem primeiro.
Ela reforçou o ponto com uma frase que deixou o público em silêncio:
“Nenhum dos lugares em que trabalhei foi por candidatura. Fui convidada em todos.”
Não era arrogância, e sim o reflexo de anos cultivando conexões verdadeiras. O mesmo contato que a indicou para a primeira vaga reapareceu anos depois, mostrando que networking não é quantidade, mas confiança e reciprocidade.
“Entendi que networking não é sobre ter muitos contatos, e sim relações de qualidade.”
Já consolidada em uma posição LATAM, Lorelay recebeu uma proposta arriscada: trocar um emprego estável por um contrato temporário de nove meses no Facebook. A insegurança era grande, até que uma mentora lhe deu um conselho decisivo:
“Na pior das hipóteses, é um curso. Um MBA remunerado. E você vai poder colocar Facebook no currículo.”
Essa mudança de mentalidade — enxergar riscos como aprendizado — fez toda a diferença. Ao fim do contrato, surgiu uma nova oportunidade e ela foi transferida para os Estados Unidos. O que poderia ter sido um fracasso se tornou trampolim.
A mesma lógica vale para as adversidades. Lorelay contou sobre o que chamou de “pior dia da vida”, quando perdeu uma amiga próxima, e como até daquela dor surgiu algo bom: uma nova união entre seus amigos. “O pior dia da minha vida teve algo bom”, disse, emocionada.
Anos depois, já no Facebook, ela viveu outro ponto de virada: diante de uma reestruturação, escolheu ser demitida para tirar um ano sabático. Não foi sorte, foi preparo — resultado de planejamento financeiro e disciplina.
“Precisamos perder o estigma de falar sobre dinheiro. Liberdade de escolha só existe quando temos recursos e preparo para abraçar as oportunidades, inclusive a de parar.”
Lorelay encerrou a palestra com lições práticas para o público:
- Redefina o que é vender: substitua “empurrar” por “ajudar” e “conectar”. Como ela diz, “para uma venda ser bem-sucedida, os dois lados precisam sair felizes.”
- Pratique o follow-up na vida: mantenha contato genuíno com sua rede. “Se não colocarmos intenção nisso, o dia a dia consome a gente.”
- Prepare-se antes da oportunidade: “Muita coisa é construída no caminho, mas só aproveita quem já tem as ferramentas prontas.”
- Reenquadre os riscos como aprendizado: encare o medo como um convite para crescer.
Se há uma mensagem que ficou ecoando após a palestra, é que habilidades comerciais não são opcionais — são essenciais para quem quer ter mais autonomia e propósito. E não se trata de virar vendedor, mas de saber comunicar seu valor, criar conexões autênticas e se posicionar onde as oportunidades nascem.
Como resumiu com confiança:
“Se vocês têm as competências técnicas, fazem um bom trabalho e ainda sabem se vender, é um foguete.”
E, pelo visto, Lorelay sabe bem o que diz. Afinal, decolou da Zona Leste de Santos direto para a estratosfera.
O fim do mundo é perto do recomeço – e nós podemos provar – com Fernanda e Noelma Biasin
Duas mulheres, duas mochilas, dois cachorrinhos e um portal marcando a fronteira entre Argentina e Chile. Uma “terra de ninguém”, como elas definem, aquele limbo onde os planos quebram e as possibilidades nascem.
Foi desse lugar — literal e simbólico — que Fernanda e Noelma criaram uma palestra que, embora pareça sobre viagens, é na verdade sobre urgência, coragem e a arte brutal de recomeçar quando a vida apaga o mapa.
A pergunta que abriu a conversa cortou como bisturi:
“E se amanhã você recebesse uma notícia que mudasse completamente o rumo da sua vida, estaria vivendo o que realmente te importa?”
Para elas, essa não foi uma pergunta retórica. Foi real. E tudo começou em 2016.
Fernanda era fisioterapeuta, Noelma, educadora física. Carreiras estáveis, rotina organizada, planos convencionais. Até que um diagnóstico chegou como um soco: linfoma, possivelmente agressivo. De repente, o mundo parou.
“Reorganizamos tudo: finanças, dívidas, estilo de vida. Vendemos o carro grande, compramos um mais simples. A gente se preparou para o tratamento”, contaram.
A pausa forçada trouxe medo, mas também uma reflexão incômoda sobre arrependimentos — aquelas histórias de quem espera a aposentadoria para viver um sonho e nunca chega lá.
Então veio a reviravolta. Em 2017, o “bilhete premiado”: o diagnóstico foi revisto, pseudolinfoma benigno. Alívio, lágrimas, respiração funda. E uma frase que virou a chavinha de tudo:
“Já que iríamos parar para tratar de uma doença, por que não parar para realizar um sonho?”
A lógica era simples e radical. Se a vida pode mudar a qualquer momento, por que adiar o que importa?
Não foi impulso. Foi estratégia. Durante um ano, estudaram como viabilizar o sonho: aprenderam sobre investimentos, monetização digital, edição de foto e vídeo, marketing de afiliados. Criaram um Instagram para reduzir custos com parcerias e permutas.
Venderam o apartamento, alugaram um estúdio, encheram as mochilas e partiram rumo à Europa com os dois cachorrinhos. O objetivo: conhecer os 27 países da União Europeia.
E estavam voando, até que veio o segundo fim do mundo.
Em Luxemburgo, tudo fechou. Pandemia. Passagens remarcadas, depois canceladas. Sem casa no Brasil, sem emprego, sem renda fixa. O caos voltou, mas dessa vez com uma diferença: elas já sabiam recomeçar.
Foi nesse contexto que surgiu a ideia que mudaria tudo: “E se a gente viajasse com a nossa própria casa?” Entrou no radar a mítica Ruta Pan-Americana, que vai de Ushuaia, no extremo sul da Argentina, até o Alasca. Mais de 30 mil quilômetros de estrada, neve, deserto e montanha.
Mas para isso, precisavam de um motorhome. E sem dinheiro sobrando, restava uma solução: construir com as próprias mãos.
Compraram uma van, desmontaram tudo e começaram a transformá-la em uma casa sobre rodas, sem qualquer conhecimento técnico.
“Tínhamos um sonho e um tio YouTube, e era tudo o que a gente precisava para começar”, brincaram.
Aprenderam elétrica, gás, marcenaria, hidráulica. Erraram, consertaram, tentaram de novo. Escolheram o motor errado, quebraram sete vezes, gastaram a reserva financeira. Mas não desistiram.
Quando finalmente ficou pronto, batizaram a van de Bidu. E partiram rumo ao “fim do mundo” — o bom, dessa vez.
Adaptar-se a viver em cinco metros quadrados foi o primeiro desafio. Água, banho, cozinha, sono, tudo precisou ser repensado. Mas o maior teste veio antes mesmo de cruzar a fronteira: o motor quebrou. Resultado: 45 dias morando numa mecânica argentina, dependendo da bondade de estranhos.
“A estrada não é feita apenas de lugares maravilhosos, e sim de pessoas incríveis”, disseram.
A rede de apoio que encontraram mostrou que compaixão é moeda corrente quando se está vulnerável.
Finalmente, chegaram ao portal icônico de Ushuaia. Dois meses sob neve, nevasca e isolamento. E uma sensação avassaladora: conquista.
Se o sul foi neve, o norte foi fogo. Calor extremo, preocupação com os pets, bloqueios políticos na Argentina, no Peru e na Bolívia. Insegurança como mulheres viajando sozinhas. Dificuldades logísticas para receber produtos de marcas parceiras.
A solução? Pivotar de novo. Voltaram ao Brasil, reformaram o Bidu com novas parcerias, fizeram uma expedição pelo Nordeste e focaram 100% na produção de conteúdo. O resultado veio rápido: parcerias com Itaú, Insider, Stanley. O projeto decolou.
Mas o ritmo virou piloto automático. Trabalho intenso, pressão constante, até que o corpo cobrou: perfuração de tímpano, infecções, cirurgia. O recado foi claro — hora de parar. Venderam o motorhome, alugaram uma casa, pausaram tudo.
Decidiram voltar à Itália, onde tudo havia começado, mas desta vez sem metas, sem prazo, apenas para viver. Regularizaram a estadia, passaram três meses em uma cidade pequena e encontraram uma comunidade brasileira acolhedora.
Foi então que amigos as convidaram para uma viagem de motorhome pela Toscana. Elas compartilharam a experiência nas redes — e o inesperado aconteceu: uma enxurrada de mensagens de pessoas dizendo que também sonhavam em fazer aquilo, mas tinham medo.
Assim nasceu o Mundo e Elas Expedições, um projeto para transformar experiência em serviço.
Cinco anos de estrada, sete guinchos, neve, calor, pandemia, diagnósticos, fronteiras e recomeços viraram combustível. Elas criaram roteiros guiados de motorhome, levando outras pessoas a viver o que viveram, mas com segurança, planejamento e acolhimento.
A primeira expedição, na Toscana, em março de 2025, foi um sucesso. A próxima, em março de 2026, já está com todos os motorhomes reservados. Novos roteiros estão sendo desenhados.
O que parecia o fim virou o início de um negócio.
Fernanda e Noelma não deixaram a plateia apenas emocionada, mas com um manual prático de recomeço:
- Aceite o caos como parte do plano.
Planos mudam. Respire, racionalize e siga. Se não fizer mais sentido, mude. - Crie coragem com ação, não com espera.
Esperar não elimina o medo. Agir, sim. O “momento certo” é uma ilusão. Comece pequeno, mas comece. - Recalcule a rota sempre que necessário.
A vida não é uma estrada reta. Ela tem curvas. Ajuste o caminho sem culpa. - Celebre o recomeço — você nunca começa do zero.
Cada queda acumula experiência. Cada fim é combustível para o próximo começo.
As palestrantes encerraram com um roteiro de ação para quem estava na sala (e para quem está lendo agora):
- Defina seu recomeço hoje. Escreva qual recomeço você tem adiado e liste três microações para executar em 72 horas.
- Faça uma limpeza financeira. Quite dívidas, renegocie, venda o que não usa, crie um fundo de emergência.
- Adote o plano 3×3. Três tarefas pequenas em três dias relacionadas ao seu sonho.
- Recalcule mensalmente. Revise planos, ajuste o que não fizer sentido.
- Construa comunidade antes de precisar. Contribua, ofereça ajuda, compartilhe aprendizados.
- Transforme experiência em oferta. Mapeie dores da sua audiência e crie algo útil, como elas fizeram.
A palestra terminou com uma frase que fez a sala prender a respiração:
“O mundo não acaba quando o plano falha; ele começa quando você decide seguir mesmo assim.”
Fernanda e Noelma não têm coragem sobrenatural. Elas têm medo — e mesmo assim vão. Não esperaram o momento certo, não tinham garantias. Tinham um sonho, um “tio YouTube” e a certeza de que viver vale mais do que esperar.
Hoje, com mais de 500 mil seguidores, 11 países visitados, três continentes percorridos e um negócio nascido da própria estrada, provam que recomeço não é romantização. É operação. É aceitar o caos, agir sob medo, recalcular sempre e celebrar cada passo.
E deixaram uma última pergunta no ar, tão direta quanto a primeira:
“Qual o recomeço que você tem adiado?”
Porque, como elas mesmas dizem, a espera só aumenta o medo. E o fim do mundo, afinal, é apenas o recomeço.
Estratégia ou sorte? Os momentos, pessoas e as ideias que mudaram nossas vidas e carreiras – com Konrad Dantas
Em uma palestra brutalmente honesta, Konrad Dantas desconstruiu o mito do sucesso instantâneo e mostrou como transformou clipes de funk em um império de 68 milhões de inscritos. Não pela arte, mas pela estratégia.
A apresentação começou com uma imagem improvável: um escritório na favela do Guarujá, distante da versão turística da cidade litorânea. Nada inspirador. Era um “cativeiro”, como o próprio KondZilla descreve.
Mais tarde, em São Paulo, ele alugou um apartamento onde a equipe morava e trabalhava ao mesmo tempo. A mobília era improvisada: uma TV no chão e um sofá de escritório. Tudo para economizar cada centavo.
O dilema era simples e sufocante:
“O que eu faço? Saio da favela ou monto um escritório?”
Hoje, Konrad Dantas, conhecido mundialmente como KondZilla, é o fundador do maior canal do YouTube da América Latina, com 68 milhões de inscritos e mais de 40 bilhões de visualizações. Foi indicado ao Emmy Internacional, três vezes ao Grammy Latino, criou a série Sintonia (top 1 global na Netflix) e cursa educação executiva em Harvard.
Mas o que ele trouxe ao Juicy Santos não foi uma história de glamour. Foi uma aula sobre estratégia de negócios, engenharia financeira e a anatomia do verdadeiro sucesso.
“O que dá o dinheiro é o fim, mas é mais fácil você comunicar o meio.”
Antes da fama, a realidade era dura. Sua ambição inicial não era construir um império — era apenas comprar uma câmera e uma lente de cinema. Enquanto isso, sobrevivia de merchandising, porque os clipes mal pagavam as contas.
O episódio do boné vendido no Pânico na TV resume bem o início: ele comercializou mil unidades, mas tinha só 600 reais na conta e enfrentou um pesadelo logístico para entregar os pedidos. Foi ali que aprendeu, na marra, o que significava fluxo de caixa e antecipação de recebíveis.
“Quanto mais a gente trabalha, mais sorte a gente tem.”
A frase veio com o peso de quem entende que sorte é apenas preparo encontrando oportunidade.
Em 2011, prestes a desistir do audiovisual, recebeu um convite para dirigir o DVD do Charlie Brown Jr. Recusou duas vezes, até ouvir de um ex-chefe uma frase que mudaria tudo:
“Acho que o Chorão não vai bater na tua porta de novo.”
Aceitou. Pagou as dívidas, conquistou a confiança da banda e ganhou um apelido que lhe abriu portas: o “moleque do Charlie Brown”. A virada real veio dois anos depois.
Em 12 de agosto de 2013, revisitou o canal no YouTube, abandonado havia meses, e descobriu que já tinha 198 mil inscritos e 22 milhões de visualizações. Foi o que ele chamou de “a estratégia do Post-it”.
A lógica era clara: divulgadores de funk faturavam 40 mil reais por mês apenas repostando clipes, enquanto ele, o produtor, mal cobria custos.
“Comecei a fazer clipe de graça em troca de 100% do YouTube. Aí eu fiquei rico.”
A plateia riu e aplaudiu. A simplicidade da frase traduzia a mente de quem não só venceu o jogo, mas reinventou as regras.
Com a demanda explodindo, KondZilla precisava produzir até dez clipes por semana. A resposta foi inovação: em vez de pagar por diária, passou a pagar por projeto. O modelo premiava eficiência. Surgiu então o “Framework de Pedro” — um dia de filmagem, um e meio de edição, meio dia para revisões. O processo virou escala.
Quando um grande cliente tentou monopolizar sua produção, ele reagiu oferecendo o mesmo serviço aos concorrentes, pulverizando o mercado e fortalecendo o próprio ecossistema.
- A evolução do negócio seguiu uma lógica implacável:
- Exigir que todo conteúdo fosse lançado no canal KondZilla.
- Criar uma editora para controlar os direitos autorais das músicas.
- Dividir a receita do YouTube com os artistas, transformando seu nome em selo de qualidade.
- Produzir clipes de graça em troca de 100% da receita digital.
Mas a aula mais valiosa veio com a história da Sony. Em 2019, recebeu uma proposta milionária de “adiantamento de royalties” e descobriu, ao estudar o contrato, que se tratava de um empréstimo com juros entre 30% e 70%.
“As gravadoras pegam dinheiro a 3% ou 4% ao ano nos Estados Unidos e emprestam no Brasil com margens absurdas. Gravadora não grava e estúdio não filma, são players econômicos.”
A trajetória de KondZilla como palestrante começou com o que ele chama de “a maior humilhação da minha vida”. Durante um painel, foi criticado por falar apenas de números, não de criatividade. Naquele dia, decidiu:
“Eu vou ser o melhor palestrante que tem.”
Buscou mentoria, estudou, se profissionalizou. A ida a Harvard foi movida por uma promessa feita à mãe e pela vontade de ser reconhecido como gestor, não apenas como criativo.
De lá, trouxe uma lição que mudou sua forma de liderar:
“Se você não é bom nisso, contrata alguém e foca no que é bom.”
Hoje, sua estratégia é baseada no que não muda: as seis emoções humanas, o tempo limitado de um dia e a necessidade de cuidar de gente, tempo e dinheiro.
KondZilla não esquece suas origens. Cita talentos como o designer Dono Julião e o cineasta Kaique Alves, ambos da periferia. Sua filosofia é clara:
“Se ele tivesse nascido em Nova York, já estaria desenhando pra uma grande grife. Mas ele nasceu em Guarulhos. Como que eu ajudo isso?”
Essa mentalidade deu origem ao Instituto KondZilla, ONG que já formou dois mil jovens online e duzentos presencialmente, fomentando a economia criativa nas favelas.
Para ele, sucesso sem propósito é vazio:
“Não é só pra ganhar dinheiro. Se fosse só pra isso, era mais fácil vender droga.”
A mensagem que ecoou na palestra foi simples e poderosa: o glamour é fachada; a riqueza está nos bastidores. KondZilla não é apenas um diretor de clipes, mas um estrategista que entendeu que o jogo real não é sobre criatividade, e sim sobre distribuição, direitos, engenharia financeira e estrutura de capital.
“Eu não sei nada de arte, nada. Também não estou muito afim de aprender. Agora, sobre entretenimento, eu acho que sei muito.”
E encerrou com uma reflexão que ficou no ar:
“Quase tudo vai dar errado, só que a gente é reconhecido pelos nossos últimos sucessos.”
A distância entre você e seu último sucesso, diz ele, é a métrica do hype. Manter-se relevante exige continuar produzindo resultados.
KondZilla não promete facilidade, promete clareza. Quando você entende o jogo de verdade, as regras mudam. Da favela do Guarujá aos palcos de Harvard, ele é a prova viva disso.
Feira CHAI
Enquanto rolavam as palestras e painéis, o público também teve a oportunidade de apoiar empreendedoras em início de jornada na Feira CHAI.
