2º Festival CHAI de Vida e Carreira: vem ver a cobertura completa
Tudo o que rolou nesse encontro incrível sobre trabalho e autoconhecimento
Liderança, pensamento analítico e inovação, resiliência, tolerância ao estresse, persuasão e negociação e inteligência emocional foram o centro dos debates do Festival CHAI de Vida e Carreira deste ano.
Se você queria se aprimorar, fazer uma transição de carreira, entender as novas dinâmicas do trabalho ou ainda sente que precisa redefinir sua relação com a vida profissional mas não conseguiu participar, esse resumo é para você!
O CHAI, que é o festival de carreiras que traz aos participantes Conhecimento, Habilidade, Atitude e Inovação, reuniu profissionais, gestores, líderes, estudantes e empreendedores no Juicyhub para ouvir e trocar experiências em um ambiente inclusivo e interativo.
Na abertura, a CEO do Juicyhub, Ludmilla Rossi, deu as boas-vindas aos participantes e agradeceu ao patrocinador master desta edição, São Judas Unimonte.
A CEO ressaltou:
“Santos é o melhor lugar do país para uma transição carreira, mesmo que o mercado seja difícil para quem está começando. Por isso o CHAI está aqui, para desafiar certezas, encontrar algumas saídas e pensar como equilibrar vida e carreira”.
Durante a abertura, Ludmilla chamou a vice-diretora da São Judas Unimonte, Thiciane Lins, para uma palavrinha
“Me encantei pela proposta. O evento é uma necessidade estratégica. Temos uma necessidade de estar aqui para pensar no futuro, precisamos abrir nossas mentes e se adaptar, com inovação”.
“Não se faz inovação sem ensino”, completou Ludmilla.
Outra presença no palco foi Nathalie Monteiro, representando a Prefeitura de Santos:
“Impactamos mais de 6.000 empreendedores, que estão envolvidos nas feiras de economia criativa. Estamos aqui com alguns deles no festival CHAI realizando sonhos”.
O evento conta com o apoio da Leroy Merlin, ACS Jovem, Prefeitura de Santos, Nita Alimentos, Cursino e Teodoro da Silva Advogados Associados, SB7 Som e Luz, Umbu, Mkt Virtual, Minimal Design, VMB Eventos, Programa JB, Motoradio e Marieta Comunicações.
Confira tudo o que rolou no Festival CHAI 2025
Desenhando a Vida e a Carreira – com Amyris Fernandez, phD
Amyris Fernandez é consultora, mentora e professora. No Festival CHAI, ela trouxe uma provocação importante: muitas vezes nos deparamos com os resultados das nossas escolhas e não gostamos do que vemos. Mas por que tomamos certas decisões? Quais medos ou crenças nos levam a seguir caminhos que não nos fazem felizes?
Pensando nessas questões, Amyris desenvolveu uma metodologia voltada a ajudar pessoas a projetarem uma vida mais próspera, leve e feliz — em qualquer fase da vida.
As ferramentas do Design Your Life & Work Life utilizam o mesmo pensamento de design responsável por criar tecnologias, produtos e espaços incríveis. Essa abordagem pode — e deve — ser usada também para desenhar e construir uma carreira e uma vida com propósito. O resultado é uma trajetória de realização, alegria e criatividade constante, sempre aberta a novas possibilidades.
“Meu longo currículo é um dos meus lados, mas é sobre as narrativas que eu quero conversar”, afirmou.
Desde os tempos das cavernas, a humanidade conta histórias. Na época, desenhávamos nas paredes para registrar o que vivíamos. Hoje, continuamos moldando o mundo por meio das narrativas que escolhemos contar.
Amyris iniciou sua palestra com um vídeo em que um homem branco falava sobre escravidão, levantando a pergunta: o que há de errado nessa cena?
“Toda a história é contada pelos vencedores”, destacou.
Ela explicou que os mapas que conhecemos são exemplos claros disso. Foram criados a partir de uma lógica colonialista, que privilegia as potências do chamado “primeiro mundo”.
“O colonialismo veio para apagar o conhecimento dos povos originários e trocar pelo que chamamos de ‘progresso’, mesmo que isso significasse a destruição da natureza”, disse.
Segundo Amyris, a ideia de progresso também serviu como ferramenta para silenciar as mulheres. Ao longo da história, mulheres fortes e determinadas foram rotuladas como loucas, bruxas ou más.
“O sistema é perverso e sempre trabalha a favor dos homens. A própria dinâmica de poder dentro das empresas reduz a confiança da mulher em si mesma.”
Durante a palestra, ela exibiu algumas das frases machistas mais comuns no ambiente profissional — entre elas, “não tente aparecer”.
“Quando uma mulher recebe reconhecimento, dizem que é porque fez algo em troca, não porque é competente”, ressaltou.
Para Amyris, essas narrativas alimentam a competição entre mulheres, reforçando as estruturas do sistema machista. Romper esse ciclo, segundo ela, é um dos primeiros passos para redesenhar não só a vida profissional, mas também a forma como enxergamos o mundo
Durante uma experiência em que se desafiou a subir um monte, Amyris Fernandez percebeu o quanto as narrativas impostas ao longo da vida haviam tirado sua paz.
“Quem impõe um limite para nós do lado de fora está, na verdade, nos contando uma enganação”, afirmou.
Para ela, o primeiro passo para sair dessa armadilha é reconhecer as narrativas e compreender o quanto estão enraizadas no sistema. Só assim é possível romper com elas e trilhar um caminho mais autêntico.
Amyris compartilhou sua trajetória profissional, marcada por reinvenções. Iniciou sua carreira no marketing tradicional, responsável por market fit, produto, precificação, equipe de vendas e comunicação com o mercado. Em 1996, fez a transição para o universo digital — um movimento pioneiro para a época.
Com 43 anos de experiência, Amyris é mestre em Comércio Eletrônico pelo Rochester Institute of Technology e graduada em Comunicação Social pela Universidade Metodista, com foco em games. Fez parte de seu mestrado no Information Technology University, em Copenhague, na Dinamarca. Além disso, possui certificações em Biomimética, Desenvolvimento Sustentável, ESG Management e Finanças para o 3º Milênio.
Desde 2020, dedica-se a seu propósito atual: ajudar pessoas e empresas a encontrarem novos caminhos para crescer de forma sustentável – gerando lucro, mas também impacto positivo no entorno.
“Meu trabalho é, além de me descobrir, ajudar as pessoas a descobrirem quem elas são”.
Um novo networking – com Rodrigo Simonsen
Rodrigo Simonsen, editor e diretor de conteúdo, participou do CHAI com uma proposta provocadora: repensar a conexão em tempos de desconexão. Ele parte da constatação de que vivemos uma crise de solidão, que afeta tanto a vida pessoal quanto as relações profissionais, e propõe um olhar mais humano e profundo sobre os vínculos que formamos, indo além do clichê do networking.
“Quando ouvimos a palavra networking, pensamos em algo predatório ou utilitário. Mas eu quero falar sobre um networking positivo”, explicou.
Rodrigo iniciou sua fala relembrando os primórdios da humanidade. Nossos ancestrais perceberam que, quanto mais fortes fossem os laços com seus filhotes, maiores seriam as chances de sobrevivência. A formação de vínculos salvou a espécie, pois os humanos, frágeis individualmente, descobriram na socialização seu maior poder.
A partir desses vínculos, aprenderam a distinguir amigos de inimigos, antecipar ações, evitar predadores, desenvolver a linguagem e criar sociedades. Ao recontar a trajetória evolutiva da espécie, da disputa entre neandertais e homo sapiens, Rodrigo destacou que a capacidade de conexão foi o que impulsionou o avanço humano até os dias atuais.
“Nunca estivemos tão conectados e, ao mesmo tempo, nunca estivemos tão sozinhos”, observou.
Com o avanço da tecnologia e das novas dinâmicas sociais, a sensação de isolamento aumentou. A solidão, tema amplamente estudado nos últimos anos, especialmente após a pandemia, tem efeitos profundos sobre o corpo e a mente.
“A solidão crônica tem impacto fisiológico. Ela está associada ao aumento de doenças e ao risco de morte prematura. Estar sozinho pode fazer tão mal quanto fumar 15 cigarros por dia”, alertou.
Estudos indicam que a solidão aumenta o risco de doenças cardiovasculares, demência, ansiedade, depressão e outros problemas de saúde.
Inspirando-se em pensadores como Martin Buber, que diferenciava as relações Eu-Tu (autênticas e recíprocas) das Eu-Isso (instrumentais e utilitárias), Rodrigo defendeu que o verdadeiro networking não nasce da estratégia, mas da presença genuína.
Em vez de tratar pessoas como meios, é preciso reconhecê-las como fins em si mesmas. Para ele, os eventos são espaços privilegiados para que esses encontros verdadeiros aconteçam.
“Minha proposta é conectar pessoas a pessoas, pessoas a oportunidades, pessoas a possibilidades de sucesso”.
Rodrigo comparou o processo a um ciclo natural: primeiro é preciso preparar o solo, depois lançar a semente e, por fim, cuidar da planta que nasce com atenção e constância.
Ele também fez uma provocação sobre o uso excessivo da tecnologia.
“Hoje, muita gente está dependente do ChatGPT e, com isso, deixa de desenvolver personalidade e repertório, duas coisas fundamentais para um bom networking”.
Para ele, cultivar conexões autênticas exige bagagem cultural. Ler, assistir, ouvir e se interessar por diferentes expressões culturais é um investimento diário que amplia o olhar e aprofunda o diálogo com o mundo.
Ao desenvolver repertório, as pessoas se tornam verdadeiramente curiosas. São aquelas que fazem perguntas inteligentes e conseguem enxergar caminhos onde outros só veem barreiras.
Rodrigo também falou sobre a importância da expressão pessoal, inclusive na maneira de se vestir.
“Vista-se como alguém que você gostaria de conhecer. A roupa deve expressar quem você é e ajudar a construir sua personalidade.”
Durante a palestra, ele mostrou na prática como fazer um bom networking, de forma envolvente e natural, sem parecer forçado.
“Uma boa pergunta sempre é: o que te trouxe até aqui?”
Para encerrar, Rodrigo reforçou o valor de cultivar os relacionamentos e manter as conexões vivas no dia a dia.
“Pense no poder que tem a frase: lembrei de você.”
Num mundo de gurus, a educação formal AINDA muda o jogo? – Com Thiciane Lins, Flávia Saad e Ludmilla Rossi
Na era dos gurus digitais, em que promessas de sucesso instantâneo e fórmulas milagrosas estão a um clique, a educação formal é constantemente colocada à prova.
Diante da agilidade e do marketing intenso de influenciadores que vendem atalhos para o topo, o ensino tradicional, com seu rigor e ciclos de aprendizado mais longos, pode parecer um caminho lento e fora do ritmo do mundo atual.
O debate mergulhou fundo nessa tensão dos tempos modernos para responder a uma questão essencial: o peso social e a credibilidade de um diploma ainda são os verdadeiros motores da mobilidade social, ou a universidade perdeu o papel de agente transformador?
Segundo Flávia, setenta e cinco por cento dos jovens brasileiros sonham em ser influenciadores, mesmo em um cenário em que há cada vez mais pessoas com diploma.
“Passamos por um período em que a educação buscava democratizar o acesso à informação, mas hoje temos plataformas que oferecem isso de graça. Será uma ilusão de conhecimento ou temos dois caminhos diferentes para aprender e nos formar?”, questiona.
Para a vice-diretora da São Judas Unimonte, esse novo cenário amplia possibilidades, mas exige atualização. É preciso mudar a ideia de que o professor é o único detentor do saber e o aluno apenas um receptor. Hoje, o aprendizado é uma troca constante.
Ludmilla compartilhou sua trajetória: aos dezenove anos, deixou a faculdade para empreender, mas, dez anos depois, decidiu voltar aos estudos.
“Uma das coisas mais valiosas que a universidade oferece é a rede. O trabalho em grupo e o convívio com pessoas diferentes ensinam muito.”
Thiciane complementou afirmando que a experiência universitária vai além do conhecimento técnico.
“É importante estar aberto às possibilidades, ampliar a cabeça e buscar outros cursos.”
Para as três, são essas vivências que criam as oportunidades reais.
Flávia levantou um ponto crucial: o mercado é instável para quem está começando. O que a universidade pode fazer para preparar melhor esses jovens?
Thiciane respondeu: “A universidade vai além da formação para o mercado de trabalho. Precisamos pensar no tipo de profissional que queremos formar. O currículo deve estimular múltiplas habilidades e não apenas a técnica.”
As instituições de ensino também buscam se reinventar diante da influência dos chamados gurus digitais.
Na visão de Ludmilla, o problema não é a educação, mas a falta de inovação.
“Grande parte dos desafios do ensino pode ser resolvida se houver investimento em inovação.”
O debate abordou ainda a relação entre os setores público e privado, conhecida como tríplice hélice — universidade, indústria e governo. Ludmilla destacou a importância de aproximar startups e o poder público das universidades para promover inovação e impacto real.
Thiciane exemplificou com um caso local:
“Santos enfrentava um grave problema de lixo. Professores e alunos de engenharia desenvolveram, em parceria com a prefeitura, um projeto que transformou o lixo em pisos sustentáveis. Isso é entregar à sociedade um produto acadêmico com propósito.”
“Não é o que o mercado está precisando, e sim a sociedade. Isso que a universidade deve ver”, completa.
A educação se apresenta como uma poderosa ferramenta de transformação social, capaz de devolver à sociedade soluções concretas enquanto forma novos profissionais preparados para atuar com consciência e propósito.
“Para acompanhar as novas demandas, reformulamos diversas grades curriculares. Não buscamos apenas formar profissionais técnicos. Hoje, o aluno aprende em muitos lugares, inclusive fora da sala de aula. Cabe à universidade estimular o pensamento crítico”, destacou.
É compreensível que muitos jovens se sintam atraídos por cursos rápidos que prometem enriquecer em poucos dias. No entanto, a universidade se assemelha a uma maratona: um percurso de desenvolvimento, preparo e aprendizado constante, que exige dedicação, mas oferece recompensas mais sólidas e duradouras no futuro.
Escassez de talentos: a geração Z é o problema ou a solução? – Com Erick Sales – Fundador da CriaZ
A busca por profissionais qualificados tornou-se um dos maiores desafios das empresas atualmente. Nesse cenário, a chegada da Geração Z ao mundo corporativo levanta uma pergunta crucial: eles seriam a causa da escassez de talentos ou, na verdade, a chave para a solução?
Para responder, Erick Sales, fundador da CriaZ, consultoria especializada em gestão e comunicação com foco nas novas gerações, trouxe uma análise profunda e provocativa. Ele explorou os desafios, os anseios e o potencial de uma geração que redefine carreira e sucesso, oferecendo novas perspectivas sobre como atrair, reter e potencializar talentos que moldam o futuro do trabalho.
Erick convidou o público a participar ativamente, transformando a palestra em um bate-papo informal.
“É engraçado falar que a Geração Z é um problema”, disse, provocando reflexão.
Jornalista hiperativo e questionador por natureza, Erick fundou a CriaZ, plataforma pioneira em educação corporativa voltada para treinar líderes a conduzir profissionais da Geração Z. Ao longo de sua carreira, coordenou desde campanhas políticas até estratégias de marketing em grandes corporações, fintechs e startups. Essa trajetória permitiu observar, com olhar jornalístico, onde surgem gargalos entre operação e liderança, muitas vezes causados por choques geracionais.
Hoje, como palestrante e empreendedor, Erick desenvolveu um programa que já ajudou dezenas de líderes a engajar e gerar resultados com seus times da Geração Z. Além disso, atua como consultor de marca pessoal e B2B creator, com parcerias e conteúdos produzidos para empresas como Sesame HR, RH Summit, Editora Sextante, Oracle Sistemas e Sistema FVS.
A CriaZ foca em treinar líderes para lidar com uma geração marcada por alta rotatividade e falta de engajamento.
“Não adianta dizer a um jovem que ele não é produtivo. Isso não resolve nada”, afirmou. Segundo ele, falar da Geração Z muitas vezes se resume a críticas superficiais.
Para contextualizar, Erick apresentou dados sobre o mercado de trabalho. O Brasil vive realidades contraditórias: ao mesmo tempo em que a taxa de desemprego é a menor da história, 81% dos recrutadores relatam escassez de mão de obra. O mesmo ocorre em áreas como tecnologia da informação e marketing, onde há profissionais, mas ainda assim há falta de talentos qualificados.
“Temos muitos profissionais iniciantes, mas eles não estão evoluindo para posições sêniores”, explicou Erick.
Ele destacou que a Geração Z troca de emprego com frequência e muitas vezes não consegue se desenvolver internamente. Isso gera um ciclo de rotatividade que dificulta a seniorização.
Além disso, os requisitos excessivos para cargos de entrada acabam desmotivando jovens talentos.
“Não faz sentido pedir anos de experiência para um júnior. Isso só faz com que eles busquem oportunidades fora da empresa”, explicou.
A rotatividade é um problema real: a Geração Z não costuma permanecer mais de nove meses na mesma empresa, representando cerca de um terço do mercado. Esse movimento constante gera custos altos e exige das empresas estratégias mais inteligentes para atrair e reter talentos.
Se a juventude não for devidamente desenvolvida, o problema persiste. Muitas empresas ainda não enxergam a Geração Z como potenciais profissionais plenos.
Erick começou destacando a proximidade entre os millennials e a Geração Z, mostrando o quanto compartilham experiências e referências culturais.
“A Geração Z já está chegando aos 30 anos, e ainda assim as empresas os tratam como crianças. Eles não são adolescentes, são adultos”, ressaltou.
Outro problema relevante foi a pandemia, que tirou da Geração Z a transição entre adolescência e vida adulta, o que gera ruídos no mercado de trabalho.
“Quando me perguntam se a Gen Z é um problema ou solução, a resposta é: solução. Se 30% do trabalho for um problema, nosso futuro não tem esperança”.
Quem não se mostra, não é lembrado: marketing pessoal e networking para crescer – com Julia Carrilo, empresária e jornalista
Em um mundo cada vez mais conectado e competitivo, destacar-se vai muito além da competência técnica. É preciso saber se posicionar, comunicar com propósito e construir conexões estratégicas. Foi com essa proposta que Julia Carrilo conduziu sua palestra, mostrando como o marketing pessoal, da postura à vestimenta, do jeito de falar à forma de se relacionar, pode abrir portas em qualquer fase da carreira.
“Antes de falar sobre marketing pessoal, gosto de contar como entrei nesse caminho”, introduziu Julia.
Estrategista digital e empreendedora, Julia é apaixonada por conectar pessoas e gerar oportunidades. Ela ajuda profissionais e empresas a se destacarem por meio do marketing pessoal, do networking e de estratégias inteligentes de comunicação. Atualmente, coordena a ACS Jovem, núcleo da Associação Comercial de Santos que tem o foco em estimular o empreendedorismo na região.
“Minha paixão por estratégia veio do xadrez”, contou.
Essa paixão foi o ponto de partida para sua trajetória no marketing, área na qual acredita ter o poder de transformar vidas e fortalecer marcas pessoais. Inspirada pela mãe, Julia sempre buscou ser a melhor no que fazia, e essa mentalidade se tornou um diferencial quando entrou no mercado de trabalho.
“Nada pode parar a gente quando a gente quer, mas também precisamos das pessoas o tempo todo”, afirmou.
Para ela, o marketing pessoal é o uso estratégico da própria imagem e das habilidades profissionais. Não se trata de criar uma persona falsa, mas de saber valorizar as qualidades e destacar o que torna cada um único.
“Você deixa rastro ou deixa pegadas? Vocês deixam sua marca por onde passam?”, provocou Julia.
Segundo a palestrante, o marketing pessoal se constrói em três etapas. A primeira é definir como você quer ser percebido. A segunda é estabelecer quais valores deseja que associem ao seu nome. E a terceira é identificar o que o torna singular.
A postura, a imagem, a forma de se vestir e de se comunicar fazem parte dessa construção. Julia relembrou um episódio marcante:
“Eu ia de calça rasgada, Vans e camisa xadrez pedir para cuidar das redes sociais de restaurantes. Até que percebi que algumas pessoas esperavam uma imagem mais formal”.
Com o tempo, ela aprendeu a equilibrar autenticidade e adequação, sem abrir mão da própria essência.
O comportamento nas redes sociais também é determinante. É preciso refletir sobre a imagem que se quer transmitir.
“Aprendi ao longo do tempo o poder do networking estratégico. Participar de eventos, estar em palestras e conhecer pessoas diferentes faz muita diferença”, destacou.
Julia reforçou ainda a importância do LinkedIn como vitrine profissional. A plataforma permite construir pontes e ampliar oportunidades, desde que usada com autenticidade, compartilhando aprendizados, reflexões e experiências reais.
“Ser autêntico é o que o mercado mais cobra hoje”, concluiu.
O storytelling também tem um papel essencial na construção da imagem profissional.
“Quando quiser se apresentar, pense na estrutura: o antes, que é o contexto; os desafios enfrentados; as ações realizadas e os resultados alcançados”.
Essa forma de narrativa ajuda a valorizar conquistas e destacar o que há de único em cada trajetória.
Além das histórias que contamos, os comportamentos também constroem a percepção que os outros têm de nós. Pontualidade, proatividade, comunicação clara, escuta atenta e participação respeitosa são atitudes que fortalecem a reputação profissional.
“A cada reunião, reflita sobre como sua presença é percebida pelas outras pessoas”.
Ao final da palestra, Julia deixou um recado:
“Só é loucura até vocês realizarem. Vão atrás do sonho de vocês”.
Toda sombra é uma semente de luz – com Joana Madia, comunicadora, palestrante e autora
Em uma palestra com tom íntimo e sensível, Joana compartilhou uma história de dor, resistência e renascimento, mostrando que mesmo nos momentos mais sombrios é possível reencontrar a luz dentro de si.
A proposta foi um convite à reflexão sobre cair e levantar, quebrar e reconstruir, encarar a morte de perto e, finalmente, voltar a viver de verdade.
“Talvez eu me emocione em alguns momentos, conto com a pausa de vocês para respirar. É a primeira vez que torno pública uma história que aconteceu na minha vida”, disse ao iniciar.
Joana contou que conheceu a morte de perto e, por isso, escolheu trazer esse tema ao CHAI.
“Estamos nos tornando máquinas de desempenho, escravos de uma liberdade que exige produtividade constante”, recitou.
Ela abordou como a sociedade corporativa atual está adoecendo emocionalmente, presa a uma busca incessante por produtividade.
“Já atendi muitos executivos em burnout. Tomar remédio virou algo normal”.
Além da pressão profissional, Joana refletiu sobre o momento geopolítico turbulento e a polarização social, destacando sua missão de construir pontes em meio aos extremos.
“Todos os dias vejo pessoas sangrando por dentro. Um dia eu também sangrei, mas, assim como sangrei, hoje sou uma mulher muito feliz e realizada”.
Mãe de Vivi e Gabi, Joana trabalhou por mais de uma década em multinacionais, atuando em marketing e contribuindo para o crescimento de grandes empresas. Até que decidiu deixar o mundo corporativo, buscando um novo sentido para sua vida.
Fundou então uma joalheria boutique, onde cada peça nasce da essência e da história de quem a procura. Mas, mesmo nesse novo caminho, percebeu que os padrões de exaustão e cobrança se repetiam.
Foi assim que iniciou mais uma transição de carreira, agora voltada ao desenvolvimento humano. Hoje, atua com coaching, mentoria de alta liderança, mediação de conflitos e palestras, sempre guiada pelo propósito de tocar corações e inspirar transformação.
“Hoje sou feliz, mas nem sempre foi assim”, revelou antes de narrar a parte mais dolorosa de sua trajetória.
Joana contou que foi violentada sexualmente aos sete anos de idade.
“Os abusos deixaram de ser físicos e se tornaram morais e emocionais. Foram mais sete anos de convivência com aquele inferno, até o dia em que tive coragem de contar. A única certeza que eu tinha era a de que nunca mais passaria por isso”.
Aos dezoito anos, foi novamente vítima de violência, dessa vez por um estranho na rua.
“Durante um tempo, eu não vivi. Meio morri, meio sobrevivi. Era um ser meio morto-vivo tentando caminhar”.
A partir desse ponto, iniciou uma jornada profunda de reconstrução.
“Um dia, minha mãe me disse: ‘não sei o que fazer para te ajudar, vamos para a terapia?’”
Foi o início da escalada de Joana, do seu Everest pessoal.
“Da mesma forma que larguei o mundo corporativo para abrir meu negócio, estava pronta para escalar a maior montanha dentro de mim”.
Ela relatou que a cura física é muito mais simples que a emocional. Enfrentou o descrédito das pessoas e o peso da culpa injusta, mas aos poucos reconstruiu sua vida, dia após dia.
Foram seis meses de espera por um exame que confirmaria se tinha HIV. Quando recebeu o resultado negativo, sentiu-se finalmente livre para viver.
“Meu maior objetivo é minha evolução, não a comparação com os outros”.
Para Joana, cada pessoa tem o seu Everest. E o que um dia foi dor, com o tempo pode se transformar em força e alegria.
“É difícil, mas é uma escolha, uma escolha por nós mesmos”.
Encerrando, Joana afirmou que sua história, com todos os altos e baixos, é motivo de gratidão.
“Minha história é linda e maravilhosa, mesmo com os desafios. Se eu não tivesse passado por eles, não estaria onde estou hoje. Eu saí do inferno e sei que, quando os desafios aparecem, posso enfrentá-los”.
Feira CHAI
Enquanto rolavam as palestras e painéis, o público também teve a oportunidade de apoiar empreendedoras em início de jornada na Feira CHAI.