Texto porLuiz Gomes Otero

Sinatra e Tom Jobim – 50 anos do encontro mágico

Frank Sinatra já era o maior intérprete de todos os tempos nos anos 60. Uma espécie de unanimidade mundial, podemos assim dizer.

E há 50 anos, ele se unia ao brasileiro Antonio Carlos Jobim, o nosso Tom, para gravar canções no estilo bossa nova, que vinha conquistando adeptos na Terra do Tio Sam naquele período.

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O álbum Francis Albert Sinatra e Antonio Carlos Jobim foi produzido por Sonny Burke e contou com Sinatra no vocal e Tom Jobim no violão e no piano (além de fazer alguns vocais). O músico Dom Um Romão toca bateria e os primorosos arranjos de orquestra ficaram a cargo do competente maestro Claus Ogerman.

Na prática, The Voice se rendia aos encantos do ritmo que tinha em Tom Jobim um de seus principais criadores. É bem verdade que Sinatra só se metia em projetos incrivelmente consistentes nesta época. E, para ele, cantar as melodias de uma forma mais branda como pedia a Bossa Nova, era como brincar com as belas pérolas de nosso cancioneiro nacional.

O disco abre com uma versão impecável de Garota de Ipanema em inglês e com Tom cantando sua parte em português. É difícil não sentir uma ponta de orgulho ao ouvir o cantor entoando a música composta em um bar da Praia de Copacabana por Tom e Vinícius de Morais.

Ficou um luxo, com certeza.

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Corcovado se tornou Quiet Nights of Quiet Stars. E, para mim, essa sintetiza bem o espírito que Sinatra desejava passar ao cantar a nossa bossa nova. Um dos momentos mais mágicos do disco, assim como Meditation (Meditação, de Tom Jobim e Newton Mendonça).

Sinatra entoa Dindi (aquela que foi gravada originalmente por Silvia Telles) e O Amor Em Paz (que se tornou Once I Loved em inglês) com uma delicadeza e respeito digno dos maiores intérpretes.

Foram incluídas também três canções do repertório norteamericano – Change Partners (de Irving Berlin), I Concentrate On You (esta de Cole Porter, um dos ídolos confessos de Tom) e mais Baubles, Bangles And Beads. Todas com arranjos no estilo brasileiro.

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O disco virou uma espécie de clássico instantâneo. Um momento incrível de inspiração de todos os envolvidos.

Creio que Tom viu um sonho se concretizando na sua frente ao se deparar com Sinatra cantando suas composições. E, como curiosidade, vale dizer que a dupla só perdeu o prêmio Grammy naquela época por causa dos Beatles, que conquistaram o troféu com o álbum Sargent Pepper’s Lonely Hearts Club Band.