Texto porJuicy Santos
Santos

Tite na tevê ou “eu acho que conheço você…”

Lá está ele de novo na TV.

Uma hora, é observando se o aparelho de TV da Samsung tem pixel branco ou não. Outra, é fazendo preleção motivacional pelo Itaú: “Vai retomar, vai recuperar!”. Ou pode ser ser numa página de revista, sugerindo remédios genéricos da Cimed.

Não importa: Adenor Bacchi, o Tite, técnico da Seleção Brasileira, é o grande vendedor do momento.

www.juicysantos.com.br - tite em propagandas

Sua imagem “moderna” e cheia de poder de convencimento, certamente, é predicado que agrada aos anunciantes.

Em ano de Copa do Mundo, isso acaba amplificado. Melhor para ele que, independentemente do resultado dentro de campo, consegue faturar uns bons trocados em campanhas publicitárias.

www.juicysantos.com.br - gif do mascote irritado da copa 2018

Mas Tite não é o único. Comandar a seleção pentacampeã do mundo ajuda nessa tarefa de vender produtos, ideias ou conceitos.

Desde os anos 1970, o técnico da seleção é convidado (ou seria contratado?) a ser garoto-propaganda dos mais diversos produtos e segmentos. Em 1974, não havia pixel branco, nem SmartTV. Mas Zagallo, campeão em 1970, ajudava a vender um aparelho de 13 polegadas da Springer Admiral.

Cláudio Coutinho “passou em branco” em 1978, mas Telê Santana, na Espanha, navegou nas águas otimistas do Mundial seguinte. Virou garoto-propaganmda da Topper, marca de material esportivo da seleção e figura quase onipresente na TV. Até o cartunista Henfil chegou a criticar, num programa da TV Globo, tamanha exposição. O título não veio, mas imagem do Fio de Esperança, como ficou conhecido como jogador, ficou consolidada.

Tanto que migrou para a Copa de 1986, no México. Novamente no comando canarinho, fechou com o banco estatal de Minas Gerais, o Bemge. Mais uma vez, ficou a grana dos anúncios, mas a taça bateu asas e voou…

Quanto mais mídia, melhor (?)

Para 1990, veio um “sopro de modernidade” na Seleção. Sebastião Lazzaroni, introdutor de um estilo europeu, com líbero na defesa, capitalizou com seu jeitão professoral. Ficou famoso um comercial dele para a Fiat, gravado na Itália, em que conversava com um policial e jurava ser o técnico do Brasil e condutor de um Uno fabricado por aqui. O policial não aceitava e dizia que, se ele fosse o técnico do Brasil, ele, guarda, seria o Papa. Nem uma coisa, nem outra, e a seleção naufragou em Turim.

Na Copa de 1994, Carlos Alberto Parreira quebrou a tradição e não deu continuidade à rotina de treinadores-garotos propagandas. Pudera: sua popularidade era tão baixa, que seu nome acabava mais ouvido em sátiras nas rádios do que em campanhas de TV. Mas foi com ele que o Brasil ganhou o tetra. Como aliado, tinha Zagallo, essa sim uma figura extremamente midiática.

O Velho Lobo comandou o Brasil na Copa da França. Dois anos antes, fez tabelinha com Telê Santana (olha ele aí de novo!) em anúncio da TV Mitsubishi, aquela que oferecia garantia até o próximo técnico, ops, a próxima Copa do Mundo – e que ajudou a fazer a fama de Santana. Ali, o fenômeno da propaganda era o atacante Ronaldo. O título não veio, e tivemos que engolir mais um Mundial de espera.

Mas a derrota revelou outros garotos propaganda. Comercial do Guaraná Brahma (é, faz tempo…) trazia Joel Santana, Emerson Leão e Vanderlei Luxemburgo, com várias crianças anunciando o “adiamento” do penta. Para 2002. Aí despontou um novo fenômeno: Luiz Felipe Scolari, o Felipão.

Com o Guaraná Antarctica patrocinando a Seleção, Felipão abraçou a publicidade com êxito. Seu comercial em que era “cornetado” por milhões de torcedores, entre eles, Dercy Gonçalves, Supla e João Gordo, fez sucesso. Deu sorte cinco estrelas, e o título foi conquistado no Japão e na Coreia.

Em 2016, na Alemanha, Parreira estava de volta. Sem comercial. E, dessa vez, também sem taça. Nasceu, então, o Dunga treinador canarinho. Fez comercial para a Oi e para a Ambev. Mas bola, que é bom…

Felipão, de volta em 2014, bateu recordes de aparições na TV. Chegou até a 13ª posição no ranking de persionalidades com maior exposição – no futebol, perdia apenas para Neymar. Gillette, Sadia, Vivo, Ambev, Peugeot e Walmart recorreram a Felipão bem antes dos 7 a 1 diante da Alemanha.

felipão-gilette

Durante a Copa, o próprio Tite ensaiava os primeiros passos como garoto propaganda. Gravou comercial do Sebrae, ao lado de Oswaldo de Oliveira e Muricy Ramalho.

Como se vê, o mantra do comandante da Seleção na Rússia, ao invés de “Fala muito!”, poderia ser “Grava muito!”.