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Você é dependente sexual?

Essa semana eu assisti um filme chamado SHAME vocês já viram?

Michael Fassbender, ator de X-Men,  interpreta o bem sucedido Brandon. Um homem completamente solitário cuja obsessão é o sexo. Aquele sexo sujo, dirty, vulgar. O filme, basicamente, aborda a questão da compulsividade sexual e nos faz pensar bastante a respeito. Fiquei com esse lance de compulsividade sexual na cabeça e resolvi escrever a respeito esta semana.

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Sugestões para você

Desde que o mundo (gay) é mundo (gay), ninguém fica indiferente quando o assunto é pegação. Alguns gostam e fazem (de vez em quando ou sempre), outros não suportam e, além de não fazerem, criticam quem faz. Há ainda aqueles que morrem de vontade em se acabar numa pegação hardcore, mas têm medo e reprimem a vontade. Tem de tudo.

O que pouquíssima gente sabe é que aquela pegação inocente (que até alguns ditos héteros praticam de vez em quando) pode virar um vício. Dos pesados, comparável ao vício de drogas ou álcool. É a compulsão sexual, destrutiva física e psicologicamente. 

É um buraco sem fundo. Mostra baixa autoestima. A vida da pessoa passa a ser isso, o sexo fácil. Como no caso das drogas ou álcool, o gozo desse sexo desencadeia um mecanismo de prazer no cérebro, só que é um prazer momentâneo, uma ilusão. Assim, para perpetuar a sensação, o viciado precisa de mais sexo. E mais parceiros. Acaba consumindo uma madrugada nisso. E depois outra e outra. Sacrifica quase toda sua vida profissional, familiar e emocional, procurando reaver aquela sensação de prazer e segurança momentâneas. Em geral, o que acontece depois é uma sensação de vazio, de depressão e tristeza. Lá no fundo, a pessoa sabe que não é aquilo que vai satisfazê-la. A mente consciente pode não perceber isso, mas algo dentro da pessoa sabe. Por isso, toda a tristeza, a prostração, o desânimo.

Muitas vezes, a pessoa se envolve emocionalmente, começa a namorar e mesmo assim, não consegue largar o vicio….

Mas por que diabos tantos gays fazem tanta pegação e correm o risco de ficarem viciados?

Dei um pulinho na ARANDELA aqui em Santos,  não vou revelar a localização exata porque o povo não gostaria mas, acho que a maioria dos gays saberá onde fica. Lá, eu conversei com dois caras que toparam falar a respeito e que frequentam diariamente aquele ponto de pegação.  Às vezes aquilo fica tão cheio de gente (sempre nas madrugadas) que parece que alguém esta distribuindo dinheiro ou se faz necessário chamar a CET pra direcionar as bichas.

Encontrei um desempregado de 32 anos chamado Marcos, que se dizia orgulhoso de já ter feito sexo “completo” com 15 caras em apenas uma noite de pegação na área. Eis aí um sintoma do vício, o excesso, que parece satisfazer um fetiche, mas que na verdade sempre o fortalece. “A sensação depois de gozar é péssima. Parece que vai algo de mim embora junto com a porra. É horrível. Voltar pra casa quase de manhã, morto de sono, tendo que trabalhar no dia seguinte e com essa sensação de vazio me dá a maior depressão.” relata ele.

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O outro cara não quis se identificar e foi bem seco no seu depoimento (talvez eu tenha sido invasivo demais na abordagem) e me lançou o seguinte:  “Não acho que isso seja doença, não. Homem, ainda mais gay, é puto por natureza”.

Eu até concordo que o homem tem esse instinto de “ caça” mas é preciso ter um pouco de percepção pra notar quando isso ultrapassa os limites. Mas ai você pode me dizer: Qual é o limite? O limite, cada um sabe o seu, mas é importante perceber quanto tempo você tem dedicado a isso.

Ali o sexo rola solto e normalmente  os caras nada falam durante o ato. Gozam, se limpam, não olham para o rosto da pessoa e vão embora aliviados.

Este tipo de prática se torna compulsiva a partir do momento que este evento se repete como padrão. Fazem o sexo anônimo em banheiro de cinema, metrô, supermercado e rodoviária. Procuram, ainda, o dark room (quarto escuro), o garoto de programa, a sauna etc.

Em geral, como a sociedade não aceita o gay e o discrimina, é como se este indivíduo precisasse se sentir aceito e se provar como digno de afeto a todo momento. É tanto preconceito; e que na maioria das vezes vem da própria família, que ele se desvaloriza e se sente infeliz.

Outro fator é a solidão. Está cada vez mais difícil namorar então tenho a sensação de que as pessoas se conformaram com isso e entregaram-se a essa busca sem fim. Encontrando os iguais, e fazendo sexo com eles, têm a ilusão de que o outro está dando o amor de que ele precisa, que ele vale a pena pelo menos para alguma coisa. Mas a imensa maioria dos viciados em sexo não reconhece que é um viciado. O processo de aceitação da doença é muito difícil e doloroso.

Mas não pensem que esse é um problema apenas dos gays. Héteros também sofrem com isso. Volta e meia pipocam notícias de atores famosos, principalmente os americanos, envolvidos em escândalos sexuais. Nomes como Michael Douglas e David Duchovny, ator que fez Arquivo X, admitiram sofrer de compulsão sexual. Homens casados muitas vezes acabam tendo o mesmo problema após a relação cair na rotina. Gays famosos como George Michael e Boy George também já foram pegos em flagrante em banheiros públicos.

A internet, que hoje é um grande facilitador na busca por parceiros sexuais, também tem ajudado a aumentar o número de casos de compulsão. Diversos sites oferecem todo tipo de sexo e muita gente acaba ficando viciada nisso. O mais famoso é o Cam4 um site onde os usuários abrem suas webcams e a coisa rola solta de acordo com a vontade de cada um. Ali, pessoas entram diariamente em busca de um pouco de prazer anônimo ou não. Há casos de pessoas que passam as madrugadas ali (existe um marcador no perfil dos usuários que mostra quanto tempo eles estão online). Tem de tudo ali: homens, mulheres, grupos, é uma verdadeira Sodoma e Gomorra.

Quem me conhece sabe que eu não seria moralista a ponto de dizer aqui que não faço, nunca fiz, mas acho importante perceber que quando esse desejo nunca é saciado, tem algo de errado com você!

Mas como quebrar o ciclo? Como se tratar? Terapia e, dependendo da gravidade, algum antidepressivo. Mas muita gente tem medo da terapia, de se ver como realmente é, de encarar os monstros inconscientes que tem dentro de si. O principal obstáculo para a cura do vício em sexo – e em qualquer coisa – passa pela resistência.

Existem grupos de ajuda no estilo funcional do AA (Alcoólicos Anônimos). No caso, para viciados em sexo, existe o DASA (Dependentes de Amor e Sexo Anônimos).

Fica esperta, amiguinha!

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