Texto porLuiz Gomes Otero

Woodstock e os 50 anos dos três dias de paz, música, lama e caos

Apontado como o maior marco cultural dos anos 60, o Festival de Woodstock completa em 2019 50 anos ainda como uma referência histórica. No final daquela década, a geração hippie tentava impor seu ponto de vista de como o mundo deveria ou poderia ser no então maior evento público musical daquele período.

Mas, na prática, a realização do evento ficou muito longe do que se pretendia em função de uma série de problemas estruturais e das condições do tempo extremamente desfavoráveis. Ainda assim, registrou momentos marcantes dos músicos que se apresentaram, alguns deles estreantes.


Woodstock, a origem

O festival surgiu por iniciativa de Michael Lang, John P. Roberts e Joel Rosenman. Eles conseguiram montar uma estrutura em uma fazenda na cidade de Bethel, no estado de Nova York.

Curiosamente, o local do evento ficava distante 70 quilômetros da cidade de Woodstock, que deu nome ao festival realizado entre os dias 15 e 18 de agosto de 1969.

Inicialmente, foram vendidos antecipadamente cerca de 180 mil ingressos. Os organizadores estimaram um público de 200 mil pessoas. Mas, ao invés disso, meio milhão de pessoas foram no local, derrubaram cercas e tornaram o festival gratuito.

Estrelas de Woodstock

O evento teve participações de alguns nomes que já haviam despontado dois anos antes no Festival de Monterey (California). Jefferson Airplane, Janis Joplin, The Who e Jimi Hendrix marcaram presença.

Os estreantes Joe Cocker e Carlos Santana acabaram se tornando a sensação do festival. No caso de Cocker, a sua versão de With A Little Help From My Friends, dos Beatles, não só superou a gravação original como se tornou um hino daqueles dias antológicos.


Se, musicalmente, Woodstock conseguiu superar as expectativas, estruturalmente o festival por pouco não se torna um mar de lama – no sentido literal.

As chuvas que caíram tornaram o espaço um imenso lamaçal. E também é preciso levar em conta que o público presente ficou bem acima do que foi inicialmente projetado. Durante o evento, houve duas mortes, sendo uma por uma provável overdose de heroína e outra provocada por um acidente com um trator da fazenda.

Surpresas

O músico John Sebastian, fundador do Lovin Spoonful, não estava na programação original. Ele havia ido ao festival apenas como espectador. Mas acabou sendo convidado a cantar na abertura do festival. Pois alguns nomes que iriam tocar não compareceram.


Woodstock acabou se tornando uma ótima exposição para bandas emergentes. Foi o caso do Creedence Clearwater Revival, que já havia emplacado alguns hits naquele período.

Jimi Hendrix tocou com uma banda nova de apoio no encerramento do festival e também não decepcionou os fãs. Sua leitura do hino nacional dos Estados Unidos é até hoje lembrada como um dos pontos altos do festival.


Janis Joplin não mostrou o mesmo brilho que teve em Monterey. Ela estava em uma fase de transição, prestes a gravar o seu último e derradeiro álbum de estúdio, Pearl. Logo depois, faleceu de forma precoce, aos 27 anos. Uma overdose acidental em um solitário quarto de hotel interrompeu a sua promissora carreira.


O que Woodstock deixou para o futuro

Talvez principal legado de Woodstock tenha sido o fato de marcar o fim de uma era dos anos 60 e o início dos anos 70, que apontavam novas diretrizes para o rock.

Esse encontro de música e liberdade cristalizou para sempre o movimento do chamado Verão do Amor. E mostrou a direção para uma nova fase no rock. O estilo caminhava para os shows em grandes estádios e uma sonoridade que se expandiria em uma série de variantes. O rock transicionou da contracultura para uma posição no mainstream da cultura pop.