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Relembrando a farra do Wagner Parra

Quem poderia prever o que iria ocorrer há um ano atrás, naquela noite do dia 10 de fevereiro?

Era somente mais uma terça-feira festiva no Torto Bar, no Canal 4, com a maestria do DJ Wagner Parra, que faria a sua derradeira atuação no comando da festa. Ele conseguia levantar o público com suas seleções prá lá de especiais naquele espaço. Mas não conseguiu ficar até o final. Passou mal e não resistiu a uma parada cardíaca fulminante. Tinha apenas 53 anos.

Confesso que não era frequentador dos eventos que ele promovia, as famosas vitroladas que tanto ajudaram a manter viva a chama do Torto Bar. E não era por falta de convite dele, mas sim por pura falta de tempo mesmo (eu acordo muito cedo e não dava para conciliar os horários).

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Mesmo não frequentando as festas, sempre procurei ajudar a divulgar, compartilhando em rede social para que os que se interessavam em ir até lá pudessem se programar.

Sua história como DJ passou pelo antigo Bar da Praia – cujas noites foram sempre animadas com suas seleções musicais de extremo bom gosto dançante – além de inúmeras outras atividades sempre ligadas a área cultural. Parra era um cara multifacetado e um DJ de mão cheia.

Minha convivência com o Parra se limitava as minhas andanças pela Disqueria, aquele espaço mágico que ainda está felizmente mantido no Boqueirão. Eu sempre achava coisas interessantes para ouvir ali. Ali comprei a minha coletânea do Duke Ellington, por exemplo, na seara do jazz. Mas na área do rock e da MPB então, a lista vai crescer consideravelmente. Fica difícil resumir aqui o que achei de bom ali.

E não me esqueço dos altos papos que tinha com ele. Quando dava para conversar, é claro.

Era comum chegar ali e ver grupos de jovens e de pessoas de meia idade pedindo conselhos sobre bandas e músicos de determinados estilos musicais. Minhas lembranças dele sempre vêm dali, daquele espaço importante que a Disqueria representa para qualquer colecionador de música e de literatura.

Curiosamente, fui ouvir o último CD que comprei lá com o Parra ainda em vida. Trata-se de uma coletânea tributo ao cantor Arthur Alexander com várias participações especiais. E ironicamente o título do disco é Adios Amigo, nome de um hit do cantor. Premonição? Talvez, mas acredito que foi só uma coincidência mesmo. Ele com certeza teria tirado um sarro desse fato, com seu humor sagaz e irônico.

Durante o Carnaval, foi feita uma homenagem a memória de Parra. A Marcha do Parra, composta por Roni Valk, mexeu com as lembranças que todos nós temos do mestre da Vitrolada e do comando do balcão da Disqueria. Eis aqui a animada marchinha para quem não conseguiu conferir durante o carnaval.

Parra era mesmo um especialista em música latina. Foi através dele que fiquei conhecendo nomes como Ruben Blades, Hector Lavoe, Willie Collon e tantos outros que fizeram história na música. Aqui uma pequena amostra do que ele costumava mostrar para quem quisesse ouvir e dançar.

Encerro esse texto com a canção Guantanamera, um clássico da nossa música latino-amerciana. Cantada por aquele grupo mágico chamado Fania All Star, que ele me mostrou certa vez, formado por várias feras. Onde quer que esteja, Parra estaria dançando e curtindo esse som.

Nós entrevistamos o Parra, numa das suas poucas aparições em vídeo, lembra?

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