Marina Lima e o álbum Novas Famílias
Nos anos 80, Marina Lima reinou absoluta no pop rock. Foi uma espécie de unanimidade de público e crítica com hits nas rádios e em trilhas de novelas.
Agora, morando em São Paulo, ela tenta resgatar um pouco da magia com o álbum Novas Famílias, que traz músicas autorais e parcerias com o irmão Antonio Cícero e com Marcelo Jeneci, um dos novos talentos de nossa MPB.
Mas não espere ouvir a mesma voz que ela tinha há mais de 30 anos atrás. Ela está um pouco mais rouca e fraca nos tons mais altos. Mas ainda assim, Marina consegue mostrar algo de interessante, mesclando música eletrônica com harmonias bem elaboradas nos arranjos.
O disco abre com Novas Famílias, faixa que deu nome ao disco, feita em parceria com Marcelo Jeneci. A canção mostra um bom momento dela como compositora. Depois segue em faixas dançantes bem no seu estilo, nas faixas Juntas, Mãe Gentil e Árvores Alheias.
E não é que Marina se rendeu ao funk com a bem humorada Só Os Coxinhas, composta em parceria com Antonio Cícero? É bem verdade que a canção está longe de lembrar os seus clássicos dos anos 80, mas quem se importa com isso? Ela parece muito feliz com o resultado e isso é o que basta.
O álbum fecha com a releitura de Pra Começar, canção que abriu o show da turnê Todas nos anos 80. E aí é que percebemos a riqueza de sua obra feita naquela época. Esta é a melhor canção do disco, sem sombra de dúvida, ainda que o vocal esteja um pouco inseguro para segurar os timbres em alguns momentos.
Novas Famílias é um disco, no mínimo, corajoso e que conversa com o zeitgeist do mundo contemporâneo e as discussões que o cercam. Nos tempos atuais, em que os medalhões preferem reciclar seus hits, ela optou por mostrar um material inédito para o público. E isso merece todos os elogios.