Texto porLuiz Gomes Otero

Mariana Zwarg e Sexteto Universal mostram sua arte em Nascentes

Depois de completar 18 anos de carreira na música instrumental, a compositora e arranjadora Mariana Zwarg apresenta seu projeto solo. O disco Nascentes nasce ao lado do competente Sexteto Universal.

Filha do músico Itiberê Zwarg, que integra o grupo do genial Hermeto Paschoal, Mariana mostra um trabalho incrivelmente maduro e de alta qualidade, com a benção de seu padrinho e mentor musical.


O sobrenome Zwarg, aliás, é muito familiar para quem vive em Santos. Os autores do hino oficial de Santos, Santos Poema, são Antonio Bruno Zwarg, avô de Mariana, e o ambientalista Ernesto Zwarg, tio de Itiberê. Como se pode perceber, a família tem uma veia musical e poética forte.

Um rio de inspiração

Gravado em Berlim e no Rio de Janeiro, Nascentes traz 10 faixas no total. Mariana escreveu oito canções. Há um tema de Hermeto Pascoal e um tema de Itiberê Zwarg, que também são convidados especiais do disco.

A maioria das canções foi composta e arranjada inspirada neste grupo.

O projeto teve início em 2016, quando Mariana Zwarg foi convidada por um festival de música espanhol para dirigir e organizar um show dedicado a Hermeto Pascoal.

A banda era formada por músicos de diferentes partes do mundo. Depois de uma turnê européia de 20 dias naquele ano, eles decidiram dar continuidade ao projeto.


Integram o grupo Mette Nadjas Hansen (Dinamarca, percussão), Johannes von Ballestrem (Alemanha, teclados), Pierre Chastel (França, bateria), Sami Kontola (Finlandia, percussão) e Ricardo Sá Reston (Brasil, baixo). Mariana Zwarg toca saxofone e flautas, além de compor e produzir arranjos.

Antes de formar o Sexteto Universal, Mariana tocou na Itiberê Orquestra Família a partir de 2002, um projeto de seu pai. Anos mais tarde trabalhou como diretora de uma big band em um festival na Catalunha, na Espanha e participou de um festival de jazz em Helsinke, na Finlândia.


Com o Sexteto, já realizou seis turnês pela Europa e duas pelo Brasil em festivais de jazz, festivais de música folclórica, teatros, clubes de jazz e escolas de música na Alemanha, Espanha, Dinamarca, Finlândia, Brasil e França.

O disco tem resultado impecável e acima da média para o ouvinte. As peças instrumentais viajam pelo jazz instrumental com influências da nossa música popular, mescladas com outras influências dos países originários dos demais integrantes.


Música, linguagem universal

Nascentes está longe de parecer uma torre de babel musical.

É um trabalho que condensa peças musicais fortes.

Todas funcionam interligadas ou individualmente. O Samba de Avedore, por exemplo, lembra o início de Edu Lobo e do mentor Hermeto Paschoal nos anos 60.

Lucas e Lena é uma peça delicada, norteada pela flauta de Mariana na maior parte do tempo e com uma bela poesia sobre o nascimento declamada no final.

Esse disco só comprova que a nossa região tem talentos de sobra para mostrar em vários estilos musicais.

Vida longa para a dinastia musical da família Zwarg!