Texto porVictória Silva
Jornalista, Santos

Felipe Sali, um autor da Baixada entre os destaques de site canadense

Como a maioria das crianças de uma geração sem tablets, Felipe Sali passou boa parte de sua infância brincando com papéis e lápis de colorir. Entre uma frase e outra, perguntou à mãe se aquilo poderia ser uma profissão e, desde então, soube o que seria quando crescesse.

Atualmente, com 23 anos e dois livros finalizados, o morador de Praia Grande descobre as dificuldades da profissão escolhida.

“As editoras dizem que já estão com o cronograma completo, que não pegam autores nacionais ou novos nomes. Eles sequer leram o exemplar enviado”, comenta, frustrado, sobre o contato com as editoras.

felipeImagem: Reprodução/Facebook

Mas, se por um lado, o não é recorrente entre as editoras, o público diz sim às suas obras. Mais Leve Que o Ar e Ick Perspectiva somam mais de 250 mil leitores no Wattpad (plataforma que permite a publicação de livros online).

De tão impressionantes, os números deram a Felipe uma posição entre os destaques do site canadense, ao lado do também brasileiro Paulo Coelho.

“Quando eu publiquei os livros, estava apreensivo, tinha medo do feedback e dizia pra mim mesmo: ‘se criticarem muito eu apago’. Mas, para minha surpresa, o número de leitores começou a aumentar e surgiam uns comentários enormes. Jovem é bem exagerado, né?”.

Tempo partilhado 

O tempo do escritor e jornalista se divide em tarefas diárias. Logo pela manhã, responde  aos comentários dos fãs. É, as meninas já se apelidaram de Salizetes. “Têm muita gente de São Paulo, Rio de Janeiro e do Sul, também tem do Norte e Nordeste. Mas o louco mesmo é o número de portugueses e angolanos, são muitos” diz, impressionado e feliz com o sucesso que está conquistando.

O dia continua com o trabalho de jornalista freelancer e faculdade. É só durante a noite que consegue a tranquilidade necessária para se dedicar aos romances.

Seu processo criativo vai desde as manchetes dos noticiários às pessoas com quem esbarra no dia-a-dia – sempre colocando um pouco de sua personalidade. “Eu li uma reportagem que falava sobre a vida amorosa de Santos Dumont. A partir disso, criei o personagem de Mais Leve que o Ar. Nele, estão traços do Dumont, meus – e dos meus relacionamentos – e de pessoas que vejo na rua”.

Outras saídas 

A possibilidade de fazer um financiamento coletivo para dar vida a seus livros existe, mas Felipe as encara com cautela. “Já me falaram sobre isso e eu venho pensando bastante, mas o problema seria a distribuição, eu não teria acesso às livrarias. Em todo caso, se eu não conseguir uma editora, posso estudar a ideia com carinho”.

Os fãs de sua escrita, sedentos por novidades, podem ficar tranquilos, pois tem livro novo no forno. Às editoras, fica o alerta: o cara já é sucesso na web.

“Os livros do Felipe são especiais, comecei a ler numa fase muito complicada da minha vida e posso dizer, eles me tocaram muito”, comenta Selma Lucas, uma de suas fãs. “Uma de suas frases me acompanha em meu cotidiano: Isso também passará. Ele é um escritor sem igual”.

Para Felipe, comentários como esse são o combustível para continuar em busca de seu sonho. “Eu já teria desistido se não soubesse que tantas pessoas gostam, é estimulante ler as declarações. Sempre que desanimo, me lembro do número de pessoas que já aprovaram e continuo tentando”, conclui.