Texto porLuiz Gomes Otero

Elis Regina – ouvir é melhor do que sonhar

A recente exibição do filme e da minissérie sobre Elis Regina na televisão trouxe novamente para a mídia a importância dela como intérprete para a nossa música popular.

É inegável a força de sua voz, que transbordava emoção a toda prova em qualquer tipo de canção.

Fosse um samba, uma cantiga brejeira ou um blues, Elis soava sempre autêntica.

Nessa postagem, reuni alguns álbuns que ela lançou em sua breve vida. E que de uma certa forma ajudam a contar um pouco sobre a sua trajetória. Porque ouvir Elis é melhor do que sonhar. Hoje e sempre.

Elis e Tom (1974)

Estrela da Phillips/Polygram, Elis teve um desejo profissional atendido pelos diretores da gravadora: lançar um disco com Tom Jobim. Se por um lado a produção e a gravação foram um tanto problemáticas – Tom era avesso ao uso de recursos como teclados eletrônicos -, o resultado final ficou acima da média.

A partir do dueto antológico de Águas de Março, o disco mostra Elis como fã interpretando canções como Chovendo na Roseira e Só Tinha que Ser Com Você, entre outras pérolas do eterno maestro soberano.

Falso Brilhante (1976)

Disco que reúne o set list completo do show antológico que ela apresentou no Teatro Bandeirantes entre os anos de 1975 e 1977.

Trata-se de um álbum conceitual, que mostra bem o quadro daquela época. Abre brilhantemente com Como Nossos Pais e Velha Roupa Colorida, ambas do cearense Belchior. Mas há outros momentos importantes, como a releitura da valsa Fascinação e o brado latino-americano Gracias a La Vida, além da ótima balada Quero (que funciona como uma continuação indireta de Casa no Campo, sucesso de 1971 da cantora). Os arranjos de César Camargo Mariano estão impecáveis.


Elis (1977)
Disco gravado na sequência do show Falso Brilhante. Há momentos brilhantes como Caxangá (de Milton Nascimento, que participa nos vocais) e Romaria (de Renato Teixeira), esta última um estrondoso sucesso de sua carreira. Mas conceitualmente o disco tem outros momentos brilhantes como a ótima canção Colagem e a releitura de Morro Velho (outra de Milton Nascimento).

Essa Mulher (1979)

Disco lançado na gravadora Warner, mostra Elis cada vez mais madura. Só O Bêbado e a Equilibrista, obra-prima de João Bosco e Aldir Blanc, já valeria a audição do disco. Mas Elis ainda se mostra icônica em As Aparências Enganam e no samba-canção Basta de Clamares Inocência, esta última do mestre Cartola. Novamente, César Camargo Mariano se sobressai com arranjos marcantes.

Saudade do Brasil (1980)

Lançado em versão de um disco, o trabalho era originalmente um projeto para um álbum duplo. Somente após a morte da cantora é que a gravadora resolveu soltar a versão original. O disco tem Maria Maria (de Milton Nascimento e Fernando Brandt) e a irreverente Alô Alô Marciano (da amiga de Elis, Rita Lee), entre outras pérolas, como a releitura sensível de Canção da América e o samba saudosista Marambaia.

Elis (1980)

Último álbum de estúdio lançado por Elis. Aqui, ela está totalmente à vontade cantando Trem Azul (de Lô Borges) e duas composições de Guilherme Arantes (Aprendendo a Jogar e Só Deus é Quem Sabe). Conceitualmente, é um disco inferior aos anteriores, mas ainda conta com momentos marcantes da intérprete.