Texto porLuiz Gomes Otero

Caia na estrada com os Novos Baianos

A volta dos Novos Baianos em disco não poderia ter sido mais oportuna.

Justamente no momento em que, no Brasil, se discute a falta de criatividade e o baixo nível cultural de alguns lançamentos da seara pop, é um alento ver a reunião dos integrantes originais do grupo que fêz história nos anos 1970 e que, ainda hoje, tem muito o que mostrar com Acabou Chorare – Novos Baianos se Encontram, registro de um show ao vivo realizado no Rio de Janeiro.

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No grupo, estão Paulinho Boca de Cantor, Moraes Moreira, Pepeu Gomes, Baby do Brasil, Dadi e Jorginho Gomes, entre outros, além do irreverente Poeta Galvão.

A maioria deles tocou no início da banda e também havia participado de outras reuniões nos anos anteriores.

Os Novos Baianos, sempre se notabilizaram por mesclar elementos da tradicional música brasileira, resgatando clássicos da MPB, trazendo-os para uma roupagem mais próxima do público jovem nos anos 70.

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O segredo estava na qualidade dos músicos. Se Moraes Moreira era (e ainda é) um compositor e tanto, Pepeu e os demais músicos eram geniais e intuitivos como instrumentistas. E ainda tinha no vocal Baby e Paulinho Boca de Cantor, que sempre justificou a fama do seu apelido.

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O repertório do disco está impecável. Passa pelo antológico disco Acabou Chorare, de 1972, e ainda passeia por várias outras fases da banda, que toca De Um Rolê e a cândida Infinito Circular. A canção que abre o disco – Anos 70 – reforça o tom nostálgico desse novo encontro musical.

A banda resgata canções como Isso Aqui O que é, Samba da Minha Terra, Brasileirinho, Na Cadência do Samba, Na Baixa do Sapateiro e, é claro, Brasil Pandeiro.

Moraes Moreira entoa Chega de Saudade (de Tom Jobim e Vinícius de Morais) com o público, em um momento bem emocionante no show, homenageando o mestre João Gilberto (que lançou a canção no final dos anos 50, praticamente inaugurando o movimento da Bossa Nova).

Mas é nos hits que os Novos Baianos se reinventam. Ou será que se reciclam?

O fato é que todos permanecem atuais como em seu auge, ou seja, passaram no teste do tempo, com toda certeza. Preta Pretinha, por exemplo, mantém o frescor pop com sua melodia e versos simples. E o que dizer das clássicas Besta é Tu, Mistério do Planeta e A Menina Dança (esta última com o destaque para o vocal forte e envolvente de Baby do Brasil).

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A audição desse disco é puro prazer para o amante da nossa autêntica música popular – aquela que não apela para baixarias ou para a falta de criatividade. Muito bom saber que os Novos Baianos estão aí para nos salvar disso. Caia na estrada e perigas vê-los tocando por aí.