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Arnaldo Baptista, ainda Loki 40 anos depois

Tempo de leitura: 3 minutos

Há 40 anos, Arnaldo Dias Baptista deixava os Mutantes para iniciar uma errática e, ao mesmo tempo, fértil carreira solo.

Seu álbum de estreia, Loki, é aclamado hoje em dia como um dos melhores trabalhos da história do rock e da MPB – ainda que não tenha sido bem recebido pelo público, por ser conceitual e sem um apêlo radiofônico.

loki arnaldo baptista

Nesse disco, Arnaldo decidiu radicalizar. Assumiu o piano e teclados e desprezou a guitarra nos arranjos (talvez em função do desentendimento com o irmão, o guitarrista Sérgio, também dos Mutantes).

A cozinha ritmica é composta apenas por baixo e bateria tocados pelos seus dois ex-colegas de banda (Liminha e Dinho, respectivamente). Rita Lee, com quem havia se casado e separado, faz backing vocals em algumas faixas.

O disco é totalmente centralizado em Arnaldo e seus dramas pessoais. Ele se expõe por inteiro ao cantar o rock energético de “Será que eu vou virar bolor?” e a bossa nova “Cê tá pensando que eu sou Loki?”, ambas com vocais densos e geniais. A habilidade de Arnaldo como solista no piano é admirável. Ele estava tocando muito nessa época.

álbum loki arnaldo baptista

“Não estou nem aí “resume bem o espírito de vida de Arnaldo na época (…Eu não estou nem aí para a morte/Eu não estou nem aí para a sorte/Eu quero mais é decolar toda manhã…). Um rock com tom épico e ácido, como se ele quisesse dizer que estava faltando alguma coisa para completar a sua felicidade.

Há canções com um forte tom depressivo, como a triste “Desculpe” (que Kiko Zambianchi regravaria anos mais tarde), “Navegar de Novo” e “Uma Pessoa Só”. Mas o bom humor, marca registrada dos Mutantes, não deixou de comparecer na faixa “Vou me afundar na lingerie”, com arranjo em estilo boogie-woogie.

“É Fácil”, que encerra o disco, parece querer imitar o final do disco Abbey Road, dos Beatles, que tem uma vinheta musical cantada somente ao violão por Paul McCartney.

No geral, Loki é um álbum muito bem tocado, apesar de ter sido gravado em apenas uma única sessão. O próprio Arnaldo confirmou isso em entrevistas recentes. Funciona como um diamante musical em estado bruto, que passou a ter o seu valor reconhecido décadas mais tarde pelo público e pela crítica.

Vale lembrar que Loki também é o nome do documentário incrível que registra a carreira de Baptista desde os Mutantes, passando por esse momento solo e as raras aparições que fez em tempos mais recentes.

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