Texto porLuiz Gomes Otero
A despedida musical de Luiz Melodia
Quando nos deixou em agosto de 2017, Luiz Melodia já tinha um legado incrivelmente rico na música.
Dono de uma produção eclética ao máximo, ele ainda se tornou um intérprete de voz original e marcante.
E claro que não poderia nos deixar sem algo como registro de sua genialidade.
Felizmente, a gravadora Universal resolveu lançar o álbum Zérima Ao Vivo. Nele, o nosso eterno Pérola Negra desfila canções consagradas e outras produzidas mais recentemente com a competência de sempre.
É muito difícil rotular a arte musical de Luiz Melodia.
Desde o seu primeiro disco, lançado nos anos 1970, ele sempre mesclou várias influências na sua produção autoral carregada de pluralidade. E um exemplo disso está no repertório desse show. O registro foi gravado ao vivo em 2016 no Teatro da UFF, em Niterói, no Rio de Janeiro.
O samba se faz presente em Nova Era e em uma homenagem ao mestre Dorival Caymmi na releitura de Maracangalha (com arranjo irresistível de metais). Há, ainda, uma nova homenagem ao rei Roberto Carlos com outra deliciosa releitura da simplória Parei, Olhei, hit da época da Jovem Guarda.
A parte final da apresentação é composta de hits autorais, como Pérola Negra, Vale Quanto Pesa e Estácio Holy Estácio.
Notavelmente, o que chama a atenção é a interpretação de Ébano. Pra quem não se lembra, esta música o projetou no festival Abertura, nos anos 70, na Rede Globo.
A canção permanece intacta em pleno século XXI. Especialmente, mostrando que a produção de Luiz Melodia permanece perene e atual. Assim como Magrelinha, de seu disco de estreia, que ficou magistral nessa interpretação.
Ainda que tenha sido lançado postumamente, o álbum Zerima Ao Vivo serve para ajudar a preservar a obra de um dos maiores nomes que surgiu na nossa música popular.
Luiz, você deixou saudades.
Se você gosta de MPB, ouça também Trinca de Ases, trabalhou conjunto de Gal Costa, Gilberto Gil e Nando Reis.
