Cemitérios de Santos: passeios, celebridades e obras de arte a céu aberto
Nem só de praia vive Santos, tem rolê para quem curte arte, história e... um clima mais silencioso
Esqueça Paris! Santos tem um acervo de arte e história tão rico em suas necrópoles que faz o famoso turismo tumular ser uma parada obrigatória.
Tudo bem, eu entendo que visitar um cemitério não é o primeiro item da lista de desejos de férias. Mas, se você procura arte, história e até mesmo aquelas histórias intrigantes que duram séculos, chegou ao lugar certo.
Santos, afinal, não é só praia. A cidade preserva em seus cemitérios um acervo cultural surpreendente, com obras de mármore e túmulos de celebridades que atraem visitas até hoje.

Museu a céu aberto
O Cemitério do Paquetá, o mais antigo da cidade (fundado em 1854), é o nosso Père Lachaise (o famoso cemitério lá de Paris). Na verdade, ele possui a maior concentração de jazigos tombados pelo CONDEPASA (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico).
É um verdadeiro museu ao ar livre. Se você for até lá, encontrará mausoléus luxuosos e muitas obras de arte.
Por isso, não é de surpreender que ele abrigue a elite da história local. Por lá, repousam o pintor Benedito Calixto, os poetas Martins Fontes e Vicente de Carvalho e até o apresentador Bolinha.
Logo na entrada, vocë encontra um mapa que indica onde estáo enterrados os nomes mais conhecidos.
Cemitério da Filosofia
Por outro lado, o cemitério da Filosofia, no Saboó, prova que a fama pode ser eterna. Ele abriga o túmulo de uma das figuras mais emblemáticas da crônica policial santista: Maria Mercedes Féa. Ela foi a vítima do infame “crime da mala” de 1928. O caso, na época, chocou o país e até hoje atrai visitantes curiosos.
A sepultura da Menina Jandaia também recebe muitas visitas.
Curiosamente, este cemitério possui a maior concentração de jazigos perpétuos da cidade, o que garante a Santos um pedacinho de história que nunca será desenterrada.
Cemitério vertical
Ainda na temática, vale a pena mencionar o Cemitério Memorial. Ele detém o título de cemitério vertical mais alto do mundo (reconhecimento dado pelo Guiness Book of Records em 1990). Se você procura celebridades da era moderna, o Memorial é o seu destino — sem trocadilhos.
Ele abriga, por exemplo, os túmulos de Chorão e Champignon, membros da lendária banda Charlie Brown Jr. Dessa forma, o cemitério atrai muitos fãs que buscam prestar suas últimas homenagens aos ídolos do rock santista. Prova que, mesmo depois de partir, algumas estrelas continuam arrastando multidões.

É lá também que está o túmulo de Pelé. Na verdade, chama-se mausoléu, por conta de sua imponência.
Algo curioso sobre o Memorial é que ele tem alguns atrativos que não se espera em um cemitério, como lago de carpas, museu de automóveis e até um viveiro com araras, papagaios, calopsitas, agapornis, periquito australiano, galinhas, pavões e faisões.
OsAndradas
Os fãs de história do Brasil precisam visitar o Pantheon dos Andradas, um dos monumentos mais emblemáticos de Santos.
No Centro Histórico, inaugurado em 1923, o espaço homenageia os irmãos Andrada – José Bonifácio, Antônio Carlos e Martim Francisco – figuras centrais na Independência do Brasil e que têm forte conexão com a região da Baixada Santista.
O monumento tem uma cripta onde foram depositados os restos mortais dos irmãos, trazidos de França em 1922 durante as comemorações do Centenário da Independência.
É fundamental para entender a relação entre Santos e os acontecimentos que moldaram o Brasil.
A arte de viver
Visitar os cemitérios de Santos não tem nada de sombrio. É, acima de tudo, uma experiência cultural, um jeito diferente de ver nosso território.
Os cemitérios da cidade não são meros campos silenciosos, mas “museus urbanos” onde se cruzam arte, história, vida e finitude. Ao caminhar entre lápides, você está lendo capítulos da história, tudo sob o mesmo céu.
Vale visitar, se conectar com o passado, e quem sabe contar a alguém que esteve “ali onde o tempo faz fila atrás dos caixões”. Porque, no fim, a vida é um passeio curto — mas os túmulos ficam para as gerações que (ainda) respiram.