Texto porVictória Silva
Jornalista, Santos

Sons de Santos inspiram trabalho do Cæs

Qual o som que te faz lembrar a cidade?

Para a minha avó, é o apito dos navios que chegavam ao porto carregados de café; meu pai fala do carro da cândida, onde trabalhou pela primeira vez no fim dos anos 1960; pra mim, é o som do mar abafado pelo trânsito de todos os dias.

Toda cidade guarda sua sonoplastia típica e cada um que passa por ela tem suas próprias lembranças – mesmo que, na correria do dia a dia, ninguém pare para pensar muito sobre isso.

O duo Caes, formado pelos músicos Bruno Bort e Guilherme Meduza, andou por Santos em busca desses ruídos. O motivo? Transformar nossas memórias e a história da cidade em música. Sim, os barulhos do nosso cotidiano deram vida a um trabalho que vai tocar no seu fone de ouvido em 2018.

Sons de Santos inspiram trabalho do Cæs

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Estamos falando do disco-projeto intitulado Santos 3AM.

Trata-se de uma uma espécie de épico urbano intimista e instrumental, segundo definem os artistas. Particularmente, foi uma das coisas mais diferentes e poéticas que tive o prazer de ouvir nos últimos tempos. Sério, é uma obra de arte.

Entre os sons gravados por eles, tem trem, jogos na Vila Belmiro, feira livre, travessia das barquinhas e alguns outros. O desafio do Juicy Santos é identificar cada um deles (e aí, você aceita?).

O trabalho foi contemplado pelo 5º Concurso de Apoio a Projetos Culturais Independentes do Município de Santos (Facult) e está disponível em todas as plataformas online.

Ouça no Youtube, Soundcloud, Spotify, Deezer, Bandcamp ou iTunes

Em 49 minutos e alguns segundos, o ouvinte recebe o convite para mergulhar na vida de anônimos através de um olhar intimista e delicado, próximo e envolvente sobre todas essas pessoas. E a cidade, sua história e seus cantos, amarrando tudo.

Uma das inspirações do trabalho é o histórico e seminal O Porto de Santos, curta dirigido por Aloysio Raulino em 1978.

Vale ressaltar que todo o trabalho foi tocado e programado por Bruno Bort e Guilherme Meduza, mas teve a participação do baixista Fábio Machado em três faixas. Todas as composições também pertencem ao duo Bruno-Guilherme, com exceção de Vento Noroeste, co-escrita por Jota Amaral.

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