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Guaraná Jesus: que gosto tem?

Desde os tempos em que o Orkut era a rede social mais hypada da internet eu me pergunto que raios tem de especial o famigerado Guaraná Jesus para merecer tantas comunidades elogiosas. Em São Paulo, não há quitandinha ou hipermercado que venda o tal guaraná rosa, que só é comum no nordeste. Parece o tipo de coisa que só criança toma, mas na verdade a bebida é bem tradicional no Maranhão (existe desde 1920!), e só perde em ibope no mercado maranhense para a Coca Cola.

Minha curiosidade sobre o refrigerante pink aumentou depois que a atual embalagem kitsch da bebida, que foi escolhida pelo público, ganhou o Prêmio Internacional de Excelência em Design, Idea, em 2010. Aí, além de exótico e raro, o guaraná rosa ficou cult.

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E apesar do novo status, e de ter virado produto da Coca Cola, o Jesus continuou alheio aos mercados do sudeste. Essa exclusividade instigou ainda mais o meu interesse e o de mais gente do lado de cá do país, e que atire a primeira pedra quem nunca teve síndrome de indie e cobiçou algo bem difícil de ver por aí, tipo banda de post-rock da Islândia, unicórnio ou ingresso para o Planeta Terra.

Eu também tenho isso e achava que só teria a oportunidade de beber o guaraná maranhense no Tubaína Bar, em São Paulo, que também vende Grapette e outros refrigerantes peculiares. Mas eis que um amigo da redação foi ao Maranhão a trabalho e voltou com uma dúzia de latinhas de Guaraná Jesus! Oh my god, a double rainbow in the sky!

Nem se ele tivesse ido a Paris e voltado com uma dúzia de frascos de Chanel nº5 eu teria achado o presente tão incrível. Resisti à tentação de bebê-lo na hora e levei para casa para deixar geladinho, aí lacei Guilherme Sagas para ser cobaia na degustação.

Enfim, o gosto
É bom. Tão artificial quanto qualquer outro refrigerante, mas de um jeito gostoso. Tem uma cor que fica entre o Rosa Chiclete da Colorama e o Bata Rosa da Impala e cheiro de Ploc de tutti-frutti. O gosto é bem doce, parece uma mistura de tubaína com groselha Milani, mas é bem melhor que muito refrigerante tradicional que vende por aí.

Já o Guilherme não ficou impressionado. “Parece frutaína”, comentou, assumindo que não curtiu o Guaraná Jesus.  “Deve ser gostoso no Maranhão. Talvez a gente não tenha deixado respirar, como um vinho”, confabulou. Mas eu acho que se respirasse com rolha de cortiça na adega perderia o gás e ficaria com gosto de xarope pra tosse.

Não sei se meu julgamento foi influenciado pela cor feliz do produto ou pela embalagem kitsch que ornou com a minha toalha emborrachada dos anos 80, mas eu gostei, compraria no mercado e pediria no almoço. Depois de uns meses encontrando Guaraná Jesus no supermercado o hype sumiria, mas eu continuaria bebendo em saidinhas no meio da semana, festas da firrrma e afins, assim como acontece com o guaraná normal. Quero mais Guaraná Jesus. Fica a dica, Coca Cola e bares legais santistas.

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