De doce clássico a trend, Estação Brigaderia é hit em festas na Baixada Santista
Um atropelamento que quase custou a perna, um parto que quase tirou sua vida, a morte dos pais e uma gravidez durante uma falência. Parece enredo de filme da Netflix, mas tudo isso aconteceu com Andréia Castro. Esses foram apenas alguns dos desafios que a levaram em direção a um sonho que hoje tem o nome de Estação Brigaderia.

Essa empresa de Santos já fez mais de 3 mil eventos na Baixada Santista e hoje tem um reconhecimento imediato de quem frequenta ou organiza festas por aqui.
Em 2017, ela estava no fundo do poço após falir uma doceria por erros na gestão. Mas, curiosamente, foi dormindo que recebeu algumas respostas para suas aflições.
“Eu tive um sonho em que vi um carrinho de brigadeiro e a frase ‘a vida é muito curta para enrolar, coma de colher'”, conta Andréia.
O que poderia ter sido apenas uma curiosidade noturna se transformou no embrião da Estação Brigaderia, hoje uma das empresas mais requisitadas do setor de eventos na Baixada Santista.
Inovação que nasceu da necessidade
A genialidade de Andréia foi identificar um nicho inexplorado: o rodízio de brigadeiros.
“Pesquisei e não existia no Brasil”, explica.
Com o apoio do marido, que comprou o primeiro carrinho, ela criou não apenas um produto, mas uma experiência completa. O primeiro evento aconteceu na casa do empresário Alex Mendes. E, desde então, a empresa nunca parou de crescer.
O que a Estação Brigaderia entrega vai muito além dos sabores. O carrinho é totalmente interativo, com doces preparados na hora, gratinados e flambados à vista dos convidados.
“Não é só um carrinho de brigadeiro, nós colocamos a personalidade do cliente no doce”, destaca Andréia.
Cada evento recebe tratamento personalizado, combinando com a paleta de cores e o tema da celebração.
Economia criativa que gera impacto
Atualmente, a empresa atende grandes corporações como Brasil Terminal Portuários (BTP), CitroSuco, Hospital Albert Einstein, TV Record e SBT. Das milhares de festas, com 90% são casamentos e bailes de debutantes, um mercado que descobriu na Estação Brigaderia o toque especial que faltava.
Mas foi com o projeto “Brigadeiro Raiz” que Andréia mostrou como a economia criativa pode ser um motor de desenvolvimento local. Tudo começou na feira do Encontro de Cidades Criativas da UNESCO em Santos, quando criou o “Brigadeiro Jorge Amado” inspirado na cidade de Paraty, uma releitura da famosa caipirinha local com cachaça Gabriela, maracujá e limão.
O sucesso levou o prefeito Kayo Amado, de São Vicente, a propor a criação do “Brigadeiro Raiz do Brasil”. Após estudar a história da cidade, Andréia desenvolveu uma receita que resgata ingredientes locais: cachaça (o primeiro alambique do Brasil surgiu em São Vicente), doce de leite, açúcar, canela e banana, em homenagem aos indígenas. A criação do Brigadeiro Raiz do Brasil foi oficializada como patrimônio histórico e doce oficial da cidade de São Vicente.
“A ideia é fomentar a economia, trazendo para a modernidade a história de cada cidade. Dessa forma, movimentamos feirinhas locais, valorizamos ingredientes esquecidos e oferecemos workshops para ensinar a população a preparar o doce, criando uma verdadeira cultura gastronômica municipal”.
Criatividade sem limites
A Estação Brigaderia se tornou conhecida por criar histórias em brigadeiros. Entre os sabores mais inusitados estão chiclete com farinha láctea, chai indiano, halls de melancia, poncho espanhol, sex on the beach e mandioca com banana flambada.

Embora não sejam sabores convencionais, todos têm algum significado. O de halls de melancia, por exemplo, conta a história de um casal que se conheceu por conta da bala.
“Sempre atendemos a solicitação do cliente, mesmo que seja exótica”, garante Andréia.
A virada de chave definitiva veio com a chegada da engenheira química Cris Egami, que profissionalizou processos, melhorou a precificação e potencializou a inovação. Mesmo enfrentando os desafios da pandemia, com cancelamentos e perda de clientes, a empresa ganhou reconhecimento em todo o país por transformar um doce clássico em objeto de desejo.
Para Andréia, empreender aqui na Baixada Santista é desafiador, mas recompensador.
“Hoje existem vários movimentos de mulheres, grupos em que uma apoia a outra”, observa.
A empresária, que já enfrentou um atropelamento, complicações no parto e a perda dos pais, nunca desistiu dos sonhos.
A Estação Brigaderia é mais que uma empresa de doces, é um exemplo de como a criatividade, combinada com persistência e inovação, pode transformar uma ideia simples em um negócio de impacto. Hoje, ter o carrinho da Andréia em um evento virou objeto de desejo em Santos e região, provando que às vezes os melhores negócios nascem nos momentos mais improváveis.
“A Brigaderia é a fênix da minha vida e da minha família”, resume Andréia. Uma fênix doce, criativa e genuinamente santista.