O que é puerpério: fomos descobrir na Escola de Mães

Na gravidez, dois se tornam um. Bebê e mãe, juntinhos, 24 horas por dia.

Aí ele nasce. E a lua de mel está apenas começando. Será?

A transformação não se completa após o parto. Pelo contrário: é aí que ela se inicia, com uma vida nova entrelaçada à mãe que surge a partir de então.

Fotos: Fernanda Luz para Juicy Santos

Mas e o que é puerpério?

A princípio, muitas mulheres – mães ou não – podem não saber o que o termo significa. Por isso, estamos aqui para explicar com a ajuda da equipe da Escola de Mães. Esse projeto inovador em Santos orienta e ensina gestantes nos caminhos tortuosos – e deliciosos – da maternidade em três diferentes locais da cidade.

Para começar, temos que falar que as mudanças após os 9 meses são muitas – físicas, emocionais, comportamentais. E quem já passou por isso sabe o quanto o apoio nesse momento se torna fundamental. A Escola de Mães promove esse acolhimento desde o pré-natal até os seis meses do bebê. Da descoberta da nova vida à amamentação.

Consultamos para esta matéria:

• Ione Maria de Lima, coordenadora da Escola de Mães no Morro Santa Maria, enfermeira há 33 anos e pós-graduada em Saúde da Família;
• Maria Aparecida Pinto, pediatra;
• Marina Wanderico Santos, estagiária de Psicologia da Escola de Mães;
• Alessandra Santos de Souza e Adriana Ferreira, agentes comunitárias de saúde.

Primeiramente, a definição de puerpério é bem menos complicada do que parece. O termo quer dizer pós-parto. Os mais antigos chamavam de “quarentena”. Tecnicamente, diz respeito à fase que vai do nascimento do bebê até a recuperação, ao estado anterior à gestação, dos órgãos genitais e da mulher de forma geral.

Quem aproveita e curte a gravidez, geralmente, se preocupa apenas com a via de parto. Se prepara para ter um parto normal ou faz planos, juntamente com o obstetra, de uma cesárea. Porém pouca gente se lembra que, apesar de desafiador, o parto é apenas o ponto de partida.

Antes de mais nada, duração do puerpério fica entre seis e oito semanas, sendo:

• puerpério imediato: até o décimo dia após o nascimento;
• puerpério tardio: até 6 semanas pós-parto;
• puerpério remoto: a partir do 45º dia

O parto é o início da jornada

Do puerpério, fazem parte também o bem-estar, o retorno gradual às atividades cotidianas e a adaptação à nova realidade – agora com mais um membro na família.

Portanto, toda mãe, por mais confortável que esteja com os cuidados com o bebê, precisa de um tempo pra sentir e aprender a lidar com as demandas infantis. Afinal de contas, cada criança tem sua personalidade e suas características.

Em outras palavras, não existe nenhum bebê igual ao outro.

Sexo depois do parto: quando voltar?

Entre as principais dúvidas, relata Ione, está a questão de quanto tempo depois de ter bebê a mulher pode voltar a ter relações sexuais.

“Nos três primeiros meses, a mãe está geneticamente ‘programada’ para cuidar do bebê. Então, o resguardo deve durar, pelo menos, esse período”, explica Ione. 

Notavelmente, segundo a Caderneta da Gestante, do Ministério da Saúde, deve-se esperar pelo menos 40 dias do parto até o retorno às relações sexuais.

Como resultado, podem existir algum desconforto e ressecamento vaginal por causa das mudanças físicas e hormonais. Mas não se esqueça da importância da contracepção nesse período. O casal pode escolher entre os vários métodos de prevenção da gravidez, como DIU, pílula, camisinha, diafragma ou injeção.

O tabu da depressão pós-parto

Além do sexo depois da gravidez, um outro tópico do qual pouco se fala é a depressão pós-parto.

É bem comum se sentir um pouco triste. O baby blues (no termo em Inglês) se traduz em oscilações de humor em até duas semanas de puerpério. Porém, ela pode se tornar algo ainda maior.

No caso de uma gravidez indesejada, a depressão até pode ser antecipada. Contudo, não podemos deixar de mencionar a necessidade de identificar os sinais de depressão pós-parto nos primeiros quatro meses, em média, depois de dar à luz.

Principalmente, são eles:

• crises de choro;
• dificuldade em cuidar de si mesma e/ou do bebê;
• irritabilidade;
• mudanças no apetite;
• sensação de desespero, entre outros.

Nesse sentido, o tratamento para a depressão pós-parto envolve medicamentos e terapia.

Busque ajuda no pós-parto

Além de iniciativas como a Escola de Mães, que podem ajudar a recuperar a autoestima, tirar dúvidas e proporcionar um ambiente seguro, é fundamental buscar uma rede de apoio com seu médico, seus familiares e, principalmente, seu companheiro.

Portanto, aqui estão algumas dicas para ter um puerpério mais tranquilo:

• peça ajuda com todas as letras! Às vezes, sua família e seus amigos nem sabem como podem ajudar;
• não alimente expectativas elevadas – em relação a você mesma ou ao bebê;
• retorne com cautela aos exercícios físicos e cuide de sua alimentação;
• aceite com serenidade os dias ruins e curta muito os dias bons;
• evite ingerir álcool durante e após a gestação;
• procure não se isolar de parentes e amigos;
• cultive relacionamentos – com o parceiro, com amigos, com outras mães na mesma situação que você;
• tente limitar o número de visitas em casa
• procure descansar enquanto o bebê dorme, se possível.

A Escola de Mães

Visitamos duas vezes a unidade Santa Maria da Escola de Mães, uma iniciativa da VLI (empresa que administra o Terminal Integrador Portuário Luiz Antonio Mesquita – Tiplam), para oferecer apoio em todos os sentidos às mulheres gestantes, seus parceiros e familiares em Santos. Especialmente, ficamos encantadas com o equipamento e recomendamos esse serviço para todas as gravidinhas!

Também presente nos bairros Ponta da Praia e Caruara, a sala da Escola de Mães faz o acompanhamento completo e multidisciplinar da gravidez no formato de encontros em grupo. Em breve, deve ser ampliada para outras unidades de saúde.

Em resumo, o espaço tem uma estrutura para acompanhar, de forma completa, a mãe e o bebê nesse início de jornada tão crucial para o desenvolvimento da próxima geração. Estão na pauta, ainda, questões de nutrição, plano de parto, vacinação, planejamento familiar e retorno ao trabalho, entre outros.

Rola muita informação e troca de experiências, tanto com as profissionais envolvidas quanto entre as próprias mães. Dessa forma, a intenção é reduzir os índices de mortalidade maternoinfantil do município, aumentar a autoestima das mulheres e estabelecer uma relação de maior confiança entre a comunidade e o serviço de saúde.

No Santa Maria, existe nesse formato desde junho de 2018. Às segundas-feiras, o grupo debate as principais dúvidas das futuras mães e, às quartas-feiras, recebe também as que já tiveram o bebê e estão encarando o desafio da amamentação exclusiva nos primeiros seis meses. A pediatra Dra. Keiko Miyasaki Teruya, santista referência em amamentação no Brasil, é a embaixadora do programa.

E são bem disputadas as aulas de amamentação. Aliás, esse assunto é tema da nossa próxima matéria sobre a Escola de Mães aqui no Juicy Santos. Isso porque o aleitamento materno gera muitas dúvidas nas futuras mães.

Fique ligada!

Para se inscrever na Escola de Mães

Assim, quem quiser participar deve ir até uma das unidades em que o programa está disponível – Santa Maria, Caruara ou Ponta da Praia – de segunda a sexta, das 9 às 17 horas. Não esqueça de levar documento de identificação com foto, cartão SUS (se tiver) e comprovante de residência (de Santos).

Os endereços da Escola de Mães em Santos são os seguintes:

• Unidade Santa Maria: Rua Oito, 838/936, Morro Santa Maria. Tel: (13) 3201-5000
• Unidade Ponta da Praia: Praça Primeiro de Maio, sem número, Ponta da Praia. Tel: (13) 3261-2762
• Unidade Caruara: Rua Andrade Soares, sem número, Caruara. Tel: (13) 3268-1358