Texto porLuiz Fernando Almeida

Adoção por casais gays

Na ultima semana tivemos uma grande vitória LGBTT no Brasi: o STJ decidiu que todos os cartórios do Estado de São Paulo terão de habilitar obrigatoriamente homossexuais para o casamento civil. O Diário Eletrônico da Justiça publicou na terça-feira (18/5) alterações nas Normas de Serviço da Corregedoria-Geral que aplicam ao casamento ou à conversão de união estável em casamento de pessoas do mesmo sexo às regras exigidas de heterossexuais. A medida entra em vigor em 60 dias.

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Os casais homossexuais não precisarão mais ter de registrar primeiramente a união estável para depois solicitar a conversão em casamento. Nem terão de recorrer à justiça para garantir o casamento ou a conversão da união. Basta ir diretamente ao cartório de registro de pessoas naturais e solicitar a habilitação para o casamento.

Então, a partir desse fato, as novas famílias vão começar a sentir outras necessidades como, por exemplo, adotar filhos.

Nos Estados Unidos, a Academia Americana de Pediatria (AAP) divulgou seu apoio aos direitos de adoção para casais do mesmo sexo. ‘Crianças prosperam em famílias estáveis e que oferecem segurança, e isso se faz através do casamento. A AAP acredita que deve haver igualdade de oportunidades para todos os casais acessarem a estabilidade econômica e apoio federal a casais casados para criar filhos‘, disse o doutor Benjamin Siegel.

No Brasil, existem alguns casos de crianças adotadas por famílias gays. A maioria ainda não entende que isso não influencia em nada nas escolhas da criança e que muitas vezes, é importante que esta criança tenha uma verdadeira família e receba amor não importando se tem dois pais ou duas mães.

Essa é uma discussão muito polêmica por aqui e, obviamente, já existem políticos se movimentando para negar mais este direito à comunidade LGBTT; deixando-nos sempre a margem da sociedade e negando nossos direitos iguais. Como diria a personagem Dama da Noite do conto de Caio Fernando Abreu: “Fora da Roda!”.

Abaixo, cinco razões científicas, baseadas nos estudos da AAP, sobre o porque os casais gays são pais e mães incríveis!

Cinco pontos sobre pais gays:

1) Eles escolhem ter filhos…

Diferentemente dos casais heterossexuais que frequentemente têm filhos não planejados, os pais gays ESCOLHEM ter filhos. Segundo o Instituto Guttmacher cerca de metade das gestações não são planejadas e cerca de metade dessas gestações não planejadas acabam em aborto.

Pais de bebês não planejados podem fazer um bom trabalho os criando, é claro, mas alguns estão em circunstâncias terríveis – são famílias de baixa renda, muitas vezes sem condições de dar o suporte necessário a criança.

Os casais gays em contraste, geralmente passam por um processo extenso quando pretendem ter bebês. Eles têm que superar diversas dificuldades e limites biológicos para adotar, encontrar barrigas de aluguel ou doadores de esperma ou usar métodos de fertilização in vitro. Após perseverar através desses desafios, pais gays ‘tendem a ser mais motivados, mais comprometidos do que os pais heterossexuais, em média, porque eles escolheram ser pais‘, explica Abbie Goldberg, psicólogo da Universidade de Clark em Massachusetts.

Assim, o desempenho do grupo de pais gays não é tão distorcido por pessoas que caíram acidentalmente na paternidade ou maternidade e não estavam preparados para ela.

2) Eles ajudam os mais necessitados…

Pais gays são um grande recurso para as crianças que aguardam adoção, especialmente os casos mais necessitados. Em outubro de 2011, o Instituto de Adoção Evan B. Donaldson descobriu que 60% dos pais gays adotavam crianças de diferentes raças das suas, o que é importante, porque as crianças de minorias têm dificuldades para sair do sistema de adoção. E 25% das crianças colocadas com pais gays ou mães lésbicas tinham mais de três anos – também uma faixa etária difícil de ser adotada. Mais da metade das crianças tinham necessidades especiais.

Um relatório de 2007 do Instituto Urbano concluiu que mais de metade de gay e 41% das lésbicas nos Estados Unidos gostariam de adotar. É um número enorme de pais em potencial, que supera as mais de 100 mil crianças adotáveis presas em lares hoje no país.
No Brasil, um estudo feito pelo demógrafo Reinaldo Gregori, tendo como base os dados do Censo 2010, revelou uma surpreendente taxa de casais do mesmo sexo no Brasil que já têm filhos: 20%. A pesquisa também mostrou que enquanto apenas 34% dos chefes de família heterossexuais possuem mais de dez anos de estudo, entre os casais gays declarados esse número chega a 67% e seu rendimento financeiro médio, de 5.200 reais. É quase o dobro! Não há dúvida de que casais homossexuais são importantes para dar carinho e suporte.

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3) Eles promovem a tolerância…

Essa é considerada uma vantagem de se ter pais gays pelas próprias crianças criadas por eles: filhos de casais homossexuais dizem que sua educação ensinou-lhes a ter mente aberta e empatia.

Em um estudo de 2007 publicado no American Journal of Orthopsychiatry, Goldberg entrevistou 46 adultos que cresceram com pelo menos um pai gay. 28% dos entrevistados mencionou independentemente que eles sentiam que sua criação os havia tornado mais tolerantes. ‘Homens e mulheres sentiram como se estivessem livres para buscar uma ampla gama de interesses‘, afirmou Goldberg.

4) Seus filhos vão bem na escola…

Uma revisão de todos os estudos existentes sobre pais gays e seus filhos publicada em 2010 constatou que as médias de notas acadêmicas eram iguais entre crianças de lares heterossexuais e homossexuais.

Em um estudo comparando adolescentes que vivem em ambos os tipos de famílias, meninos de mães lésbicas tinham uma média de 2,9 em comparação com 2,65 para os meninos de pais heterossexuais. Meninas adolescentes criadas por duas mães tiveram média de 2,8 em comparação com 2,9 para meninas criadas por uma mãe e um pai. Os estudos sobre mães lésbicas é muito maior.
Outra análise descobriu que a taxa de atividades delinquentes, tais como furtos ou brigas em crianças de mães lésbicas e pais heterossexuais era a mesma.

Em maio de 2012, um estudo publicado no Journal of Marriage and Family descobriu que as crianças de famílias do mesmo sexo tinham a mesma capacidade matemática do que crianças de famílias heterossexuais, mesmo controlando os dados por conta de fatores familiares, como divórcios.

5) Eles criam filhos confiantes…

Muitos críticos da família centrada em pais homossexuais diz que as crianças sofrem bullying e não crescem com a mesma tranquilidade ou oportunidades, seja lá o que isso quer dizer. Nos itens anteriores, já vimos que elas são muito bem educadas e se dão bem academicamente. Esse item mostra que também são bem ajustadas psicologicamente.

Uma educação em uma casa de casais do mesmo sexo pode até dar às crianças um impulso de confiança. Em um estudo de 2010 publicado na revista Pediatrics, os pesquisadores examinaram crianças de famílias lésbicas planejadas, em que uma única mãe lésbica ou parceiras lésbicas decidiram ter filhos, em contraste com trazer crianças para uma nova relação a partir de parcerias heterossexuais anteriores. Como outros estudos de mães lésbicas, este não encontrou diferenças significativas no desenvolvimento infantil e comportamento social das crianças.

Mas as crianças de mães lésbicas eram mais confiantes do que as crianças de pais heterossexuais. Segundo os cientistas, o envolvimento ativo dos pais pode explicar o aumento da autoestima nos filhos.
Interessante um estudo que aborda filhos de pais gays.

Tenho vontade de adotar uma criança, mas sei das responsabilidades e também da disponibilidade que isso exige. Se adotarei junto com um parceiro ou sozinho só o tempo dirá, mas é algo sinto vontade.