Texto porVictória Silva
Jornalista, Santos

Mãe da Rua: documentário conta história de líder do Morro do José Menino

Quantas boas histórias estão esperando ser ouvidas?

Aqui em Santos são várias. Ao longo do tempo, encontramos algumas como a Dona Eliza ou o seu Cézar, que mora lá no Morro do José Menino. E um grupo de estudantes de jornalismo, agora formados, descobriu outra personagem no mesmo bairro: a irmã Ana, líder da comunidade.

A história deu origem ao trabalho de conclusão de curso, em 2014, e ganhou reconhecimento ao faturar o Prêmio Irmã Dolores em 2016.

Quem assiste ao documentário de 15 minutos não imagina que João Diwan, Jéssica Bittencourt e Fernanda Napoli não tinham esse como o projeto de TCC desde o início.

mãe da rua

“Íamos fazer um livro reportagem sobre mulheres santistas que fazem trabalho comunitário”, explica Jéssica.

Ao todo, seriam oito entrevistas. No entanto, a poucos meses da entrega, uma das integrantes do grupo trancou a matricula e uma fonte desistiu de colaborar.

E agora?

Desfalcadas, as meninas foram conversar com o orientador (André Rittes) sobre o que fazer e chegaram à seguinte conclusão desesperadora: não vai dar tempo! Foi aí que o João, até então de outro grupo, passou a integrar a equipe e a comunidade do José Menino se tornou o cenário principal do trabalho, que, de livro, virou documentário.

Foram três dias de gravações no morro, entre entrevistas com a personagem principal, outros moradores e cenas do dia-a-dia da comunidade.

Fernanda que conta que sempre que mencionava que estava indo para a comunidade, muitas pessoas a questionavam: “Mas você não tem medo de ir com tantos equipamentos?”.

Esse questionamento só mostra o quanto a gente não conhece a nossa cidade 🙁

mãe da rua

“A comunidade é muito receptiva. Fizemos entrevistas na casa de algumas pessoas e sempre éramos recebidos com bolo, refrigerante… Nunca tivemos problema nenhum”, lembra.

Ao fim das gravações, o grupo virou algumas noites editando e apresentou o trabalho, que foi um sucesso. Hoje, dois anos depois da formatura e com um prêmio que reconhece a importância do material, não há dúvidas: cumpriram seu dever de mostrar mais uma história linda de gente que faz Santos acontecer.

“Recebi uma ligação da Prefeitura de Santos falando que o trabalho era finalista, eu nem lembrava que tinha me inscrito, fiquei muito emocionada”, lembra Jéssica.

No dia da premiação, que aconteceu no inicio do mês, o grupo ouviu a sala inteira aplaudindo o trabalho.

“Todo dia de manhã eu acordo e olho para estatueta para ver se é de verdade. É muito bom  ver que nosso trabalho, que era desacreditado por ter  menos tempo de execução, foi reconhecido”, finaliza.

Você pode assistir o documentário abaixo: