Texto porRita Zaher

A vida é curta mas é larga. O que isso quer dizer?

Acabei de receber uma mensagem de uma amiga, daquele tipo que a gente às vezes não quer abrir porque acha que é mais uma piada ou mais uma bobagem mentirosa que se espalha pelo Whatsapp em épocas de crise mas, como era uma amiga muito querida, resolvi dar um crédito… Foi a minha sorte!

A mensagem continha uma parte da palestra da Leila Ferreira, que eu não conhecia e fiquei fã assim que ouvi as primeiras frases. Ela é jornalista, escritora e palestrante e está pesquisando sobre gentileza.

www.juicysantos.com.br - mulher com floresFoto: Jazmin Quaynor para Unsplash

Ouvi, sem conseguir desgrudar do telefone, o que essa mineirinha (pelo menos me pareceu pelo sotaque) tão esclarecida dizia e vou tentar comentar, à minha maneira, algumas das coisas com vocês.

Em primeiro lugar, é bacana esclarecer que senti uma conexão incrível com o áudio porque o que ela fala vem de encontro ao que eu penso e também falo para meus alunos e nos treinamentos que ministro nas empresas.

Ela fala, por exemplo, sobre pensar em si ou no próximo e compara duas pessoas que conheceu. Uma delas, sentou ao seu lado no avião e cortou as unhas praticamente em cima dela, sem se importar, e outra que é um professor que conheceu em Baltimore (nos EUA) que tinha como lema fazer os alunos aprenderem a respeitar o próximo, acreditando que se isso não acontecesse ele teria fracassado em sua missão docente.

Para isso, ele criou um projeto como voluntário e começou a fazer campanhas em diversos lugares, divulgando que gentileza é gênero de primeira necessidade, e não artigo de luxo.

Eu sempre enfatizo isso para os meus alunos, que gentileza é utilizada até para negociar. Você seria capaz de negar um favor para alguém que sempre o trata gentilmente e quebra seus galhos? Provavelmente não! Logicamente que não se pratica gentileza por interesse e isso melhora ainda mais as coisas, pois as tornam genuínas e o que impera nessa relação é a gratidão.

Vive bem quem se relaciona bem

Outra frase incrível que Leila proferiu foi:

“A vida é a soma de nossos relacionamentos, vive bem quem se relaciona bem”

Uau! Merece uma respirada agora hem?

Traduziu meus sentimentos em palavras, com toda clareza e objetividade possível. E não é verdade? Pensei em todas as pessoas que conheço que sabem se relacionar bem e pensei também naquelas que não sabem. Fiz um breve comparativo da vida de uma com a outra e realmente, as pessoas tem como vida o reflexo delas mesmas! E isso serve para todos, tanto para os grandões como para os pequenos.

E Leila ainda explica que pesquisas comprovam que em CTIs de hospitais onde médicos e enfermeiros são grosseiros, as taxas de mortalidade são mais altas e funcionários que tem chefes grosseiros e mal educados têm 30% a mais de chance de contrair doença cardiovascular.

Ela acrescentou que CHEFE SEM EDUCAÇÃO FAZ MAL PARA O CORAÇÃO.

Taí uma grande verdade. Quem aguenta viver por muito tempo com uma nuvem negra rondando o ambiente? Levantar e ir para o trabalho com se estivesse indo para uma tortura sem prazo para terminar?

Sobre o stress, ela afirma que virou desculpa para o indesculpável. As pessoas saem dando patadas e espalhando grosseria e quando alguém tenta freá-las elas afirmam que estão estressadas. O mundo está cheio de gente com muita faculdade, dinheiro, poder e nenhuma educação. Só que, do mesmo jeito que gentileza, a grosseria gera grosseria e isso vira um circulo vicioso. – o fato é que stress virou desculpa para o mau humor e precisamos saber distinguir um do outro, além de saber separar o stress das relações porque ele é altamente destrutivo.

O bom humor

Por fim, Leila chega na questão do humor! Neste ponto do áudio, ela afirma que temos o direito de ter períodos de mau humor mas não podemos condenar as pessoas a viver conosco se somos mau humorados sempre. Ela usa uma frase mais uma vez muito bem colocada onde fala que o mal-humorado embaça os vidros e encarde as paredes porque ele contamina.

Segundo ela, o mal-humorado apresenta a fatura da infelicidade dele para o outro pagar. Forte, não? Mas muito verdadeiro! Pagar pela infelicidade do outro também costuma ter dias contados, porque as pessoas acabam não aguentando pagar um preço tão alto pelo amor próprio. Quando você permanece numa relação assim, muitas vezes se anula e esquece quem é de verdade, até que a doença ou algum amigo te resgate e ajude a despertar para uma vida com você.

Como assim? Bem, se você pensar que poderia estar se anulando para não incomodar ou não ser ainda mais infeliz de tanto que estava envolvida no mau humor do outro, você estava vivendo a vida do outro e na verdade você não estava nela.

Por fim, ela fecha com chave de ouro reproduzindo um ditado espanhol que diz:

“A vida é curta mas é larga!”

O que isso quer dizer?

Eu poderia deixar no ar e fazer vocês pensarem, na verdade, essa era a minha vontade, mas não aguento porque também amei o significado da frase e preciso dividí-lo.

A vida tem um tempo curto mas tem infinitas possibilidades e mesmo sabendo que temos um prazo por aqui, podemos preenchê-lo da maneira que escolhermos! Que responsabilidade a nossa né? Amei a Leila, amei o que ela me fez relembrar e amei a possibilidade de levar isso para vocês.

Este vídeo tem uma entrevista da Leila no Chá com Leveza:

Leila Ferreira e a arte de ser leve

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