Texto porRita Zaher

O que aprendemos com o resgate dos meninos da caverna na Tailândia

Todos nós acompanhamos aflitos o regate dos meninos da Tailândia que teve um final feliz.

Exceto o mergulhador, um herói que ficou pelo caminho, ao que fiquei sabendo porque tentou deixar mais oxigênio na caverna e trazer menos com ele, todos os outros envolvidos saíram vivos deste episódio.

Isso foi um grande alívio e nos deu uma bela lição, vinda de terras distantes e de dentro de uma caverna.

www.juicysantos.com.br - caverna da tailândiaImagem: Reprodução

Uma caverna que, à princípio, seria escura e gelada, estava cheia de luz e bem quentinha com o calor humano, confiança e esperança que eles lançaram ao mundo.

O mundo inteiro acompanhou apreensivo o resgate torcendo pelo melhor e isso nos levou à união e ao espanto pela solidariedade do público na torcida e dos voluntários que foram chegando aos poucos. Cada país contribuiu da melhor maneira, da forma que conseguiam, doando um pouco do que sabiam, desde técnicas exímias de mergulho, comunicação e estratégia até apoio, amor e solidariedade.

Fiquei imaginando como estariam os meninos. Aflitos, chorando, reclamando de fome e frio, em crises de pânico e ansiedade? Que nada! Eles estavam com um sorriso nos lábios e a esperança estampada em cada rosto.

Meditação e força

E os pais deles? Como estariam? Desesperados e sentindo-se impotentes? Nada disso! Estavam agradecendo a Deus por seus filhos estarem acompanhados pelo técnico Ekapol, ex-monge que os ensinou a meditar, prática que utilizaram dentro da caverna também.

Ainda nos resta falar dos heróis que enfrentaram as passagens estreitas e o risco da caverna por uma causa maior: resgatar vidas.

Esses meninos não sabem o que fizeram para humanidade e para a Tailândia, considerado o mais religioso do mundo. Com sua cultura peculiar, eles nos ensinaram muito.

O que aprendemos com o resgate dos meninos da caverna na Tailândia

Vou enumerar algumas coisas que aprendi lendo a respeito do acontecimento:

  1. Motivação: Narongsak Osottanakorn, chefe das operações, afirmava todos os dias: “Não há dia em que estejamos mais preparados do que o dia de hoje”;
  2. Respeito e Empatia: O mesmo Osottanakorn, após ter resgatado os primeiros meninos, não permitiu que a identidade das crianças fosse revelada em respeito aos pais cujos filhos continuavam presos. As famílias estavam juntas num alojamento na frente da caverna e ele não gostaria de ver alguns comemorando enquanto outros seguiam angustiados;
  3. União – Desde que souberam do desaparecimento dos adolescentes e de seu treinador, o povoado ficou muito unido e solidário, oferecendo ajuda psicológica às famílias, alimento e dinheiro para os pais que pararam de trabalhar para acompanhar o resgate;
  4. Solidariedade – além de toda a solidariedade do mundo que se mobilizou, o técnico dividiu sua comida, deixou os meninos mais fortes e confiantes e meditou com eles. Todos sabiam que o autocontrole contagiava e economizava ar (coisas preciosas em situações como essa). A solidariedade não estava apenas fora, mas principalmente dentro da caverna;
  5. Gratidão – o fato de os pais não estarem condenando, mas agradecendo ao técnico por estar com seus filhos e ajuda-los, o não julgamento e a energia do bem pairando no ar transmitiram ao mundo uma grande diferença cultural. No lugar de olhar o que deu errado, o foco no que está dando certo nos ajuda a sair melhores das situações cavernosas em que algumas vezes entramos;
  6. Ética – Durante as operações, falaram em estabelecer um “cordão sanitário” para evitar vazamento de informações que prejudicassem o andamento do resgate ou que atingissem sensivelmente as famílias. As informações eram guardadas a 7 chaves e nem mesmo os pais poderiam fazer comentários;
  7. Autocontrole e Confiança – Seguindo um ditado Tailandês que diz: “Evitarás ofender a quem te ajuda pedindo mais do que este lhe dá.” – os pais aguardaram o resgate dos filhos sem pedir mais informações do que recebiam , respeitando e reconhecendo os esforços de cada envolvido;
  8. Positividade e Esperança – Com toda a humildade, os meninos pediam desculpas para os pais e professores. Faziam promessas para o futuro, já sabendo que, em breve, estariam prontos para realiza-los. Entendi aí que esta era uma poderosa arma deles. Sem esperança, eles cairiam na desesperança (nada mais a esperar) ou seja, desespero, e isso não aconteceu em momento algum;
  9. Amor – A todo o momento, por todos os lados. Ele veio dos meninos, dos pais, do ajudante do treinador (um ex-monje), da comunidade, dos povos de outras nações que se mobilizaram e das pessoas que acordavam aflitas em busca de informações.

Os Javalis Selvagens, com toda a humildade e inocência, conseguiram iluminar e aquecer o coração de muita gente que traz cavernas escuras no peito e nem estão dentro delas fisicamente.

Esses meninos, seu técnico e seu pequeno país trouxeram lições preciosas ao mundo. Mostraram que a melhor tecnologia é a espiritual e que ela está bem pertinho, dentro de cada um de nós. Basta olhar para dentro e encontraremos os superpoderes demonstrados por Chanin Vibulrungruang, 11 anos; Panumas Sangdee, 13 anos; Duganpet Promtep, 13 anos; Somepong Jaiwong, 13 anos; Mongkol Booneiam, 13 anos; Nattawut Takamrong, 14anos; Ekarat Wongsukchan, 14 anos; Adul Sam-on, 14 anos; Prajak Sutham, 15 anos; Pipat Pho, 15 anos; Pornchai Kamluang, 16 anos; Peerapat Sompiangjai, 17 anos, e seu treinador assistente, Eka pol Chantawong, 25 anos .

Obrigada por essa lição! O mundo humildemente agradece os momentos de união que tivemos e por terem trazido a esperança de que ainda é possível acreditar em nós mesmos e na humanidade.