Texto porVictória Silva
Jornalista, Santos

Como foi o primeiro desfile de moda inclusiva de Santos

O sorriso da pequena garota não escondia a emoção.

Os olhinhos ficaram ainda mais brilhantes ao ouvir “E agora, na passarela, Sabrina Prata Rodrigues da Silva”.

Aos 12 anos, muitas meninas sonham em ser modelo e pegam gosto pela moda.

Para Sabrina, a noite tinha um sabor ainda mais especial: pela primeira vez, vestia uma roupa que atendia às suas necessidades.

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A palavra inclusão é, normalmente, associada à escola, às empresas e até ao planejamento urbano.

Mas quem tem algum tipo de deficiência sabe que as coisas não são bem assim. É preciso incluir em tudo, o tempo todo.

“O cidadão com deficiência é cidadão em todos os meios. Pensar no deficiente e lembrar que ele também tem o direito a se vestir com dignidade é bastante interessante e totalmente necessário”, lembrou Daniel, que junto a Angel (seu cão guia), abriu o 1° Desfile de Moda Inclusiva realizado na Baixada Santista.

Para entender como a moda pode ser um ponto de inclusão, veja esta cartilha que fala sobre moda inclusiva.

Um a um, os modelos passaram pela área central do Praiamar Shopping exibindo roupas feitas pensando em seu conforto.

As peças traziam abertura em velcro, para quem tem mobilidade reduzida; zíper em regiões que facilitam o vestir; descrição em braile e outras características que não costumam figurar nas prateleiras das lojas.

Facilidades

Juliane Prata lembra como é difícil comprar roupas para a filha, Sabrina. “Essa roupa que ela desfilou foi tão fácil de vestir, ainda estou boba”.

Ela conta que normalmente precisa da ajuda do marido para a tarefa e que, quando saem às compras, quase sempre encontram dificuldades. “Ele não pode entrar no provador feminino e nós não podemos ir ao masculino. Aí precisamos ver se tem gente, é sempre um constrangimento”.

Joaquina dos Santos, que fez uma pausa em suas compras para assistir ao desfile, confessou que nunca tinha parado para pensar na necessidade da inclusão na moda.

“Cresci vendo a minha mãe costurar, mas nunca imaginei a importância de se pensar nas roupas dos deficientes. Estou emocionada em ver a felicidade de cada um deles na passarela”.

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A iniciativa da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SEDPCD) e o Fundo Social de Solidariedade de Santos, com apoio do Praiamar, foi uma ponta de esperança para todos os participantes.

Segundo Mariane Doconski, superintendente do shopping, a ideia de fazer o evento no estabelecimento era de gerar empatia nas pessoas. “Amamos o projeto, a gente se identifica muito com a causa. Acho que todo mundo precisa entender a importância da inclusão”.

A cada aplauso, as famílias dos modelos choravam, num misto de alegria e orgulho.

“Foi um primeiro passo. Isso me deu esperança que um dia teremos roupa e lojas especializadas”, finalizou a mãe da Sabrina, que correu para abracá-la após o desfile.