Texto porLuiz Fernando Almeida

Rio 2016: Olimpíadas no Vale dos Homossexuais

Primeiramente, Fora Temer!

Segundamente, sumi porque estou trabalhando muito, mas já estou de volta.

O choro é livre, tá?

Mas vamos falar das Gaylimpíadas?

Eita!

www.juicysantos.com.br - rio 2016

Tá a coisa mais linda de ser ver: pedidos de casamento, saídas do armário, campeã apresentando a companheira, teve jornalista cometendo crime e expondo a sexualidade de atletas.

Maior maravilha, diaba!

Não preciso ser redundante e falar das dificuldades em ser um gay assumido no Brasil, sobretudo, no esporte.

Imagina que bafo viver em um meio absolutamente conservador, em que não há nenhuma representatividade… E

ainda tem a questão dos patrocinadores: muitos atletas continuam enfurnados no closet por receio de perder o já pouco dinheiro disponibilizado pelas empresas, clubes ou estatais.

Notícias especulando a sexualidade de atletas correm soltas pela rede, mesmo sem toda essa agitação em torno dos jogos.

A edição carioca, que teve aquela abertura fantástica, com projeções comandadas pelo VJ santista Spetto, foi eleita a mais gay friendly da história.

Já na cerimônia de abertura fomos presenteados com algumas trans, entre elas a maravilhosa Lea T, no abre-alas da delegação brasileira.

Teve também o lacrador Milton Bailarino que mandou até recado pra Lady Gaga no ao vivo mundial. A bee roubou a cena e não poderia deixar de citá-la. O instagram dele é @bailarino_.

www.juicysantos.com.br - lea t na abertura das olimpiadas

Mas não para por aí: essa é a edição com o maior numero de atletas assumidos, com seis brasileiros: Larissa (vôlei de praia), Mayssa (handebol), Julia Vasconcelos (taekwondo), Isadora Cerullo (rúgbi), Ian Matos (saltos) e a menina de ouro Rafaela Silva (judô). Entre os estrangeiros, estão medalhistas olímpicos como Tom Daley, britânico dos saltos ornamentais, e Megan Rapinoe, americana do futebol feminino, entre vários outros nomes.

Romance no ar

Outro bafo lindo de se ver foi o pedido de casamento a atleta do rugby Isadora Cerullo feito pela namorada Marjorie Ena.

As meninas não estão pra brincadeira nesta edição e a família tradicional brasileira tem que engolir as casadíssimas Helen Richardson-Walsh e Kate Richardson-Walsh, do hóquei sobre grama. Elas são o primeiro casal homoafetivo oficial a participar de uma Olimpíada em uma mesma seleção.

As gays não deitaram e o corredor britânico Tom Bosworth pediu seu namorado Harry Dineley em casamento na areia da praia de Copacabana. Tomou? Papuda!

Deu ruim

Ainda rolou aquele episódio de péssimo gosto do jornalista Nico Hines. Ele é um cafona e também editor do portal The Daily Beast e veio ao Brasil cobrir as Olimpíadas.

Nico, que é casado e hetero, teve a infeliz ideia de criar um perfil no Grindr, com a desculpa de mapear os atletas gays da Vila Olímpica. Aqui no Brasil, mais conhecido como fiscal de cu.

Pois o lindinho conversou com vários boys, porque não os atletas não estão mortos nem nada, né não?  Nesse lixo de matéria, o cara expôs muitos que não eram assumidos e até de países onde ser gay é crime. Complicou muita gente, mas se complicou muito mais. Mania de querer devassar a vida alheia, de querer saber da vida sexual alheia. Coisa de quem não trepa direito, né mores?

Salve a seleção

Os produtores de casting (risos) de modalidades como luta greco-romana, pólo aquático, natação, atletismo e ginástica artística estão de parabéns! Se precisarem de um assistente, eu posso ajudar no aquecimento.

www.juicysantos.com.br - luta greco romana

E por falar em luta romana, SENHOR! Eu não sei lidar com tantas posições, com tanto encaixe, com tanta barba, com tanto homem bão. Onde podemos praticar em Santos?

Os jogos nem terminaram e ainda tem muito bafo pra acontecer, mas pra população gay mundial, fica a certeza de que toda luta todo esforço tem valido a pena. Aos poucos, temos conquistado o direito de sermos nós mesmos – até mesmo no maior evento do esporte mundial.

Nesse momento, em que a atenção do mundo esta voltada para o Brasil, ter uma cerimonia de abertura inclusiva e atletas saindo do armário, dando a cara à tapa, tornam-se ações efetivas para mostrar que nosso país tem plenas condições de evoluir nas questões relacionadas aos LGBT.

Vai ficar feio ver noticia de trans assassinada depois de ver Lea T e outras na abertura.

Vai ficar feio gay morto, lésbica estuprada, depois de tanto a mídia explorar o assunto de forma acolhedora.

Vai ficar feio ler as estatísticas semestrais lotadas de crimes de ódio contra LGBTS.

Que esse momento seja um divisor de águas na luta pelos direitos LGBT em nosso país, onde a bancada religiosa e os defensores da família tradicional brasileira ainda fazem questão de nos deixar à margem, sem direitos igualitários.

Vamos comemorar cada notícia dessas, vamos ficar molhadinhos vendo os boys ou girls nas competições, mas não vamos esquecer que de nada adianta toda esta visibilidade se você não contribuir fazendo a sua parte no dia a dia.

Um bjo, Tio Luiz.