Texto porJuicy Santos
Santos

Os 9 anos do Futurafrica Afrobraziliangrooves

Vim do interior de São Paulo há poucos meses, então, aqui em Santos, pra mim, tudo é novo.

Tenho feito descobertas o tempo todo.

Eis que surgiu na minha rede o coletivo Futurafrica Afrobrazilliangrooves, que há 9 anos atua na Baixada Santista com o proposito de difundir a música, o afrofuturismo e promover a resistência cultural por aqui.

www.juicysantos.com.br - futuráfrica

Só neste final de semana, rolam duas atividades em que o grupo está envolvido.

Na sexta feira (20 de outubro), tem a 7ª edição do Fela Day. No sábado (21 de outubro), participam da 3ª Mostra de Cinema Marginal Santista.

Ambos os eventos acontecem no Buraco’s Espaço de Resistência Cultural.

Tive a oportunidade de sentar com Lufer (Luis Fernando Dias) e Sandro Bueno, integrantes do Futurafrica, pra entender melhor o que é o projeto, qual a sua mensagem e saber sobre as próximas ações do coletivo.

Pra organizar o papo, fomos ao começo dessa historia. Três amigos, Lufer, Bueno e Mauro Marianno,  tinham uma coisa em comum: o gosto por conhecer novos sons. Decidiram, então, aprofundar essas pesquisas e conceber um projeto que olhasse pra cultura negra, para o que acontecia nos guetos sem se prender ao passado, reformular e recriar.

Isso foi em 2008, quando a primeira ação aconteceu.

A ideia era promover festas que propagassem o resultado dessa grande pesquisa musical.

festa futurafrica santos março 2012

Ato político

Uma premissa importante é que, para o coletivo, “o fazer artístico é um ato político, e queríamos trazer a tona nossas inquietações e insatisfações de como a cultura é valorizada no país e como a noite santista trata seus artistas”.

Marianno tem formação profissional como historiador, além de trabalhar no Porto.

“Pra ele, trazer essa história era importante e o Lufer chegou com a vontade de mixar, misturar estilos musicais pela discotecagem”, conta Bueno.

Em quase uma década de coletivo, o Futuráfrica participou da realização das Viradas Ilegais, ação artística-politica-cultural que discute o formato da Virada Cultural imposta pelo governo estadual, e o Fela Day, que compõe o movimento mundial de celebração do aniversário do Fela Kuti.

O extinto Torto Bar também recebeu festas do grupo por um longo período, em que a equipe convidava MC’s, cantores, poetas para participarem do Mic Aberto.

Outra ação que merece destaque é a Rádio Futurafrica, que começou como um programa de rádio na radiosilva.org.br e teve duas temporadas nas ondas radiofônicas.

Como fazer rádio traz uma energia contagiante (quem faz sabe do que eu tô falando!), o coletivo passou a adotar um formato similar em suas apresentações, contemplando essa atmosfera de programa ao vivo in loco. É isso que vai rolar no Buraco, em Santos.

Novidades

Há dois anos, o Futurafrica conta com uma nova formação, que dá vazão a novas ideias e novos projetos.

O conjunto atual tem Mauro Marianno, Sandro Bueno, DJ Lufer, Ozzy e Wylmar Santos.

A chegada dos dois últimos levou a uma formação próxima a uma banda da Futuráfrica – porém, como o conceito propõe algo diferente das formações tradicionais musicais, há extras como sampler, sintetizador, efeito sonoro e mensagens de resistência.

Para 2018, a equipe de som Futurafrica promete lançar o primeiro álbum com músicas autorais, produtos de audiovisual e muito mais.

“Nossas músicas (próprias) vão tratar de questões políticas, raciais, das delícias da vida, encontros, amores, psicodelias afrocaiçaras, o que a gente traz do afrofuturismo pra cidade, como falar da BlackTown sem ser pejorativo, mas enfatizar esse ‘tubo de ensaio’ que é Santos. Quem sabe um dia a gente vê um monstro saindo do mar”, explica Lufer.

Para saber mais sobre esse coletivo pioneiro e propulsor da cultura de resistência na região, acompanhe Futurafrica no Facebook, Futurafrica no Instagram e no Bandcamp.

Por Sarah Mascarenhas, mãe da Letícia, fissurada nos Simpsons, Pottermaníaca, uma magrela de magrela, amante de desenhos animados, uma caipira do interior paulista que resolveu descer a serra há pouco tempo e apaixonada por cultura.

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