Texto porJuicy Santos
Santos

Pela preservação das calçadas de Santos

O piso das calçadas, além de servir como estrada para os nossos destinos, também pode ser obra de arte – ícones das cidades. O da Praia de Copacabana virou até denominação de um modelo de lajota. As calçadas do Centro da capital paulista estampam o mapa do Estado de São Paulo. As da Rua XV santista trazem os grãos de café. E o mosaico português do jardim da nossa orla? Chão único no mundo.

calçadas de santos

Pois é, mas já tem um bom tempo que as calçadas, pelo menos em Santos, estão sendo descaracterizadas. E não só pelos buracos no caminho, pelos entulhos em algumas esquinas. Os pisos das praças recentemente reformadas, dos canteiros das avenidas reurbinazadas e dos passeios das vias repavimentadas estão cada vez mais cinzas, inóspitos, feios.

As pedras portuguesas das calçadas da orla de Santos e seus desenhos com elas formadas estão sendo, de uma maneira desrespeitosa não só à estética como à história das nossas ruas, retiradas para dar lugar ao cimento. É o que está ocorrendo no Centro da cidade. A troca das cores das pedras pelo cinza do concreto já ocorreu nas vias recentemente repavimentadas para a extensão da linha turística do bonde. Na “revitalização” da João Pessoa e da Amador Bueno anunciada pela Prefeitura, o mesmo será feito.

Ou seja, essas ruas ficarão, como as vizinhas, sem cor, sem vida; terão parte de sua história destruída.

O mosaico das calçadas nas vias do Centro – ou “Cidade”, como dizem os mais tradicionais – é uma marca do bairro. Foi implantado nos anos 80, na última grande remodelação das ruas e avenidas daquela região, executada pelo Projeto Aglurb (Aglomerados Urbanos). (Em linhas gerais, o Aglurb era um projeto do governo federal de parceria com as prefeituras e governos estaduais para a remodelação de espaços urbanos).

A administração municipal tem alegado que o piso de concreto é mais seguro aos pedestres. Claro, se comparado ao das calçadas esburacadas, com as pedras soltas por falta de conservação, de fato é. Entretanto, o problema não é o tipo de piso – é, sim, a manutenção deficiente.

Se regularmente vistoriadas e consertadas, as calçadas de pedras portuguesas são perfeitamente transitáveis. Não atrapalham em nada nossas andanças. Pelo contrário: deixam nosso caminho muito mais bonito.

By: Wagner de Alcântara Aragão – @waasantista