Texto porLudmilla Rossi
Santos

O estagiário do Peixe Urbano

Após cometer uma daquelas *agadas em larga escala, o Peixe Urbano resolveu aproveitar a onda descolada das retratações por redes sociais e fazer uma “brincadeira” com um de seus estagiários. Dê uma olhadinha no print:

Print Estagiário Peixe Urbano

O post original no Facebook está aqui.

A ação gerou polêmica e menções no Kibe Loco, entre outros sites. Muita gente gostou e valorizou a “atitude despojada” do Peixe Urbano – eu também acho legal quando as empresas se posicionam dessa forma. Mas é muito bom relembrar alguns valores que a palavra “estagiário” carrega e vai carregar, enquanto esse tipo de atitude for considerada engraçadinha.

Não é moralismo, mas a relação chefe-subordinado é uma das coisas mais delicadas que existe. Além de tecnicamente ser um dos pilares para a desigualdade social em casos extremos. O estagiário nessa foto não assume apenas a aura cool que a empresa quis exercer nas redes sociais – mas sim a capa de eterno incompetente, incapaz e cristalizador de erros. E digamos que muitas empresas ainda vêem seus estagiários assim na base da pirâmire hierárquica.

Numa condição normal de contratação de um estágio, sabemos que esse tipo de vaga serve principalmente para fazer o cara aprender. O estágio é uma porta de entrada para o mercado de trabalho onde existem diretrizes já muito bem estabelecidas.  Existe, aliás uma cartilha sobre a lei do estágio, de 2008, bastante esclarecedora.

E ela começa assim:

 Art. 1º Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam freqüentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos.

§ 1º O estágio faz parte do projeto pedagógico do curso, além de integrar o itinerário formativo do educando.
§ 2º O estágio visa ao aprendizado de competências próprias da atividade profissional e à contextualização curricular, objetivando o desenvolvimento do educando para a vida cidadã e para o trabalho.

Mas o Peixe Urbano não deve ter lido a cartilha e se fez da máxima “põe a culpa no estagiário”. Bem feio.

Enquanto os estágios forem encarados como fonte de mão de obra barata e alvo para pancadas, dificilmente será cumprido o seu papel de continuidade da educação e capacitação.

É, existe muita “Minnie” invisível pegando busão e metrô todo dia – perdendo as oportunidades de aprendizado. E tem gente ainda dando risada…

PS.: Tomara que o Caio Estagiário do Peixe Urbano esteja ganhando MUITO bem pra fazer isso:

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