Texto porNathalia Ilovatte

Lembranças de quem passou pelo Colégio Marza

Ano que vem o Colégio Marza já não receberá mais alunos, e para homenagear essa escola que fez parte da vida de tantos santistas a ex-aluna e mãe de quatro ex-alunos Larissa Lopes contou suas melhores lembranças do colégio. O depoimento de Larissa é de deixar nostálgico até quem nunca nem entrou no Marza.

“Entrei no Marza em 1976, no maternal, e fiquei até 1988,quando me formei na 8ª série. Do Marza só tenho lembranças boas.

Lembro da casa da Bernardino de Campos, com aquele escorregador enorme e o gira-gira. Lembro que tinha uma mini-horta com uns coelhinhos que eu adorava ficar olhando, lembro dos ensaios de final de ano pra festa no Regatas Santista. Para mim era o acontecimento do ano dançar naquele ginásio.

Lembro de cada professora e de como elas me tratavam com carinho. Lembro da Tia Marza indo em todas as classes só pra ver como a gente estava, e sempre carinhosa… Lembro das festas juninas e festas de dia das mães, quando montavam um palco de madeira no pátio pra gente se apresentar para os pais.

Lembro que quando chegava a hora do lanche, até a gente ficar maior, sempre tinha que fazer piuí. A tia sempre começava a música e a gente ia andando em fila até chegar no parque, e ninguém podia tirar a mão do ombro do amigo da frente, senão era “feiúra”.

Lembro das aulas de música com a Tia Ana e do hino da escola.

Depois que saí do Marza fui estudar no Universitas, porque o colégio ainda não tinha Ensino Médio. Prestei Medicina e passei na primeira vez. Acho que grande parte da base que eu tive foi do Marza.

Casei e tive quatro filhos, três meninos e uma menina, e coloquei todos no Marza desde o maternal. Sempre achei uma ótima escola. Cada vez que um deles era alfabetizado com a turma do Davi e da Paloma (personagens que as tias usavam pra ajudar a aprender as letras), ainda no antigo pré, eu me emocionava. Era impressionante como eles aprendiam a ler e escrever muito rápido, sem traumas ou dificuldades.

Só de 2010 pra cá comecei a perceber alguma falhas no fundamental II. Professores que nunca paravam na escola ou faltavam com frequência, e meus filhos ficavam com dificuldade nas matérias na época das provas porque não tinham aprendido o conteúdo. Marquei várias reuniões com a coordenadora Renata, que reconhecia as falhas no ensino e prometia tomar providências pra melhorar,  mas nåo foi possivel, coitada… Ela chorou muito na última formatura.

O clima da festa foi uma mistura de alegria e tristeza. Como todos sabiam que era a última formatura do Marza, tinha um clima de despedida no ar. Teve depoimentos de alguns pais, que subiram ao palco e falaram sobre a tristeza da escola acabar. Uma das mães que falou foi a jornalista Vanessa Faro, que é ex-aluna. Ela se emocionou e também emocionou quem estava presente.

Ficamos sabendo que a escola fecharia quando recebemos uma carta em que a Tia Marza dizia que tentou até o último minuto manter a escola, mas que infelizmente se tornou inviável, pois só de inadimplência ela tem um milhão de reais. Dizia também que enterrou um filho ano passado e que foi a escola, com seus alunos, que impusionou-a para frente.

Quando li me senti muito mal. É uma sensaçåo estranha. Parece que alguém da minha família está doente… Mudei de casa para ficar perto do Marza, minha vida era em funçåo daquela escola, então quando eu soube que ia fechar, foi como se tirassem o chão dos meus pés. A escola marcou minha infância e a dos meus filhos.”