Texto porVinícius Carlos Vieira

7 Mitos sobre a Crítica de Cinema

Você talvez não saiba a posição das outras artes, mas com certeza já chamou o cinema de sétima arte.

E esse é seu poder: de ser a arte mais popular e a única que consegue usar todas outras como combustível de sua obra. E o que o crítico de cinema tem a ver com isso?

Antes de tudo, ele não está lá para ficar falando mal de nada, bem pelo contrário. De qualquer jeito, o que mais existe por aí são mitos e lendas que fazem com que o crítico de cinema se torne uma profissão tão odiada quanto atendente de telemarketing.

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Tudo bem, isso pode estar parecendo um exagero, mas acredite: assim que você sair de um filme achando que ele é o melhor da sua vida e der de cara com um crítico de cinema se esforçando pra falar que aquele filme é um porcaria, você também odiará ele.

Por isso, O Juicy Santos vai tentar passar a limpo alguns desses mitos e lendas e mostrar o quanto os críticos de cinema são criaturas dóceis e amáveis.

1 – O crítico de cinema não gosta de nada

A afirmação certa seria: “o crítico de cinema não gosta da maioria dos filmes que vê”, o que é uma verdade, mas também é uma opção. Enquanto você, cidadão comum, vê em torno de algumas dezenas de filme por ano, o crítico assiste algumas centenas e a grande verdade é que não são lançados no mercado algumas centenas de filmes bons por ano. E ver esse tanto de filme nos leva a uma segunda questão.

2 – O crítico só gosta de filme iraniano com alguém olhando para uma árvore

Isso é mentira. Por mais que, realmente venha do Irã algumas das melhores pérolas do cinema, muitas até sem árvores, sapatinhos ou silêncio. O problema é que o crítico vê tantos filmes que é como se ele desenvolvesse uma biblioteca maior de ideias, motivações, resoluções e surpresas. E quando isso começa a se repetir de tempos em tempos, sobra para os críticos serem surpreendidos apenas por quem tem liberdade para, realmente, ser inovador, e isso quase nunca vem movido por um caminhão de dinheiro, já que esses precisam atingir um público maior e, por isso, não podem ser tão “inovadores”.

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3 – Crítico não gosta de blockbuster

Gosta sim. Basta eles serem bons. Se você está reclamando que um crítico de cinema não gosta, por exemplo, de Transformers ou A Múmia, você precisa pensar melhor nas razões para gostar dos robôs do Michael Bay ou do Tom Cruise lutando com uma caveira.

4 – Crítico vê dois filmes ao mesmo tempo

Esse é o Rubes Ewald Filho, o resto de nós, pessoas normais, vê um filme de cada vez, como todo mundo.

5 – Se vocês estão falando mal, por que não vão lá e fazem melhor

Lá pelos anos 50, na França, Claude Chabrol, Jean-Luc Godard, François Truffault e mais um monte de amigos que escreviam na revista Cashier du Cinema, se juntaram para fazer filmes. O resultado disso foi a Nouvelle Vague, que ia contra o status quo do cinema naquela época e influenciou uma geração de cineastas que até hoje estão em atividade. Portanto, sim, o crítico se quiser faz melhor, ele só não quer.

6 – Sério isso? Vocês são pretensiosos a esse tanto?

Não, obviamente é uma brincadeira (ainda que o resto da história seja verdadeiro e o Glauber Rocha também tenha sido crítico de cinema). O que se deve entender é que o crítico de cinema não é um cineasta frustrado, até porque, a enorme maioria dos profissionais vem do jornalismo e tem o prazer nas palavras.

7 – Você não gosta desse filme, mas é sua opinião!

Sim, por isso está assinado em algum lugar. Não encare “A Crítica” como “Legião é meu nome, porque somos muitos”. Cada um é cada um. Cada opinião é única e nem tem pretensão de ser maior do que isso. Não existe uma luta e nem dois lados, “o do público e o da crítica”. Todo mundo está lá no cinema junto se divertindo.

O crítico, no final das contas, é um apaixonado tão profundo pelo cinema que tenta fazer disso sua profissão (ou pelo menos sua contribuição no mundo), portanto, antes de xingar a gente, lembre-se que somos apenas um bando de gente que ama o cinema mais do que tudo.

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